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domingo, 22 de dezembro de 2024

Moradores lutam contra desmatamento de florestas urbanas no Rio de Janeiro

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Especulação imobiliária destrói ecossistema da Mata Atlântica. Foto: JAV/Rio

A destruição do ecossistema é realizada para aumentar o lucro de pequena minoria. Em uma das maiores florestas urbanas do mundo, a Floresta da Tijuca, o efeito do desmatamento é amplamente denunciado pelos moradores da cidade.

Igor Barradas e Mariane Vincenzi | Redação Rio

RIO DE JANEIRO Uma série de protestos vêm sendo realizados por moradores do Rio de Janeiro contra o desmatamento de árvores centenárias de uma área aos pés da Floresta Nacional da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo. O desmatamento foi realizado com permissão da prefeitura por uma empresa responsável pela construção de um megaempreendimento imobiliário na rua Homem de Melo.

Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a derrubada dessas árvores foi autorizada e houve uma preocupação em garantir o replantio de espécies da Mata Atlântica, assim como a proteção dos animais que viviam na região.

No entanto, com a remoção das árvores, ainda se viu uma série de animais, como tucanos, saguis, macacos-prego, entre outros, fora de seu habitat natural. Um exemplo foi o relato de uma moradora para o jornal online Em Foco, que dizia ouvir o barulho de macacos em desespero com a derrubada realizada sem nenhum cuidado por escavadeiras. Em um vídeo postado nas redes sociais, via-se tamanduás perdidos nas ruas por conta do ocorrido. Além do descaso com a natureza local, moradores reclamaram de não serem consultados em relação à remoção.

Em nota, a imobiliária negou usar escavadeiras, e sim máquinas específicas para remoção cuidadosa das árvores e alegou, apesar dos relatos e vídeos dos moradores, que a empresa responsável pela ação tomou todo o cuidado para retirar os animais do local.

No dia 21 de setembro, foi realizado um ato em frente à prefeitura pedindo o cancelamento da licença. Alguns moradores também entraram com uma ação no ministério público tentando impedir o desmatamento e a construção.

Lei em discussão favorece ricos e regulamenta desmatamento 

Na Câmara Municipal, está sendo discutida uma nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, como parte da revisão do Plano Diretor da cidade. Essas mudanças, propostas pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), permitem a derrubada de Mata Atlântica e a ocupação de áreas tombadas na cidade.

Caso aprovada, essa Lei daria aval para construção do “Parque do Boticário”, um megaprojeto empresarial dentro de uma Zona de Reserva Florestal. O investimento total do projeto girará em torno de R$50 milhões e serão construídas 35 casas, 20 unidades de lofts, uma pousada spa, um residencial com serviços e prolongamentos de ruas. 

De acordo com levantamento realizado pela Linha Verde, programa do Disque Denúncia, em seis anos, o estado fluminense perdeu uma área equivalente a 100 campos de futebol. Isso ocorre por conta do intenso desmatamento promovido pelas empresas e indústrias.

Projeto arquitetônico causa danos ambientais no Horto 

No Horto, na zona sul do Rio de Janeiro, a instalação do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) agride a biodiversidade daquela área. O projeto arquitetônico de 8.762 metros quadrados é realizado dentro de um terreno da Mata Atlântica.

O desmatamento da área é equivalente ao tamanho do estádio do Maracanã. Desde que se iniciaram as obras, são inúmeros os relatos de cobras e animais invadindo residências nas redondezas. Também ocorre o desvio do curso de água da região, desestabilizando o solo, e desprotegendo os moradores de fortes enxurradas.

A construção representa uma enorme ameaça para a segurança dos moradores das ruas do entorno. Os mais atingidos são principalmente os que moram na comunidade do Horto, já que o terreno em questão é uma encosta íngreme, considerado zona de alto risco geológico, deixando a comunidade exposta a deslizamentos.

“Não cabe no momento em que estamos vivendo. Uma instituição colocar uma floresta abaixo para realizar um projeto que poderia ser feito em outro lugar. Inclusive, a Lei da Mata Atlântica, que exige que seja mostrado que não existe uma alternativa locacional. Nesse caso, existe alternativa locacional. Hoje, o que é ecologicamente e urbanisticamente correto é aproveitar estes locais [prédios vazios] já existentes. O que está acontecendo no Horto e na Tijuca são duas faces do mesmo morro. São dois casos emblemáticos, importantes de serem ouvidos, onde os moradores estão tendo que gritar, se fazer ouvir pelos vereadores e deputados. A própria prefeitura, estado e federação que deveriam estar zelando as nossas encostas, legalizam que o pouco que resta do nosso verde venha ao chão por interesses questionáveis” afirmou Ana Soter, presidente da Associação de Moradores da Barão e da Marquês (ABAMA), ao Jornal A Verdade.

Parte considerável dos moradores pobres do bairro também sofrem com o risco de serem despejados a qualquer momento. A área fica próxima a sede da Rede Globo, atrás do Jardim Botânico, um dos locais mais valorizados da capital.

A Importância da preservação da Mata Atlântica

Por mais que a prefeitura alegue que haverá replantio em outros locais das regiões afetadas, ainda haverá um alto impacto da região desmatada. 

A situação causa um desequilíbrio ambiental, causando uma perda da biodiversidade e contribuindo para a extinção de espécies de forma indireta. Não só isso, como também aumenta os riscos de deslizamentos por conta da lixiviação (processo de erosão do solo causado pela água) e afeta o clima das regiões em volta. 

A preservação da Mata Atlântica é uma questão fundamental em um momento de alta destruição da fauna e flora brasileira e de mudança climática no mundo todo.

ATUALIZAÇÃO 02/10 – 20:17

A pedido da Assessoria de Comunicação do IMPA publicamos aqui nota da instituição sobre os fatos narrados nesta matéria. O Jornal A Verdade mantém as informações realizadas pela apuração de nossos repórteres. Leia abaixo a nota na íntegra:

“A propósito da matéria que cita a obra do novo campus do IMPA no portal A Verdade, gostaríamos de esclarecer alguns pontos e nos colocar à disposição para qualquer matéria que trate do IMPA.

1.  A área de edificação ocupará menos de 4% do total do terreno. Os três andares do edifício somam, juntos, 8.762 m². O local onde ocorre a supressão arbórea é uma área de clareira, com vegetação dispersa, que corresponde a cerca de 3 mil m². Portanto, diferentemente do que afirma a matéria, representa apenas cerca de 1/70 da área do estádio do Maracanã, que tem cerca de 200 mil m². Não cabe a comparação.

2. A construção do novo campus do IMPA está fora do Parque Nacional da Tijuca e fora da Zona de Amortecimento. O projeto tem todas as autorizações legais, e o início dos trabalhos foi precedido por quase 30 estudos técnicos.

3. Premiado internacionalmente por sustentabilidade, o projeto do novo campus foi elaborado de forma a impactar a natureza o mínimo possível e segue à risca as medidas de compensação ambiental estabelecidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC). Para cada árvore suprimida, serão plantadas 16,5 novas mudas de espécies nativas da Mata Atlântica no terreno, o que deixará a área em condições ambientais muito superiores às atuais. Metade das árvores a serem suprimidas são jaqueiras (espécie exógena e considerada “praga” na Mata Atlântica) ou árvores mortas. Um biólogo está acompanhando a movimentação dos animais no local, e um veterinário prestará atendimento em qualquer eventualidade. 

4. Diferentemente do que afirma a matéria, não há curso hídrico (rio) dentro do terreno. Após denúncias infundadas, a Polícia Militar Ambiental fez 3 vistorias no terreno e a Polícia Civil conduziu uma perícia no local e comprovaram que não há rios. Outros órgãos fiscalizadores, como ICMBio, IBAMA, INEA, CREA-RJ, também fizeram visitas ao terreno. Em todas as ocasiões, foi atestada a absoluta legalidade da obra. 

5. A obra não ameaça a segurança dos moradores. Ao contrário, a primeira fase da obra tem exatamente o objetivo de dar mais segurança geológica e hídrica à região. 

O IMPA fará a contenção de encostas, a drenagem e captação das águas pluviais, trazendo benefícios imediatos aos moradores locais. Será construído um lago de contenção de águas de chuvas. O IMPA construirá um sistema público de drenagem, para suportar grandes volumes de chuva. Canaletas e escadas hidráulicas formarão um cinturão de proteção no entorno das residências vizinhas.

6. Não há obrigatoriedade de apresentação de alternativa locacional, porque a construção do novo campus não está na lista de atividades que exigem a realização do EIA/Rima. 

Solicitamos e agradecemos que ajustem a publicação com as informações acima.

O site do novo campus disponibiliza um FAQ para sanar eventuais dúvidas em relação ao projeto: https://impa.br/novocampus/faq/.

Estamos à disposição para mais esclarecimentos.

Atenciosamente,

Assessoria de comunicação do IMPA”

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  1. Ao terreno que arrancaram mais de 49 árvores já está passando caminhão, retroescavadeira,e sobra espaço para 3 Maracanã

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