João Coelho
SÃO PAULO – Segundo pesquisa de dezembro de 2020 da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), mais da metade dos brasileiros e brasileiras, 116,8 milhões de pessoas, não tem acesso suficiente à comida, se alimentando em quantidade e/ou qualidade insuficiente.
O índice de pessoas que passam fome, 9% da população, ou não comem o suficiente, 20,5%, é o maior desde o ano de 2004 e subiu de maneira assustadora desde 2018, ano em que Bolsonaro venceu as eleições para Presidente da República. De fato, em apenas dois anos sob o comando do ex-capitão, o número de pessoas passando fome no Brasil dobrou.
Apesar de a crise atual atingir toda a classe trabalhadora, a pobreza extrema alcança com maior incidência mulheres moradoras das periferias das grandes cidades, chefes de família, negras e com baixa escolaridade. O índice de insegurança alimentar, ou seja, a incerteza das famílias se terão ou não comida suficiente na mesa, ainda é maior no Norte e Nordeste, atingindo 60% e 70% dos lares respectivamente, frente à média nacional de 55%. Do outro lado, o lado de quem não trabalha mas vive na riqueza, 11 novos capitalistas se tornaram bilionários no Brasil no último ano em meio à disseminação da fome, com destaque para os magnatas do mercado financeiro que são 8 dos novos super ricos.
O quadro assustador apontado pela pesquisa, na realidade, deve ser ainda pior, uma vez que os dados foram coletados quando muitas famílias estavam recebendo o Auxílio Emergencial de R$300,00, que foi cortado pelo Governo Bolsonaro em dezembro e será retomado nesse mês com um valor menor e para menos famílias.
Usenir, aposentada de 67 anos, moradora do Jd. São Vicente, Zona Leste de São Paulo, e uma das brasileiras chefe de família que está na estatística da fome no país, desabafou ao Jornal A Verdade: “O que eu arrumo só da pra pagar aluguel, não da pra comer duas vezes ao dia. Tem vezes que eu como, tem vezes que não. Criei cinco filhos e agora não posso ajudar nenhum, porque todo o meu dinheiro vai para o aluguel”.
A crise sanitária e econômica no Brasil se aprofunda cada dia mais e, com um Presidente incompetente e fascista, dirigindo um genocídio contra o povo brasileiro, somado à ganância dos capitalistas, que continuam atrasando ou reduzindo salários, demitindo trabalhadores e aumentando o preço dos aluguéis, dos remédios e dos alimentos no país, a saída dessa situação depende cada dia mais de um grande levante da classe trabalhadora em defesa de sua vida.