Os heróis da juventude

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“Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética – Che Guevara” (Foto: A Verdade)

Tarcisio de Luca

SÃO PAULO – O sistema capitalista, em seu anseio de manter o poder nas mãos da classe burguesa, frequentemente busca reiterar a possibilidade de ascensão da classe trabalhadora dentro da economia capitalista. É comum os meios de comunicação apresentarem a trajetória de vida de pessoas que viviam em extrema pobreza e que conseguiram alcançar um melhor padrão de vida, estimulando o proletariado a continuar trabalhando cegamente, em busca do sonho de uma vida digna dentro de um sistema de exploração.

A pobreza, a fome, o desemprego, a comercialização da educação e da saúde causam uma enorme carência de expectativa de vida naqueles que sofrem as mazelas desse sistema. Nesse cenário surgem os heróis do capitalismo, geralmente pessoas que a mídia burguesa faz questão de divulgar incessantemente, apresentando histórias e discursos baseados na meritocracia; esses “heróis”, ricos e milionários, manifestam-se como uma alternativa, um exemplo para sociedade, mas não passam de uma ilusão, mentirosa e mesquinha, que tenta amarrar o povo na ideia de que o capitalismo oferece oportunidades para melhoria de vida da classe trabalhadora.

Em vista destas figuras, que são criadas e reproduzidas pelo atual sistema, a juventude revolucionária precisa refletir sobre os exemplos em que se inspira, e buscar se aproximar de personalidades que não aceitavam as condições impostas pelo capitalismo, que reconheciam através da observação crítica que não seria possível alcançar plenitude alguma enquanto submissos ao sistema capitalista.

Ao repensar as informações que são divulgadas todos os dias, é possível colocar-se contra a reprodução da ideologia que prega o consumismo, a ostentação e a romantização de problemas psicológicos, elementos muito presentes nos produtos que são vendidos para a juventude.

Pois então, quais devem ser os verdadeiros heróis da juventude? Os verdadeiros heróis da juventude devem ser aqueles que dedicaram parte ou toda a sua vida à defesa intransigente da dignidade do povo, como foi Ernesto Che Guevara, que desde jovem lutou pelos mais pobres, viajando, com seu amigo Alberto Granado, por toda a América Latina para cuidar dos doentes em um hospital de leprosos no Peru, e que desde então dedicou sua vida integralmente à luta pela completa libertação da América Latina e do mundo, lutando em Cuba, no Congo e na Bolívia.

Como foi Frida Kahlo, que ingressou no Partido Comunista e dedicou sua vida à construção de uma arte popular que pautasse as adversidades de ser uma artista mulher com deficiência, uma arte que se manteve relevante por tanto tempo pela sua sensibilidade, peso e afirmação política de que “O marxismo dará saúde para os doentes”, como é batizada uma de suas obras.

Como foi Tupac Shakur, filho de dois militantes do Partido dos Panteras Negras, que durante anos foi membro da juventude do Partido Comunista dos EUA e que carregou esse legado para suas músicas que defendiam a vida e a dignidade do povo preto, pobre e das mulheres.

E como foi o doutor Sócrates Brasileiro, jogador de futebol, que liderou o maior movimento político dentro do esporte no Brasil, desafiando a ditadura militar fascista, pedindo pelas Diretas Já, ao mesmo tempo que confrontava uma ditadura interna dentro do Corinthians, clube no qual atuava, deixando um legado de talento nos pés e luta na cabeça por onde passou.

Esses são poucos exemplos dos grandes heróis da juventude brasileira, aqueles nos quais devemos nos enxergar para compreender que a saída para o sofrimento da nossa juventude é a luta e não o dinheiro, as drogas e a ostentação.

A juventude brasileira, nação latino-americana, jamais será representada pelas figuras que a mídia burguesa apresenta. O sistema capitalista tenta a todo custo controlar a revolta dos jovens, suprimir o sentimento revolucionário, apresentar referenciais acríticos e apolíticos. Essa suposta neutralidade serve a ideologia dominante, alienando os trabalhadores.

Ter um herói é ter uma referência de caráter, personalidade. Por isso, nosso herói há de ser alguém que luta e lutou pela emancipação de todos, por um modelo de sociedade livre de opressões.