Em coletiva de imprensa virtual, realizada na manhã da última quinta-feira (17), o Sindicato dos Metroviários de São Paulo anunciou um estado de greve em função da crescente precarização dos postos de trabalho no metrô, redução de quadros de funcionários e desenfreada terceirização.
André Molinari
SÃO PAULO – Na coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira, 17, foi relatado que durante a semana o Sindicato chamou uma assembleia de trabalhadores para debater o conjunto de ataques realizados contra a categoria dos metroviários, à exemplo da recente campanha salarial dos metroviários, que lutaram contra a redução de seus salários chamando uma greve. Uma assembleia que reuniu quase mil trabalhadores decidiu decretar um estado de greve e aprovaram uma série de mobilizações, com uso de adesivos, coletes e realização de manifestações nas estações. Uma das bandeiras do estado de greve, somada às próprias necessidades e demandas específicas da categoria, é a luta pela vacinação contra a Covid-19 para a população.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo continuou com uma série de ataques contra a categoria. O coordenador-geral do Sindicato, Wagner Fajardo, lista alguns destes ataques: a entrega das bilheterias para empresas privadas, realizando a terceirização da bilhetagem; o desligamento irregular de mais de 100 trabalhadores da manutenção e da operação; redução de quadro de funcionários e falta de contratação; más condições de trabalho;
Sobre as terceirizações das bilheterias, o coordenador do Sindicato, Wagner Fajardo, afirmou: “a intensificação da entrega das bilheterias para a iniciativa privada, com a terceirização dessas bilheterias. Uma terceirização que, na nossa opinião, é criminosa, que além de retirar direitos dos metroviários que trabalham nas bilheterias, o Metrô também precariza uma condição de trabalho de forma brutal porque os trabalhadores que vão para as bilheterias terceirizadas não têm nenhum direito. Muitos não têm direito nem à refeição, não têm direito a nenhum tipo de benefício, cesta básica, vale-transporte; tudo isso é muito vilipendiado [desprezado] pelas empresas terceirizadas. E o mais grave de tudo isso é que, além de pagar baixíssimos salários para os trabalhadores, essa terceirização é muito mais cara para o Metrô [..], o contrato que a gente pegou da última licitação que foi feita, que a gente inclusive tentou barrá-la na justiça, demonstra que a terceirização sai muito mais cara para o Metrô do que se tivesse contratado mais trabalhadores e estivesse pagando o salários dos metroviários, e esse é o primeiro grande ataque.”
Sobre às demissões Wagner colocou: “o segundo grande ataque que nós sofremos neste período foi que o Metrô, de forma completamente ilegal, na nossa opinião, e imoral – que nós estamos questionando judicialmente inclusive – desligou, sem direito à nada, mais de 100 trabalhadores da manutenção e da operação (os companheiros principalmente da segurança), mas principalmente, a maior parte deles, 95% [das demissões foram] de trabalhadores da manutenção, são técnicos especializados com mais de 30 anos de Metrô e que foram demitidos como se tivessem sido demitidos por justa causa, porque não receberam nenhum direito, nenhuma verba rescisória, foi feito um desligamento como se eles tivessem cometido algum crime.”
Os coordenadores ainda afirmaram que procuram fazer a luta e denúncias junto aos movimentos populares, denunciaram a postura da empresa responsável pela administração das Linhas 4 e 5 em relação aos trabalhadores, afirmaram que estão realizando atividades de solidariedade com os trabalhadores demitidos, além do apoio jurídico.