Bia Faria, Isabella Tanajura e Ícaro Vergne, Salvador-BA.
O prefeito Bruno Reis (DEM) e o ex-prefeito ACM Neto nunca esconderam seus planos de “gourmetização” da cidade de Salvador. Começaram pela “revitalização” de bairros como Barra e Rio Vermelho, e agora miram o Centro Histórico de Salvador, com o projeto “Salvador 360”.
Esse projeto tem vários eixos, sendo o quarto dele focado no Centro Histórico. O objetivo? Transformar o local em uma área de investimentos de alto padrão, com o estabelecimento de empresas e start-ups. Com isso, desejam reestruturar o comércio, expulsando o povo pobre, os comerciantes e trabalhadores informais, substituindo-os por um sistema de comércio mais caro e menos acessível.
Um dos estabelecimentos no centro de atuação desse projeto é o Cinema Glauber Rocha. Vizinho da Ocupação Carlos Marighella, construída pelo MLB e que abriga 290 famílias, sempre foi um importante espaço para a arte, literatura e cultura na cidade de Salvador. Foi nesse local, por exemplo, que houve a estreia do filme “Marighella”, em novembro de 2020. Mais recentemente, em julho, cedeu o espaço para uma sessão reservada às crianças moradoras da ocupação.
E assim como a Ocupação Carlos Marighella, que sofre com ameaças de despejo, o Glauber Rocha também é de grande interesse para a gentrificação da prefeitura. Recentemente, houve um patrocínio do Grupo Metha, ex-OAS, no Glauber Rocha e o anúncio de investimentos bilionários de empreiteiras como Acciona e Prima no Centro Histórico. É evidente que esse tipo de investimento beneficia as classes mais abastadas e afasta o povo do centro da cidade. Tais práticas não são novidade na democracia burguesa, que não tem o compromisso do povo como finalidade e busca apenas o enriquecimento e favorecimento de quem já está no poder.