Maradona sempre defendeu os oprimidos

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AMÉRICA LATINA – Fidel Castro e Diego Maradona em Havana, Cuba. (Foto: Reprodução/Arquivo)
Rafael Pires

JOÃO PESSOA (PB) – Diego Armando Maradona, o genial jogador argentino, faleceu aos 60 anos no dia 25 de novembro, mesmo dia da morte do comandante Fidel Castro (quatro anos antes), de quem era grande admirador.

De origem pobre, ascendeu dos campinhos de várzea ao futebol profissional aos 15 anos de idade no Argentinos Juniors e, aos 18, já estava presente na seleção nacional, na época campeã mundial.

Após se transferir para a Europa, passou pelo Barcelona, da Espanha, e levou o então pequeno Napoli, do Sul da Itália, a títulos no futebol italiano e continental. Mas, sem dúvidas, foi com a camisa da seleção argentina, no ano de 1986, na Copa do Mundo do México, que escreveu seu nome na história do futebol mundial, conquistando o bicampeonato após partidas memoráveis.

Derrotar a seleção da Inglaterra nas quartas de final será para sempre lembrado, não apenas pelos seus dois gols, o primeiro com a “mão de Deus” e o segundo sendo o mais espetacular gol de todas as Copas, mas por representar uma simbólica vitória da Argentina poucos anos após a Guerra das Malvinas, com a perda de território nacional para a Inglaterra.

Sua identidade latino-americana aproximou o craque de diversos líderes e governos progressistas no continente, em especial de Fidel Castro e Hugo Chávez. Ele sempre se manteve identificado com nosso continente. Foram inúmeras as visitas a Cuba e os registros com o comandante da Revolução. Em 1987, Maradona visitou Havana e conheceu Fidel pessoalmente. Diego sempre sustentou que Fidel era um segundo pai para ele e condenou as posturas hostis dos governos estadunidenses contra a Revolução Cubana.

Mesmo com uma carreira vitoriosa e reconhecimento mundial, Maradona foi derrotado pela dependência química. Teve abreviado seu período dentro dos campos, conviveu por anos com clínicas de reabilitação e os efeitos devastadores da cocaína e do álcool. Sem conseguir se livrar das drogas, sucumbiu nesse dia tão simbólico. Maradona foi um gênio em sua trajetória dentro do campo, simbolizando a Argentina e seu povo, para quem ele será eternamente D10S.


Em homenagem a Maradona, e para a reflexão de todos os nossos leitores e leitoras em meio à pandemia da Covid-19, o Jornal A Verdade publica um dos artigos de Fidel Castro publicado no jornal Granma em 2013.

“O que me move a escrever é o fato de que estão para ocorrer acontecimentos graves. Não transcorrem em nossa época 10 ou 15 anos sem que nossa espécie corra perigos reais de extinção. Nem Obama nem ninguém poderia garantir outra coisa; digo isto por realismo, já que somente a verdade nos poderia oferecer um pouco mais de bem-estar e um sopro de esperança. Em matéria de conhecimentos, chegamos à maioridade. Não temos direito a enganar nem a nos enganarmos.

Em sua imensa maioria, a opinião pública conhece bastante sobre o novo risco que está às suas portas.

Não se trata simplesmente de que os mísseis de cruzeiro apontem para objetivos militares da Síria, mas que esse valente país árabe, situado no coração de mais de um bilhão de muçulmanos, cujo espírito de luta é proverbial, declarou que resistirá até o último alento a qualquer ataque a seu país.

Todos sabem que Bashar al Assad não era político. Estudou medicina. Graduou-se em 1988 e se especializou em oftalmologia. Assumiu um papel político com a morte de seu pai, Hafez al Assad, no ano 2000 e depois da morte acidental de um irmão, antes de assumir aquela tarefa.

Todos os membros da Otan, aliados incondicionais dos Estados Unidos e uns poucos países petroleiros aliados ao império naquela região do Oriente Médio, garantem o abastecimento mundial de combustíveis de origem vegetal, acumulados ao longo de mais de um bilhão de anos. Em contrapartida, a disponibilidade de energia procedente da fusão nuclear de partículas de hidrogênio, tardará pelo menos 60 anos. A acumulação dos gases de efeito estufa continuará, assim, crescendo a elevados ritmos e após colossais investimentos em tecnologias e equipamentos.

Por outro lado, afirma-se que em 2040, em apenas 27 anos, muitas tarefas que a polícia realiza hoje, como impor multas e outras tarefas, seriam realizadas por robôs. Imaginam os leitores quão difícil será discutir com um robô capaz de fazer milhões de cálculos por minuto? Na realidade era algo inimaginável há alguns anos.

Há apenas algumas horas, na segunda-feira, 26 de agosto, notícias das agências clássicas, bem conhecidas por seus serviços sofisticados aos Estados Unidos, dedicaram-se a difundir a informação de que Edward Snowden teve que se estabelecer na Rússia porque Cuba tinha cedido às pressões dos Estados Unidos.

Ignoro se alguém em algum lugar disse algo ou não a Snowden, porque essa não é minha tarefa. Leio o que posso sobre notícias, opiniões e livros que são publicados no mundo. Admiro o que há de valente e justo das declarações de Snowden, com o que, a meu juízo, prestou um serviço ao mundo ao revelar a política repugnantemente desonesta do poderoso império que mente e engana o mundo. Com o que eu não estaria de acordo é que alguém, quaisquer que fossem os seus méritos, falasse em nome de Cuba.

A mentira tarifada. Quem a afirma? O diário russo “Kommersant”. O que é esse libelo? Segundo explica a própria agência Reuters (o diário cita fontes próximas ao Departamento de Estado norte-americano): “o motivo disso foi que no último minuto Cuba informou às autoridades, que impediram que Snowden tomasse o voo da companhia aérea Aeroflot”.

Segundo o jornal, “[…] Snowden passou um par de dias no consulado russo de Hong Kong para manifestar sua intenção de voar para a América Latina, via Moscou”.

Se eu quisesse, poderia falar destes temas sobre os quais conheço amplamente.

Hoje observei com especial interesse as imagens do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, durante sua visita ao navio principal do destacamento russo que visita a Venezuela depois de sua escala anterior nos portos de Havana e da Nicarágua.

Durante a visita do presidente venezuelano ao navio, várias imagens me impressionaram. Uma delas foi a amplitude dos movimentos de seus numerosos radares capazes de controlar as atividades operacionais da embarcação em qualquer situação que se apresente.

Por outro lado, indagamos sobre as atividades do jornal mercenário “Kommersant”. Em sua época, foi um dos mais perversos veículos de imprensa a serviço da extrema direita contra revolucionária, a qual se aproveita do fato de que o governo conservador e lacaio de Londres envie seus bombardeios à base aérea no Chipre, prontos para lançar suas bombas sobre as forças patrióticas da heroica Síria, enquanto no Egito, qualificado como o coração do mundo árabe, milhares de pessoas são assassinadas pelos autores de um grosseiro golpe de Estado.

É nesse clima que se preparam os meios navais e aéreos do império e de seus aliados para iniciar um genocídio contra os povos árabes.

É absolutamente claro que os Estados Unidos sempre trataram de pressionar Cuba, como faz com a ONU ou qualquer instituição pública ou privada do mundo, uma das características dos governos deste país, e não seria possível esperar de seus governos outra coisa; mas não é vão que há 54 anos se resiste defendendo sem trégua – e o tempo adicional que for necessário –, enfrentando o criminoso bloqueio econômico do poderoso império. Nosso maior erro é não termos sido capazes de aprender muito mais em muito menos tempo.”