Ocupação Paulo Freire: Um mês de luta e resistência

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OCUPAÇÃO – Ocupação em Pernambuco marca o nome do patrono da educação brasileira. (Foto: Reprodução/Fotografia Ativista)
“O nascimento da ocupação deixa evidente o cansaço da população jaboatonense com a falta de políticas de habitação por parte do município.”
Taylinne Barret

JABOTÃO DOS GUARARAPES (PE) – A ocupação Paulo Freire completou nessa quarta-feira (10) um mês de muita combatividade, luta e resistência. Fruto da organização do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), a ocupação vem desenvolvendo durante essas quatro semanas atividades artísticas, culturais, cines-debates e palestras com o intuito de tornar o espaço cada vez mais participativo e cumprindo um papel de suma importância na formação critica dos moradores.

A ocupação abriga cerca de 400 famílias que acreditam que o direito á moradia, direito esse assegurado pelo artigo 6º da Constituição Federal de 1988, precisa ser garantido de fato. O nascimento da ocupação deixa evidente o cansaço da população jaboatonense com a falta de políticas de habitação por parte do município. Para Davi Lira, Coordenador Nacional do MLB, a ocupação é uma forma organizada das famílias sem teto lutarem para garantirem uma moradia digna: “A ocupação não é um problema, o problema é centenas de pessoas precisarem ocupar um prédio abandonado por não ter onde morar”.

Segundo Lucas Paes, Integrante da Coordenação do MLB Pernambuco, os objetivos da ocupação, para além da luta pela moradia, é proporcionar durante todo o período de ocupação discussões que possam acarretar na consciência das famílias, principalmente as discussões relativas à garantia dos direitos mínimos como educação, saúde, saneamento básico e etc. Paes também comentou sobre a construção de um espaço voltado para acolhimento das crianças na ocupação, esse espaço têm sido construído através de doações da população e já conta com livros didáticos e brinquedos.

Em entrevista, Natália Lúcia, Coordenadora Nacional do MLB e Coordenadora Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario, explicou a importância da participação das mulheres nas ocupações, para ela além das mulheres serem maioria dentro das ocupações são elas quem cria as condições para a luta continuar.

“A falta de moradia é uma realidade nas grandes cidades do Brasil e toda e qualquer área que não cumpri uma função social precisa ser urgentemente ocupado por aqueles e aquelas que constroem a riqueza desse país, ocupar é um ato legitimo. Só será possível acabar com o déficit habitacional com uma profunda transformação social” – concluiu Kleber Santos, Coordenador Nacional do MLB.

Para os moradores e moradoras da ocupação março se inicia nutrido de muita luta e resistência, e apesar da circunstância diante dessa pandemia e desse governo antipovo há muito que se comemorar, a organização e a luta dessas famílias que ocuparam no ultimo mês um prédio abandonado a poucos passos da prefeitura de Jaboatão, do lado de uma delegacia e em um prédio que tinham como função garantir justiça social, prova que só a luta popular e a organização do povo pobre do nosso país será capaz de garantir a transformação que essa sociedade precisa. E como diria Edson Gomes “A luta não acabou, e nem acabará, só quando a liberdade raiar!”