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sexta-feira, 19 de abril de 2024

O monopólio da rede Mercado Livre

MONOPÓLIOS CAPITALISTAS – Rede de empresas do Mercado Livre representam o domínio de um monopólio. (Foto: Reprodução)
Reinilson Câmara

SANTO ANDRE (SP) – Fundada em 1999, o Mercado Livre se tornou em Agosto de 2020 a empresa mais valiosa da América Latina, passando a mineradora Vale, e deixando para trás grandes empresas como Petrobrás, Itaú-Unibanco e Ambev.  A marca nasceu com a ideia de “ser a maior empresa de leilões online” para levantar a bandeira da democratização do dinheiro e do comércio, transformou-se em um grande monopólio. Possui como figura principal seu Fundador e CEO Marcos Galperin.

Em tempos de pandemia os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres. Prova disso é o crescimento exponencial da fortuna do bilionário Marcos Galperin fundador e CEO do Mercado Livre, que possui uma riqueza avaliada em 4.2 bilhões de dólares, nesse período sua riqueza cresceu em aproximadamente 72 milhões de dólares.

Nascido em 1971, Marcos Galperin, como todos grandes milionários, veio de uma família rica da Argentina. Sua família era dona da Sadesa, uma das maiores empresas produtoras de couro do mundo. Como resultado do nascimento em berço de ouro, o argentino sempre teve acesso à educação, após se formar no ensino médio, ele viajou para os Estados Unidos para estudar finanças na The Wharton School da University of Pennsylvania. Na universidade Marcos se tornou amigo de José Estenssoro, filho do presidente da YPF, petrólifera estatal argentina. Essa amizade lhe garantiu o primeiro emprego depois de formado.

Em 1997 Marcos Galperin retorna aos Estados Unidos para fazer MBA pela Universidade de Stanford, durante a universidade funda o Mercado Livre, e com ajuda do seu  professor de finanças, Jack McDonald, tornou-se amigo de vários investidores. Logo depois da sua fundação o Mercado Livre recebeu financiamento das empresas JPMorgan, Flatiron Partners, Hicks Muse Tate, Goldman Sachs, GE Capital e Banco Santander.

Atualmente, Marcos Galperin é o homem mais rico da Argentina e um dos homens mais ricos do mundo. A expansão da fortuna do bilionário argentino se deve ao crescimento do Mercado Livre, no momento empresa mais valiosa da América Latina. No começo de agosto, a companhia ultrapassou a Vale, Petrobras e Itaú Unibanco de acordo com levantamento da Economatica. Mas de onde vem todo esse dinheiro?

No livro Imperialismo, fase superior do capitalismo, Lenin traz o conceito de integração, isto é, a reunião de única empresa de diferentes ramos da indústria que possam abranger fases sucessivas da produção. A integração faz com que a empresa possua taxa de lucros cada vez maiores, elimina a concorrência e quebre empresa dos setores envolvidos no processo produtivo. O Mercado Livre faz exatamente isso, ou seja, controla todas as etapas do processo de compra e venda das mercadorias. Primeiramente, com o Mercado Crédito a empresa empresta dinheiro tanto para compradores quanto para vendedores. Além de oferecer a opção de parcelamento de compras, com juros abusivos, sem o cartão de crédito por meio de boletos gerados na própria plataforma. No período da pandemia o valor dos empréstimos já passam da casa dos USD$600 milhões.

Com a estrutura do Mercado Envios a empresa consegue controlar todo o esquema de distribuição e preço do frete. Seja em parceria com os Correios, seja através das mais de 70 empresas terceirizadas que compõem a malha logística da empresa, o Mercado Envios lucra e muito para entregar o produto em 24h. Vale destacar que dentro dessas empresas terceirizadas os entregadores são altamente explorados, não contando com estruturas mínimas de trabalho, baixas remunerações por entregas, sendo que muitos chegam a fazer entregas utilizando seu veículo próprio. Aproveitando o governo entreguista do fascista Bolsonaro, o Mercado Livre já estuda fazer uma oferta de compra da empresa estatal Correios.

O Mercado Livre é mais um exemplo do funcionamento do sistema capitalista e da ideologia da internet democrática, que vende a ilusão do livre mercado, da meritocracia, além da ampla concorrência. Mas que na prática ocorre a concentração de capital e consolidação dos monopólios sem nenhum controle do Estado. Processo que leva a um aumento dos lucros, a uma maior acumulação, ao desemprego e à precarização do trabalho. Seja fechando os pequenos comércios, fechando postos de trabalho, lucrando com a exploração dos entregadores, lucrando com juros abusivos a compradores e vendedores, o Mercado Livre representa um sistema em que um pequeno grupo de pessoas ficam cada vez mais ricos às custas da miséria de grande parte da população.

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  1. Vou engajar aqui com uma opinião contrária ao artigo. Acredito que não tenha problema.

    A dificuldade para uma pessoa sem instrução alcançar 0,5% do que o Mercado Livre se tornou é real. Romper classes sociais não é uma tarefa fácil quando somos mal orientados. Acredito que a política favorece e se beneficia da ignorância e alienação das pessoas.

    Vejo, por fim, o artigo como uma opinião válida contra o sistema atual, todavia tenho convicção que o autor não conhece o desenvolvimento recente da China que passou por transformações agressivas no mesmo mercado que o Mercado Livre atua no Brasil.

    Empresas desse segmento na China provocaram avanços significativos no desenvolvimento econômico em diversas províncias, recomendo que procurem a história do Alibaba e empresas semelhantes.

    As empresas que ousam inovar são as que dominam o mercado, no Brasil essa é a realidade onde o Mercado Livre é o grande player. Nos Estados Unidos a Amazon, na China outro player e assi por diante. Essa é uma regra do capitalismo. Consequentemente cada vez mais temos inovação e concorrência. Resultado em mais qualidade na entrega do serviço.

    O governo Chinês em determinado momento da história recente não supria as necessidades do povo, não havia infraestrutura para os empreendedores servirem a população As empresas de segmentos como o do mercado livre providenciaram reformas e melhorias na comunidade. Consequência disso? Progresso e prosperidade.

    O Mercado Livre tem que crescer e quanto mais isso acontecer os demais players do mercado também crescem. Temos a shopee, magazine luiza, amazon, americanas, os principais marketplaces do BRASIL.

    Não se trata de monopólio algum, a cadeia de fornecimento é eficiente e no ambito administrativo é uma excelente prática para diminuir custos e servir melhor os clientes.

    O governo deveria aprender com essas empresas.

    No meu entender o problema está na baixa educação do nosso povo.

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