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quinta-feira, 28 de março de 2024

O caráter do trabalho no regime capitalista

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DESEMPREGO – No sistema capitalista, o desemprego é uma necessidade para manter salários baixos. (Foto: Reprodução/José Cruz)
“Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário para as pessoas poderem arcar com o mínimo que deveriam ter acesso deveria ser R$5.403,00; o salário mínimo atual no Brasil é de R$1.100,00.”
Maria Karolina
União da Juventude Rebelião

SALVADOR (BA) – Sabemos que, hoje em dia, se perguntarmos a alguém qual é a sua parte favorita da rotina, dificilmente essa pessoa irá responder que é trabalhar. Ou então, se perguntarmos a alguém qual é a parte mais difícil de sua rotina, provavelmente essa pessoa irá responder que é trabalhar. Esse caráter do trabalho no regime capitalista não é coincidência, é projeto. De acordo com Marx, o trabalho, em si, é o maior feito do ser humano, pois é através dele que podemos transformar o mundo e exercer o poder criativo que o cérebro humano é capaz de ter.

Porém, na sociedade capitalista há a distorção dessa natureza do trabalho e ele se torna algo maçante, cansativo, algo em que a pessoa só se reconhece enquanto indivíduo fora dele. E isso não é por menos, pois o trabalho é utilizado pelos grandes capitalistas como maneira de exploração da classe trabalhadora para obter lucro em benefício próprio, não importando sobre quais condições esses trabalhadores estão inseridos.

Nós, a classe trabalhadora, temos uma longa jornada de trabalho. Longa justamente para enriquecer os capitalistas, que tiram proveito desse trabalho e ainda propagandeiam que nos pagam de maneira justa e que este salário pago é mais do que suficiente e corresponde sim à quantidade de trabalho que realizamos. Mas não é bem assim: no capitalismo, todo trabalho não pago fica parecendo que é pago, para que nós, a classe que realmente sustenta a sociedade, não possamos reconhecer o nível de exploração, a crueldade que estamos submetidos e que a nossa jornada de trabalho é, na verdade, uma escravidão assalariada.

E isso porque, para termos acesso ao básico para nós e nossa família (alimentação, moradia, pagar água e luz, educação, saúde e transporte), temos que trabalhar. E o salário que recebemos neste trabalho não é suficiente nem para pagar o básico, mas toda a riqueza que produzimos fica na mão do patrão, que enriquece enquanto paga uma miséria ao trabalhador e expropria os frutos do seu trabalho. O que é o enriquecimento de uma classe enquanto a outra trabalha de maneira forçada e não recebe os frutos de seu salário senão escravidão?

Há, ainda, no sistema capitalista, a criação de algumas “estratégias” para manter sempre em alta a produção do lucro. Os patrões cobram sempre mais produtividade dos “colaboradores”, para que eles possam “se destacar” e “ter uma carreira na empresa”, quando na verdade todas as horas extras não pagas, os desvios de função, os assédios morais, as restrições no horário de almoço e de número de idas ao banheiro só servem para encher mais os bolsos de quem está no topo dessa pirâmide; o trabalhador é visto como uma máquina que pode ser descartada a qualquer momento.

Sobre isso, em épocas de crise econômica (também criadas pelo capitalismo), há as demissões em massa e a criação do que chamamos de “exército reserva” (que é nada menos que um grande número de pessoas desempregadas) e, junto com isso, a precarização do trabalho (aumento de horas trabalhadas, diminuição de salários, corte de direitos e, em geral, abusos ao trabalhador). Estes fatores fazem com que as pessoas que estão empregadas se vejam reféns do trabalho (escravos) ao qual estão submetidas. Pois se você, trabalhador, exigir condições justas de trabalho, vai se deparar com a resposta: “Mas você não está vendo o número de desempregados? Se você não quer, tem quem queira”. E, por conta de todo esse contexto de crise, terá de continuar nesse trabalho que te desgasta dia após dia.

Agora, para contextualizar, há alguns dados atuais no Brasil que traduzem isso em números. Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário para as pessoas poderem arcar com o mínimo que deveriam ter acesso deveria ser R$5.403,00; o salário mínimo atual no Brasil é de R$1.100,00. Isso quer dizer que as pessoas estão recebendo menos do que o suficiente para sobreviver enquanto são massacradas diariamente pelos grandes capitalistas.

De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego do Brasil no trimestre encerrado em janeiro de 2021 é de 14,2%, ou seja: 14,3 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho, criando o que chamamos de “exército de reserva”.  Ainda de acordo com o IBGE, somando o número de desempregados e o de subempregados (pessoas que trabalham em uma jornada inferior de horas por dia, recebem baixas remunerações e sofrem com instabilidades em relação ao salário), temos 29% da força de trabalho brasileira nessa situação; são 32,4 milhões de pessoas. Esses dados comprovam a realidade difícil que vivemos e escancara o caráter cruel do sistema capitalista no Brasil.

Nesse contexto, a luta por melhores condições de trabalho e o aumento dos salários é muito importante, mas não devemos parar por aí, pois isso seria somente um paliativo e não acabaríamos com a doença em si. A única solução para acabar com a exploração dos capitalistas à classe trabalhadora é a instauração de um regime socialista e do poder popular.

Marx afirma que, com isso, à medida que cresce no seu conjunto a miséria, a opressão, a escravidão, a degeneração e a exploração, também aumenta, ao mesmo tempo, a revolta da classe operária, que é instruída, unida e organizada pelo próprio mecanismo do processo de produção capitalista. Soa a última hora da sociedade capitalista, os expropriadores serão finalmente expropriados e terá fim a exploração do homem pelo homem.

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