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terça-feira, 5 de novembro de 2024

A realidade dos trabalhadores em São Caetano do Sul (SP)

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Foto: Fundação Viva

Helenira Maria dos Reis

SÃO CAETANO DO SUL – À sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, está São Caetano do Sul , cidade com cerca de 15  km² e cerca de 160 mil habitantes. Com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) emm destaque nas mídias tradicionais, São Caetano do Sul carrega a fama que muito de longe acena com as suas  práticas políticas internas, que favorecem sempre aos grandes empresários.

A Educação é posta como carro chefe desta propaganda. No entanto, os professores da cidade são os que têm a pior remuneração dentre os servidores das 4 cidades do ABCD (Santo André, São Bernardo , São Caetano do Sul e Diadema), não existe plano de carreira, os profissionais sofrem assédio e perseguição por se manifestarem virtualmente e presencialmente, em meio à pandemia há relatos de vários servidores que ficaram sem atendimento médico, atendimento este que é concedido a cada ano por uma empresa diferente. Quando o servidor chega para a consulta é avisado que não poderá ser atendido pois o convênio não é mais aceito, para passar em consulta ou realizar o exame previamente agendado tem que pagar no particular.Ao cobrar um posicionamento do convênio, a empresa diz que a prefeitura não realizou o pagamento, já a prefeitura por sua vez, diz que repassou a verba para a empresa. Nessa confusão o trabalhador é penalizado mais uma vez, mesmo com os descontos sendo realizados rigorosamente na sua folha de pagamento. Além disso,   os servidores tiveram seus salários reduzidos, pois a prefeitura retirou o bônus, que é um complemento que faz muita falta em meio a tantas demandas durante a pandemia. Os cargos de direção e coordenação são comissionados, ou seja, a liderança política do momento escolhe quem atende seus interesses políticos e pessoais. Isso faz com que as reivindicações dos profissionais da educação e professores sejam postergadas ou colocadas de escanteio. Impedindo assim soluções reais para problemas reais. Mesmo durante o que parecia ser a pior fase da  pandemia, os professores nunca pararam de trabalhar. Com o uso de recursos próprios (equipamentos e internet) mantiveram  as aulas virtuais diariamente, elaboraram atividades criativas e diversificadas para atender também os estudantes que não têm acesso a internet. Uma vez que, mesmo com as inúmeras solicitações ao secretário da educação Fabrício Coutinho, para providenciar 1 chip com internet para os alunos, assegurando o mínimo de contato escola/estudante, não apenas foi negado, como  também o prefeito Tite Campanella divulgou na rede da prefeitura propaganda política falsa dizendo que garantiu que mais de 80% dos alunos mantivessem as aulas durante a quarentena.Quem garantiu isso foram as famílias dos estudantes e os professores, ninguém mais!

Além disso tudo,  manteve o quadro de apoio no trabalho presencial,  circulando em conduções cheias e sem vacina,  no período em que o Brasil alcançava mais de 1000 pessoas mortas por dia por Covid 19. E agora, mesmo com a nova cepa (Delta) em circulação, abriu as escolas para receberem 100% dos alunos , exigindo um esforço desumano da categoria, já que a demanda com higiene e protocolos só aumentaram. Os poucos funcionários concursados dessa área estão adoecendo não só pela super exposição ao vírus como também por fadiga, devido a sobrecarga de trabalho. As empresas que contratam pessoal do quadro de apoio demitem e contratam os profissionais a cada ano, inclusive após a pandemia, deixando muitos trabalhadores em vulnerabilidade em meio a uma crise sanitária, pagando salários baixíssimos e explorando vergonhosamente a força de trabalho dessas pessoas. No início de 2021 a empresa Transbraçal demitiu vários trabalhadores ( porteiros, provedores da manutenção, merendeiras, higiene etc). Se essas pessoas fossem admitidas por concurso teriam a estabilidade e seus direitos trabalhistas resguardados, assegurando-lhes o direito à vida. Por isso , esse ataque constante aos verdadeiros servidores públicos!

FRENTES DE LUTA  ORGANIZATIVAS

Os professores  e  profissionais da educação se organizaram e estão lutando bravamente contra tudo o que vem sofrendo. A ASPESCS (Associação dos Profissionais da Educação de São Caetano do Sul) existe desde 2017 e em julho de 2021 foi constituída uma nova diretoria que vem promovendo ações e representando os profissionais da educação em várias frentes, defendendo direitos,  conquistando espaço e respeito da comunidade escolar.

Inclusive sendo convidada a participar do CONEPE (Conferência Estadual Popular de Educação) para discutir sobre os 5 eixos, juntamente com outras entidades e organizações comprometidas com a educação pública de qualidade.

O SERVIDORES EM AÇÃO é um coletivo que começou em 2017 com um grupo de inspetores reivindicando redução da carga horária e  em 2019 tornou-se mais abrangente. Vem cobrando direitos e exemplarmente tem  mobilizado a classe. Lutaram  fortemente contra o retorno presencial do quadro de apoio , que ocorreu em setembro de 2020 em plena quarentena, quando as escolas estavam vazias. Este coletivo também tem tido papel importante na cobrança de direitos, reivindicações e denunciando as injustiças.

PEC 32 E A POPULAÇÃO

Profissionais da educação lutam contra retirada de direitos

Todas as frentes de lutas dos trabalhadores servidores de São Caetano do Sul só tem sido possível  ainda porque parte da categoria é concursada e mesmo sendo admitida em concurso por regime CLT ainda tem o mínimo de estabilidade. Com a PEC 32 o que já está ruim pode se tornar muito pior! Uma vez que ela acaba com a estabilidade dos servidores  públicos e impede que esses profissionais fiscalizem, denunciem e acompanhem o trabalho dos gestores. Isso afeta diretamente quem está na ponta dessa engrenagem, que é a população, em especial aqueles que dependem exclusivamente dos serviços públicos. Neste caso, os estudantes e suas famílias. Que ficarão à mercê dos mandos e desmandos dos interesses políticos que atendem aos grandes empresários e não ao povo. Consequentemente, isso gerará um engessamento da atuação profissional dos educadores, que não engajarão os estudantes e a comunidade escolar por medo de serem demitidos ou prejudicados, que não conseguirão ter uma  participação ativa no Conselho de escola e APM (Associação de Pais e Mestres) propondo melhorias que de fato impactem positivamente a vida da comunidade escolar, inibirá o incentivo dos educadores aos educandos para  formarem e organizarem  grêmios estudantis ou que participem de decisões importantes que gerem qualidade e mudança na vida das pessoas de toda a comunidade, ou seja, todas essas formações perderiam seu caráter deliberativo de forma autônoma. 

O ELDORADO DO CAPITALISMO

Podemos ver que as notícias divulgadas na grande mídia a respeito de São Caetano do Sul, como a melhor cidade do país para se viver,  é muito parecida com a ideia criada e propagada pelos exploradores espanhóis sobre Eldorado, uma cidade toda em ouro à espera da exploração sem limites garantindo poder sobre todos e uma vida cheia de privilégios individuais. Em busca da cidade lendária, sedentos de poder, os gananciosos europeus saquearam a terra, subjugaram   e assassinaram os povos originários. 

Os governantes e as estruturas de poder de São Caetano do Sul estão aparelhadas para atender as exigências dos grandes capitalistas em prol da miséria e exploração dos trabalhadores, omitindo a verdadeira história, mentindo e silenciando aqueles e aquelas que contrariam a normalidade cobrando direitos e transparência.Por conta disso tudo que São Caetano do Sul está mais para Eldorado do Capitalismo!

Nossa arma é a educação, união e organização! Somos trabalhadores e trabalhadoras, merecemos e exigimos uma vida digna.

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