Nas últimas semanas foram organizadas diversas panfletagens em diferentes partes da cidade com intuito de informar a população sobre o aumento. Fruto da pressão, a SuperVia foi obrigada a suspender o reajuste nos trens por pelo menos 20 dias. Mesmo assim, mobilização continua.
Por Lucas Peruzzi
Rio de Janeiro
RIO DE JANEIRO – Em meados de janeiro, a SuperVia, concessionária que opera o serviço de trens urbanos na região metropolitana do Rio de Janeiro, informou que a partir do dia 2 de fevereiro o preço das passagens dos trens sairia de R$ 4,70 para R$ 5,90, um aumento de 25%. A principal justificativa para tal medida abusiva seria a redução do número de passageiros durante os meses de 2020 devido à pandemia de Covid-19.
“Nenhuma proposta de melhoria na frota dos trens sucateados, nem em seus itinerários e rotas irregulares e insuficientes foi apresentada pela empresa. Em meio à uma grave crise econômica que afeta, principalmente, os trabalhadores, aumentar a tarifa é um grave ataque ao bolso dos cariocas”, critica Ruan Vidal, presidente da Associação dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (AERJ).
Para evitar uma revolta popular, a SuperVia tem feito de tudo para abafar a notícia do aumento, fazendo com que muitas das pessoas que diariamente utilizam os trens para conseguir ter acesso ao centro da cidade e ao local de trabalho não tenham ciência do reajuste da tarifa.
Ao contrário do que é dito pela concessionária, a maioria dos usuários dos trens urbanos no Rio de Janeiro não pode parar de trabalhar, nem nos momentos mais difíceis da pandemia, pois muitos são autônomos, foram obrigados a continuar trabalhando ou prestam algum tipo de serviço essencial. Mesmo os trabalhadores que ficaram desempregados durante a pandemia precisaram sair de casa para garantir a comida na mesa e o pagamento das contas.
Contra o aumento
Diante do aumento da passagem, vários movimentos começaram a se articular para impedir o reajuste. A Unidade Popular pelo Socialismo (UP), partido que se legalizou com milhares de apoios dos trabalhadores que utilizam os trens que partem e chegam da Central do Brasil todos os dias, tem tido destaque nessa articulação e na mobilização das denúncias contra a ação da SuperVia.
Nas últimas semanas foram organizadas diversas panfletagens, em conjunto com outras organizações e coletivos, em diferentes partes da cidade com intuito de informar a população sobre esse golpe. Fruto dessa pressão, a SuperVia foi obrigada a suspender o aumento por pelo menos 20 dias.
Ontem (01/02), uma manifestação em frente à AGETRANSP e à Central do Brasil fortaleceu a mobilização popular contra o aumento e a pressão sobre a empresa. Alguns dos portões da Central foram fechados, revelando o medo da SuperVia da revolta da população. “O movimento contra o aumento segue até a conquista da suspensão definitiva desse aumento abusivo”, defende Ruan. Para o presidente da AERJ, novas mobilizações estão previstas para as próximas semanas.