UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 28 de março de 2024

DCE da UFABC doa mais de 100 cestas básicas para estudantes e trabalhadores terceirizados

Leia também

Marcelo Pavão
Movimento Correnteza

SOLIDARIEDADE – A campanha “Eles pelo lucro, nós pela vida!” já doou mais de 100 cestas básicas durante o período da pandemia. (Foto: DCE UFABC)

SÃO PAULO – Desde o início da pandemia da Covid-19, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do ABC vem arrecadando e doando cestas básicas para estudantes e trabalhadores terceirizados da universidade. Somente em 2021, foram entregues cerca de 40 cestas básicas, além do apoio à Rede Solidária da UFABC – a qual entregou mais 21 cestas para trabalhadores terceirizados demitidos durante a pandemia – garantindo o mínimo para dezenas de famílias da comunidade. Durante toda a campanha, só o DCE realizou mais de 100 doações em diversas ações de solidariedade.

Em março deste ano, os estudantes lançaram a Campanha de Solidariedade “Eles pelo lucro, nós pela vida!”, que visa arrecadar recursos para atender a crescente demanda pela doação das cestas, que são compostas por alimentos não perecíveis e produtos de limpeza e de higiene. 

O ínfimo auxílio emergencial aprovado em 2021 e a grave crise econômica e sanitária que o Brasil enfrenta – reflexo da política genocida do Governo Bolsonaro  são as principais razões pelas quais os estudantes iniciaram a campanha. 

Divulgando as ações de solidariedade virtualmente, os estudantes expõem dados sobre a conjuntura brasileira: “Durante a pandemia da Covid-19, atingimos os 14 milhões de desempregados no país, e 39,3 milhões estão na informalidade. Somado a isso, o que mais afetou a população foi a alta de 14,09% no preço dos alimentos.” 

Os estudantes também questionam a redução do auxílio emergencial: “Em abril de 2020, o auxílio equivalia a 125,44% da cesta básica, […] mas de outubro para novembro essa quantia foi para 56,1% do valor da mesma cesta. Como ficou a situação dessas famílias? Será que é possível sobreviver com quase metade de uma cesta básica?”

“A cesta evitou que chegasse perto de nos faltar o mínimo dentro de casa”

Guilherme, 21, foi um dos alunos atendidos pela Campanha de Solidariedade e relatou:

“É a segunda vez que participo da campanha e ela tem ajudado muito – declarou para o Jornal A Verdade – […] as coisas básicas que precisamos ter em casa são as que mais estão aumentando, então é sempre de grande ajuda, porque ela [a cesta] foca principalmente nessas coisas: arroz, feijão, óleo…”

O estudante falou ainda sobre as dificuldades que ele e sua família passaram nesse período: 

“Estou desempregado e o número de serviços para minha mãe que é diarista diminuiu, a cesta evitou que chegasse perto de nos faltar o mínimo dentro de casa”. 

Após receber as doações, Guilherme decidiu entrar no DCE e ajudar na construção da campanha: 

“Hoje eu vejo que não só a minha casa, muitos colegas e terceirizados estão precisando de ajuda também, e não gosto de pensar que meus amigos estão passando fome ou algo próximo disso, queria estender essa ajuda para que ninguém mais passasse, porque já ouvi muitas histórias horríveis sobre, dignas de lágrimas.”

“Tudo o que for agregar nessa luta é bem-vindo”

UNIDADE PELA VIDA – Além de apoiar os estudantes, a campanha do Diretório realizou doações para trabalhadores terceirizados. (Foto: DCE UFABC)

Gabriel, 19, é um dos estudantes que esteve à frente da Campanha de Solidariedade. Ele ressalta como as condições de vida do povo pioraram durante os últimos anos:

“Mesmo antes da pandemia, a gente já observava um descaso muito grande do Poder Público com as questões da desigualdade e com essa questão estrutural da pobreza, das pessoas que não têm moradia digna, não têm condições de se alimentar” e continua “Agora com a pandemia, a situação se agravou. O número de pessoas que está passando fome no Brasil aumentou, e isso é uma consequência, sim, da crise sanitária que a gente tá vivendo, mas também da crise política, do descaso do governo Bolsonaro com essas questões.” 

O membro do DCE também ressaltou a importância da solidariedade nesse momento: 

“É importante a gente se unir para auxiliar essas pessoas e trazer esperança, comida, dignidade. A gente pode ajudar tanto com arrecadações de alimentos quanto arrecadações em dinheiro, ou com ajuda de mão de obra. Tudo que for agregar nessa luta é bem-vindo”. 

O DCE da UFABC criou uma conta específica para a campanha para receber as doações em dinheiro. Todos podem contribuir enviando qualquer valor para a chave Pix: [email protected].

Solidariedade como motor da luta

A solidariedade é, infelizmente, o que vem garantindo que milhões de famílias tenham o que comer diariamente. Com 19 milhões de brasileiros passando fome e 117 milhões – mais da metade da população – em insegurança alimentar. 

Resta aos mais prejudicados pela pandemia se unirem e lutarem por direitos humanos básicos, como o de se alimentar, como comprova o posicionamento político dos estudantes, exposto desde o próprio título da campanha à divulgação nas redes, a Campanha de Solidariedade “Eles pelo lucro, nós pela vida!”.

A campanha de solidariedade é uma ação que não age de maneira puramente assistencialista. De fato, a doação de cestas resolve temporariamente a negligência do Estado, mas não pode resolver os problemas estruturais da pobreza e da fome do povo. Por isso, a organização dos estudantes contra o Governo Bolsonaro e a união com os trabalhadores – especialmente os terceirizados da universidade – é essencial para o movimento estudantil na luta por vida, pão, vacina e educação.

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos