Segundo Winter, o ministro-general Augusto Heleno chegou a chamá-la diretamente no Palácio para dar orientações sobre como agir, o que se refletiu, a partir daí, na atuação do grupo fascista atacando principalmente o Supremo Tribunal Federal.
Raí Macedo
Bahia
BRASIL – No dia 19 de novembro, em entrevista veiculada no site da revista IstoÉ, a ativista fascista Sara Winter revelou detalhes sobre o apoio que obteve de parlamentares, ministros e do presidente Bolsonaro para atacar o STF, a imprensa e as tão combalidas liberdades democráticas no país.
Winter ficou conhecida por ser uma das organizadoras do acampamento “300 pelo Brasil” e por defender a “ucranização” do Brasil, fato que a revista curiosamente omite.
Desde 2014, a Ucrânia é controlada por movimentos ultraconservadores e neonazistas, representados pelo grupo “Setor Direita” e pelo partido “Svoboda”. Chegaram ao poder naquele ano derrubando o presidente eleito e promovendo o massacre de 116 pessoas numa central sindical na cidade de Odessa. Sara Winter esteve na Ucrânia entre 2014 e 2019, participando do grupo “Femen” e sendo treinada por grupos neonazistas.
Na entrevista, Sara Winter afirma que o acampamento dos “300” teve total apoio dos parlamentares Daniel Silveira (PTB-RJ), Carla Zambelli (PSL-RJ), Sargento Fahur (PSL-PR), Bia Kicis (PSL-DF), da ministra Damares Alves e do ministro-chefe do Gabinete de Segurança, general Augusto Heleno.
Segundo ela, a deputada Carla Zambelli passava informações sobre a repercussão do acampamento, assim como orientava os ataques ao então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Já a deputada Bia Kicis ajudou na organização e estruturação do acampamento, inclusive disponibilizando o seu assessor Evandro Araújo e um advogado para acompanhar as reuniões da Secretaria de Segurança do Distrito Federal, o que garantiu a viabilidade do acampamento por um mês.
Ainda segundo Winter, o ministro-general Augusto Heleno chegou a chamá-la diretamente no Palácio para dar orientações sobre como agir, o que se refletiu, a partir daí, na atuação do grupo fascista atacando principalmente o Supremo Tribunal Federal. O próprio Bolsonaro deu ordens diretas para a atuação do grupo.
A relação de Sara com a ministra Damares Alves é mais forte, pois suas famílias são próximas, segundo contou ao jornalista da IstoÉ. Foi Damares quem ensinou a Sara Winter técnicas de discurso e a formação ideológica reacionária. Coube à ministra informar sobre o momento em que Sara seria presa, quando as autoridades finalmente decidiram fazer algo contra o grupo fascista.
Esses fatos provam que o fascismo está entranhado dentro do governo e só será derrotar com a luta do povo. Para isso, a melhor arma que temos é o poder de organização da classe trabalhadora, seja nas ruas, nos movimentos sociais, nos locais de trabalho, moradia e, claro, no mais combativo partido de esquerda, popular e socialista do Brasil, a Unidade Popular.