O aumento é consequência da impossível política de preços da companhia, que expõe o país às flutuações do preço do petróleo no mercado internacional, à taxa de câmbio (valorização do dólar) e à inflação, levando as famílias pobres a ter que escolher entre comprar o botijão de gás ou a comida.
Heron Barroso | Redação Rio
BRASIL – A Petrobras anunciou ontem (5) reajuste de 39% no preço do gás natural vendido às distribuidoras, que passará a valer a partir de 1º de maio. O aumento é consequência da impossível política de preços da companhia, que expõe o país às flutuações do preço do petróleo no mercado internacional, à taxa de câmbio (valorização do dólar) e à inflação.
Dessa forma, se por algum motivo político (guerras, boicote econômico, etc.) ou natural (frio acima da média na Europa ou nos Estados Unidos, por exemplo) o preço do petróleo sobe, quem paga a conta somos nós.
Apenas este ano, a Petrobras já reajustou a gasolina em 46,2%; o diesel, em 41,6%, e o botijão de gás, em 17%. Esses aumentos afetam toda a cadeia produtiva, com impacto direto na inflação.
Vale lembrar também que, em 2016, o então presidente Michel Temer (MDB) iniciou o processo de venda da distribuidora Liquigás para o Grupo Ultra, que passou a controlar mais de 50% do mercado nacional de gás de cozinha e impor os preços que quiser ao produto.
O resultado inevitável dessa política é o aumento de famílias pobres que trocaram o gás de cozinha pela lenha ou o álcool. “Muitas famílias aposentaram o fogão de vez, pois não têm condições de comprar um botijão a R$ 100. Isso é metade da renda delas”, explica Juliete Pantoja, coordenadora do MLB no Rio de Janeiro. Segundo ela, desde que a Petrobras atrelou seus preços ao mercado a vida da população mais carente piorou muito. “As pessoas estão ficando sem opção: ou compram gás ou comida”, afirma.
Sem dúvida, enquanto a economia brasileira estiver submissa aos interesses do mercado e dos lucros das grandes empresas, maior será a desigualdade que separa ricos e pobres e pior serão as condições de vida de milhões de trabalhadores.