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domingo, 10 de novembro de 2024

Marsha P. Johnson: símbolo e exemplo na luta pelos direitos LGBTs

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Marsha P. Johnson participou ativamente dos protestos decorrentes da Batalha de Stonewall. Foto: Reprodução / apl

Por Guilherme Brasil

Uma das maiores ativistas dos direitos LGBTs no mundo. Marsha P. Johnson deve ser conhecida por todos que lutam por uma nova sociedade igualitária e justa.

Marsha nasceu em 24 de Agosto de 1945 em Nova Jersey nos EUA, mulher trans, negra e pobre, em 1963 decidiu se mudar para Nova York com o pouco que tinha para tentar a vida com mais dignidade, trabalhando em restaurantes e no meio artístico.

Não se rendeu a violência policial, em 28 de junho de 1969, não aceitou mais uma invasão da polícia ao Bar Gay Stonewall Inn, que periodicamente violentava e prendia injustamente as pessoas que ali frequentavam. Foi das primeiras a iniciar a resistência violenta contra a ação da polícia, que durou seis dias de confronto e hoje é conhecida como a Batalha de Stonewall¹. A partir desse momento Marsha se destacou com uma das lideranças do movimento LGBT.

Participou ativamente dos protestos decorrentes da Batalha de Stonewall, como a Primeira Parada do Orgulho². Fundou junto de diversos outros integrantes a Frente de Libertação Gay e, junto de sua grande amiga Sylvia Rivera, criou a STAR – Ação Revolucionária das Travestis de Rua (Street Transvestite Action Revolutionaries).

A STAR, com Marsha e Sylvia a frente, realizavam manifestações em defesa dos direitos das LGBTs, organizavam visitas às prisões e instituições de saúde mental, denunciando maus tratos e lutando contra as prisões arbitrárias. Sua sede servia como abrigo à jovens trans e travestis sem teto e marginalizadas e, mesmo com pouco, ofertava comida e roupa para quem tinha necessidade. Ainda travavam um debate dentro da comunidade contra a discriminação racial e de gênero, além do combate à quem usava a pauta para lucrar.

Marsha P. Johnson em Nova Iorque. Foto: Reprodução / apl

Marsha P. Johnson travava com muita audácia, alegria, generosidade e solidariedade a batalha pela sobrevivência de sua comunidade e também pela sua sobrevivência, que como grande parte das travesti, por falta de possibilidade de trabalho, teve de se prostituir. Após o término de STAR, iniciou seu ativismo na luta contra a Aids que durou até o final de sua vida.

Dias após a Marcha do Orgulho, 6 de Julho de 1992, seu corpo foi achado no rio Hudson, levado pela polícia que sem investigação profunda declarou com caso de suicídio. Diversas manifestações de rua foram organizadas pela comunidade exigindo que as autoridades investigasse o crime, que existia suspeita de ser assassinato. Até hoje seu caso não foi investigado e solucionado, sua morte segue sendo ignorada pelo Estado.

Lutava contra a discriminação, por moradia, por emprego, contra a violência do Estado. Lutava pela igualdade, pela liberdade, pelo poder ao povo, por uma revolução social.

O descaso do Estado com sua morte no passado reflete o desprezo as vidas trans e travesti de hoje no mundo todo. Mas Marsha P. Johnson não está morta, seu sangue corre nas veias de todo LGBT que luta por uma transformação social.

É responsabilidade de cada um que levanta a bandeira do orgulho conhecer a história de Marsha, seguir seu exemplo de organização e honrar sua vida e morte, que não foi em vão!

Segue abaixo sugestão de documentários para conhecer mais sobre Marsha P. Johnson:

– A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson

– Pay It No Mind – The Life and Times of Marsha P. Johnson

¹ Leia “Os 50 anos batalha de Stonewall” no site do Jornal A Verdade (28 de Junho de 2019)

² No dia 1º de Julho de 1970 aconteceu a manifestação do Dia da Libertação Gay da Rua Christopher que hoje é considerada a Primeira Parada do Orgulho Gay.

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