UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Povo venezuelano repudia direita golpista nas urnas

Outros Artigos

Eleição foi realizada com medidas de proteção contra a COVID-19. Foto: Europa Press.

Por Felipe Annunziata

INTERNACIONAL – Debaixo de um criminoso bloqueio econômico imposto pelos EUA e União Europeia, mais de 6 milhões de venezuelanos foram às urnas no último domingo (06/12) para eleger a nova Assembleia Nacional. Participaram do processo mais de 14 mil candidatos de 107 partidos e organizações políticas diferentes.

O comparecimento foi considerado baixo, em torno de 30% dos eleitores, embora não tenha sido o mais baixo da história. Isso se deve principalmente às dificuldades impostas pelo bloqueio, que vem destruindo a indústria petroquímica venezuelana, principal fonte do PIB do país. Ainda assim, a aliança “Grande Polo Patriótico” saiu vitoriosa do processo eleitoral com 68,43% dos votos. A coligação liderada pelo PSUV, de Nicolás Maduro, elegeu a maior parte dos deputados da Assembleia.

O resultado acaba com quatro anos de gestão da oposição marcados por diversas tentativas de golpes de Estado lideradas pelo ex-presidente da assembleia Juan Guaidó, que chegou, inclusive, a se autoproclamar presidente da República sem qualquer legitimidade para isso.

Segundo Pedro Batista, observador brasileiro nas eleições venezuelanas, em entrevista ao jornal A Verdade, existe “um quadro em que se aprofunda a pressão imperialista para derrotar o governo bolivariano. Há um recrudescimento do bloqueio econômico, falta combustível, pois não há insumos para o refino do petróleo. No dia da eleição podia-se ver longas filas de automóveis para abastecimento. Não há voos para Caracas dos países da região, a própria Conviasa, empresa aérea venezuelana, está proibida de tirar seus aviões do solo pelo organismo internacional de aviação. O salário mínimo é muito baixo. Por outro lado, a organização popular das comunas em todo o país segue forte, o que se refletiu no resultado da eleição”.

Foto da tela da urna com os partidos que disputaram a eleição nacionalmente. Na Venezuela partidos de caráter regional, além de organizações indígenas também participam das eleições. Foto: VTV

Partidos golpistas se uniram com imperialismo para atrapalhar processo eleitoral

Logo que saíram os primeiros resultados, os Estados Unidos e a União Europeia trataram de não reconhecer o processo. Os setores políticos liderados por Guaidó tentaram puxar um boicote. No entanto, nenhuma dessas ações conseguiu tumultuar o processo eleitoral que transcorreu com tranquilidade. Ainda assim, a eleição contou com a participação da maioria dos setores de oposição, que reconheceu os resultados das urnas.

Segundo Pedro Batista, “a oposição não aceita as mudanças que estão em curso no país, iniciadas com a eleição de Hugo Chávez, em 1998. A oposição liderada por Guaidó e Leopoldo Lopes atua segundo a orientação e ordem dos EUA. Eles não querem a pacificação do país, buscam retomar o controle do petróleo e do Estado, para que retomem a velha política oligárquica e contra os interesses populares. Guaidó e Lopes são agentes do imperialismo contra a Venezuela. Mas o fundamental foi que uma parte da oposição, a maioria, participou e reconheceu o processo eleitoral”.

Retomada da Assembleia Nacional abre novos desafios para os venezuelano

Agora, com a retomada da Assembleia Nacional, o governo Maduro ainda tem muitos desafios pela frente. Nada indica que os ataques golpistas orientados pelo imperialismo cessarão. Por outro lado, há questões que precisam ser superadas, como a dependência da economia do petróleo, bem como um enfrentamento mais direto aos interesses das oligarquias e da burguesia venezuelanas.

Pedro Batista acredita que os esforços do governo bolivariano também vão nesse sentido, elencando ainda a necessidade dos esforços de solidariedade internacional com a luta do povo venezuelano. “[Os objetivos] deve ser retornar a produção industrial e agrícola no país, garantir que a população tenha assegurada a satisfação de suas necessidades elementares, para isso o apoio internacional, a solidariedade tem grande significado, pois animará a organização popular, cívica e militar, a seguir em marcha com a revolução bolivariana. O governo precisará manter a mobilização permanente, a defesa em alerta e estar preparado para os ataques que continuarão”.

Colaborou para esta matéria Adrian Santos (RJ).

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes