Por Amanda Bispo
Pré-candidata a prefeita de Mauá
Após quatro meses de frota reduzida, os ônibus municipais da cidade de Mauá voltaram a circular normalmente nesta segunda-feira (31). Esta é uma vitória para as trabalhadoras e trabalhadores mauaenses, moradores das periferias, que dependem do uso do transporte público e não tiveram a alternativa de ficar em casa nos últimos meses. Esses munícipes desde o início da pandemia vêm se expondo ao risco de serem contaminados pelo novo coronavírus utilizando um transporte público lotado, resultado da escolha da prefeitura pela redução da frota e o aumento do lucro da empresa responsável pelo serviço na cidade.
Essa conquista do povo trabalhador se deu após uma reunião convocada pela prefeitura de Mauá com a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) no dia 21 de Agosto posterior a perseguição e ameaças sofridas por militantes da UP ao realizar ações de denúncia do descaso da prefeitura com a saúde da população, como com o fechamento do único hospital de campanha da cidade de Mauá. No dia 27 de agosto, 1 semana após a reunião, poder público protocolou um documento exigindo que a empresa que presta o serviço de transporte municipal retornasse com a frota normal.
Nesta reunião com a prefeitura de Mauá a Unidade Popular apresentou uma série de preocupações com relação a situação da população debaixo da pandemia. Ainda apresentamos uma série de ações que consideramos necessárias para o momento atual: retorno ao rodízio normal da frota de ônibus municipal; reabertura imediata do Hospital de Campanha; testagem em massa da população para a COVID-19; disponibilização da vacina da gripe em todas as UPAs e UBS da cidade; cancelamento imediato da volta às aulas presenciais dos cursos ligados às Oficinas Culturais e ao esporte; e garantia dos equipamentos de proteção contra a COVID-19 a todos os servidores públicos. No dia 28, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) lançou carta em resposta às reivindicações da Unidade Popular com relação ao enfrentamento a pandemia na cidade que segue anexo a esta matéria.
Mauá foi a última cidade do ABC Paulista a retornar com a frota completa de ônibus mesmo o comércio funcionando normalmente na cidade desde o mês de junho. Uma moradora nascida e criada em Mauá há 52 anos com quem pudemos conversar no terminal de ônibus há algumas semanas relatou que: “Eu estou aqui há quase 1h esperando o ônibus mesmo tendo três possibilidades de ônibus para pegar para voltar para casa. Esta assim desde o começo da pandemia.”. Independente do bairro em que se more em Mauá, todos os ônibus tinham essa mesma demora de circulação.
Durante a pandemia vimos uma série de medidas tomadas pelos governantes que na verdade visavam defender os interesses dos ricos, dos grandes empresários e dos grandes banqueiros do nosso país. A frota de ônibus reduzida na cidade de Mauá é um exemplo dessas medidas. Segundo trabalhador motorista de ônibus na cidade os ônibus não tinham voltado ainda a circular porque: “Estava sendo lucrativo para a empresa que presta o serviço. Ela só está com parte dos trabalhadores em rodízio, pagando apenas uma porcentagem dos salários dos funcionários. E ainda tem muito menos gastos muito que antes, já que o ônibus roda menos, gasta menos combustível, tem menos manutenção etc”.
A situação poderia ser ainda pior, desde o início das medidas de isolamento e distanciamento social devido ao novo coronavírus uma das ações tomadas pelas prefeituras foi a redução da frota de ônibus municipais. As prefeituras do ABC inicialmente aprovaram uma paralisação total da frota para o dia 29 de Março mas após pressão popular o Consórcio Intermunicipal do ABC decidiu trabalhar com o funcionamento de 50% da frota nos horários de pico e 30% nos demais horários.
Desde o início da pandemia o pobre, preto, das periferias, as mulheres foram deixadas a própria sorte em nossa cidade. Frente a essa situação o povo indignado com a realidade que tem vivido se organiza cada vez mais para lutar por seus direitos. O retorno da frota completa de ônibus é uma das vitórias que nos evidenciam na prática como quem luta conquista, quem se organiza têm vitórias quando se está na luta popular organizada. E que nossa luta não para mediante a essa conquista, só nos motiva a continuar organizados para reivindicar e construir, a partir de quem usa esse serviço, uma melhoria de fato onde o lucro de uma empresa não seja prioridade e sim deslocamento das pessoas dentro da sua cidade e o acesso a outras cidades que nos são negados.
VEJA A RESPOSTA DA PREFEITURA DE MAUÁ ÀS REIVINDICAÇÕES DA UNIDADE POPULAR: