Amarílis Luz, Isabella Catarina, Isabelle Vaz, João Gabriel e Miriam Oliveira
SÃO PAULO – O sistema capitalista é um sistema de exploração do trabalho baseado na dominação de uma pequena classe de grandes patrões, a burguesia, sobre uma maioria de trabalhadores assalariados, o proletariado. Essa dominação se reproduz não apenas na vida econômica da sociedade, mas também no campo das ideias, incluindo a arte e a cultura; através da indústria audiovisual e musical, por exemplo, a ideologia burguesa é inserida na vida de milhares de trabalhadores e estudantes, levando-os muitas vezes a defender esse sistema de miséria e fome, ou a se conformar com ele.
Durante o mandato de Ronald Reagan na presidência dos Estados Unidos, inspirando-se no governo de George W. Bush, a produção de filmes com propagandas anticomunistas foi incentivada e fortalecida através de um diálogo direto entre o governo americano e produtores/diretores de cinema, que recebiam isenção de impostos para produções que estivessem de acordo com a propaganda macartista (movimento político de combate ao comunismo nos EUA na década de 1950).
Dessa maneira muito dinheiro foi investido ao longo dos anos, não somente na gestão de Reagan, para que a indústria cinematográfica estadunidense propagandeasse a ideologia do capital, criasse uma imagem idealizada do ocidente capitalista e difundisse mentiras sobre a União Soviética, gerando um pensamento anticomunista que foi propagado em filmes e programas de todos os gêneros e para todos os públicos.
A franquia de filmes “Rambo” é um exemplo claro dessa grande farsa montada pela indústria cinematográfica: o exército americano, que iniciou uma gerra imperialista e criminosa contra o povo vietnamita, é retratado no longa como vítima e o exército do Vietnã, que lutava pela soberania de seu povo com armas e equipamentos de guerra muito inferiores aos dos EUA, é demonstrado como sem escrúpulos nem humanidade. O filme, de maneira desonesta, ocultou o cenário brutal da guerra para os civis vietnamitas, apelando ao heroísmo dos soldados estadunidenses e incitando uma suposta “crueldade” dos nativos com os invasores, distorcendo fatos históricos para todo o público da franquia conhecida mundialmente.
Outras ideias mentirosas, atrasadas e preconceituosas, além do anticomunismo explícito, são promovidas pelo indústria da arte para fortalecer o sistema de exploração capitalista. No filme “Velozes e Furiosos 5”, que teve cenas gravadas no Brasil, a vida dos brasileiros e latino-americanos é resumida à tráfico de drogas, crime organizado, violência e hiper sexualização de mulheres e homens; até mesmo a iluminação das cenas que retratam o Brasil é utilizada para dar impressão de um ambiente sujo, violento, perigoso e desagradável de viver.
Se o retrato dos países da periferia do capitalismo nos filmes estadunidenses é esse, nas produções que se passam nos EUA ou na Europa o cenário, a iluminação, a coloração e os problemas que rondam o roteiro, independente do gênero do filme, são outros. Um grande exemplo é o seriado norte-americano “Modern Family”, onde apenas problemas simples e corriqueiros são retratados, excluindo totalmente os problemas de cunho social que poderiam ser encaixados na comédia e que também rondam os países imperialistas, mas raramente são divulgados.
Desse modo, divulga-se a ideia de que os países imperialistas superaram os problemas inerentes ao capitalismo, como miséria, violência e precarização do trabalho e que essas são questões presentes apenas nos países dependentes. Assim o sistema capitalista se fortalece, pois os trabalhadores dos países dominados acreditam ser possível resolver seus problemas sociais sem romper com o capitalismo e, em muitos casos, sonham em morar no exterior, se submetendo a subempregos e servindo de mão de obra barata para fortalecer as economias imperialistas.