Ícaro Vergne, UJR.
No dia 13 de outubro, Rui Costa (PT), anunciou a proibição de “paredões” na Bahia, afirmando que caso aconteça sem autorização, a polícia vai intervir. Os “paredões” são festas populares que acontecem ao som de pagode e é uma das principais formas de lazer da juventude periférica da Bahia. A declaração foi feita após uma chacina que havia acontecido em um paredão, no bairro do Uruguai.
A chacina foi iniciada por uma facção rival à que domina na região e resultou em 6 mortes, entre eles um adolescente de 16 anos, e dezenas de feridos. Ao chegar no local, a Polícia Militar da Bahia, de forma despreparada, entrou em cena disparando tiros com o objetivo de dispersar. Gerou ainda mais caos e desespero no que já era um cenário de guerra. Se por um lado não há como negar que já houveram outros episódios de violência em paredões como assédios, estupros, brigas, tiroteios, etc. é também preciso reconhecer que a intervenção da polícia é sempre mais brutal e violenta.
Diante dessa situação, o governador declarou publicamente: “não vamos permitir nenhuma festa de paredão na Bahia” e na sequência disse que, sem autorização prévia, a PM deve apreender equipamentos sonoros, veículos e responsáveis. Esse anúncio, representa na prática, mais uma declaração racista do governador Rui Costa (PT) e uma forma de criminalizar a juventude pobre.
Não é a primeira vez que o governador criminaliza os “paredões”. Fez isso também nos primeiros meses do ano, quando os culpou pelo aumento de casos de Covid-19 no estado, ignorando as aglomerações em transportes públicos e locais de trabalho, verdadeiros causadores.
É evidente que festas como paredões, em tempos de pandemia, são, de toda forma, um risco para a saúde pública. Contudo, devido ao abandono do Estado ao povo pobre, falta de alternativas ao lazer no capitalismo e o adoecimento causado pelo isolamento social, os “paredões” se constituem enquanto um importante movimento cultural periférico. Por isso, querem criminalizar e reprimir os “paredões”, assim como um dia fizeram com o candomblé e a capoeira, e retirar da juventude periférica os seus poucos momentos de lazer e diversão.
GOVERNADOR DO EXTERMÍNIO
Mesmo diante de um grave problema de segurança pública que o estado da Bahia vem enfrentando, o governador não tem a menor sensibilidade com o ocorrido e por isso, quer tratar tratar o problema da violência com ainda mais repressão. Não à toa, a Bahia é o segundo estado com maior taxa de morte violenta intencional e cresceu mais de 40% em 2020, segundo dados do Anuário da Segurança Pública. A situação é ainda pior em cidades como Feira de Santana, Simões Filho, Santo Antônio de Jesus e Camaçari.
A pesquisa também revelou que a Bahia é o segundo estado que mais mata em operações policiais. Em 2020 houve um aumento de 46,5%, crescendo de 773 em 2019 para 1.137 no ano passado. Todo esse extermínio tem o aval e é comandado pelo governador Rui Costa (PT) que em 2015 declarou diante da violenta “Chacina do Cabula” que o policial “É como um artilheiro em frente ao gol”.
DE CORRERIA NÃO TEM NADA
Nas campanhas eleitorais, se apresenta de forma oportunista como o governador do povo, progressista e democrático: “Rui Correria”. Na prática não tem nada de “correria”, mas sim de parasita, tendo ficado ao lado da burguesia e aumentado a repressão contra o povo. Prova disso foram os truculentos despejos realizados pela Polícia Militar à “Ocupação Maria Felipa” do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) em dezembro de 2019, quando foram utilizadas balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra famílias, incluindo crianças e idosos, que lutavam por seu direito à moradia.
Sob ordens do governador, a Polícia Militar da Bahia também reprimiu covardemente as famílias da Ocupação Carlos Marighella (MLB) em julho deste ano. Na ocasião, haviam ocupado a governadoria com intuito de protestar pelo direito à moradia e pressionar para que o governo resolvesse a situação das famílias.
Por tudo isso, devemos ter em mente que Rui Costa (PT) não representa verdadeiramente o povo baiano e trabalhador. É um governador que trata a juventude periférica como marginais e não à toa comanda uma das polícias mais violentas do país. Tudo isso, reforçado pelos seus discursos reacionários e elitistas que criminalizam os movimentos artísticos, culturais e de lazer da juventude. Diante disso, denunciar as barbaridades cometidas pelo governo de Rui Costa (PT) e a Polícia Militar da Bahia, deve ser a pauta do dia para a classe trabalhadora e a juventude baiana.