O trabalho revolucionário e a formação de lutadores do povo na Vila Prudente (SP)

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FORMAÇÃO – Aula da Escola Nacional Eliana Silva em Linhas Corrente – Vila Prudente. (Foto: William Poiato/A Verdade).

Núcleo UP da Vila Prudente

SÃO PAULO – A formação dos quadros políticos ocorre melhor no interior das lutas, pois os quadros são forjados por elas. Os quadros políticos são os(as) camaradas mais experimentados na teoria e na prática revolucionária que se destacam pela capacidade de interlocução com as massas, efetividade organizativa e disposição para a luta. O quadro deve estar atento aos anseios dos trabalhadores e ter criatividade política para responder de forma adequada, fazendo avançar a consciência das massas.

Por essas qualidades e valores – que devem ser cultivados por toda a militância – o quadro atua como elemento catalisador das lutas sociais, representando o principal vínculo entre o partido e as massas. Temos experimentado isso na Vila Prudente, onde existe um histórico recente de apoio às pautas conservadoras e à direita

Se considerarmos as eleições como um reflexo distorcido das ideologias locais e do apoio com seus vícios e problemas observamos: nas eleições federais, especialmente no segundo turno, a região sempre apoia candidatos de direita. Apenas em 2002 houve um empate entre os candidatos, depois disso o apoio conservador ampliou-se até atingir o pico de 78% de apoio para Bolsonaro em 2018.

Muita coisa pode explicar este movimento. Como diriam Marx e Engels “as ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes”, ou seja, os ricos e poderosos possuem as televisões, rádios, aplicativos, redes sociais, escolas, universidades, etc. todas elas bombardeando nossa região com suas ideias.

Além disso, a visível transformação do território – com a especulação imobiliária dobrando os valores dos imóveis e aluguéis, expulsando os trabalhadores precarizados dos centros de bairro e proximidades dos metrôs e monotrilho – trouxe para a região camadas médias que mesmo em decadência econômica têm mantido apoio à política liberal.

Tudo isso foi acompanhado por uma rebaixada política defensiva da esquerda reformista que assumiu uma postura derrotista se associando também ao poder local dominante.

Porém, as necessidades objetivas como a fome, o desemprego, a carestia e toda sorte de carência de serviços públicos sempre falam mais alto. O discurso que eles querem nos enfiar goela a baixo é incompatível com a realidade concreta da maioria do nosso povo.

Seguiremos atuando para denunciar essa farsa criando esperança – o verdadeiro combustível na luta por uma nova sociedade, uma sociedade socialista e assim fortalecer a solidariedade e a organização junto a classe trabalhadora e quebrar a descrença e o cinismo que alimentaram o bolsonarismo na última eleição presidencial.

CONSCIÊNCIA – Brigadas do Jornal A Verdade têm encontrado apoio e desenvolvido a consciência de moradores da região (Foto: William Poiatto/A Verdade).

Formação de quadros

A formação de quadros ocorre de forma individual e coletiva a partir do próprio desenvolvimento dos combates e do avanço organizacional e político da classe trabalhadora. Por isso, afirmamos a importância da organização dos quadros em Vila Prudente considerando-a tarefa decisiva para podermos fazer avançar a luta na região.

Diante desse contexto o núcleo da Vila Prudente vem atuando, a partir das quebradas, junto aos setores mais precarizados da região que sentem de forma mais brutal o efeito dessa política.

Não por acaso, são os habitantes dessas áreas como a própria Favela de Vila Prudente ou a Favela do Linhas Corrente que se mostram mais receptivos às nossas atividades: Brigadas do jornal A Verdade, Brigadas de Solidariedade e ações de educação popular.

Ingrid Munhoz, coordenadora da Casa de Referência Laudelina de Campos Mello e do Centro de Estudos Marxistas, fala sobre suas experiências nas Brigadas do jornal A Verdade na Favela de Vila prudente: “é uma experiência onde as pessoas se mostram muito abertas com o jornal, pois estão objetivamente em situações muito difíceis (…) você vê o desemprego, a fome e como o jornal dialoga com a realidade. As pessoas ficam animadas e enxergam ali uma possibilidade de falar sobre isso (…) por isso que o jornal não só denuncia, mas demonstra uma alternativa concreta e real de luta. Por exemplo, as mulheres que conhecemos são apresentadas ao Movimento de Mulheres  de Olga Benário e nossas ocupações”.

O Professor Ricardo ajuda a construir a Escola Nacional Eliana Silva (ligada ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) que possui um núcleo de alfabetização de Jovens e adultos na Favela Linhas Correntes, e compartilha: “O trabalho de alfabetização para jovens e adultos da Escola Nacional Eliana Silva na Favela Linhas Correntes teve início  no mês de outubro deste ano(…) O projeto teve uma ótima adesão da comunidade, o que reflete também uma necessidade objetiva no território. Já na primeira aula, onde nos apresentamos e trabalhamos a questão das trajetórias dos(as) alunos(as) e dos(as) professores(as), ficou evidente que desde muito cedo, para a maioria deles, o direito à educação havia sido negado, empurrando-os para os trabalhos mais precarizados nessa sociedade injusta e desigual em que vivemos. Para isso, além das lições deixadas por Paulo Freire, nós temos um valioso instrumento de trabalho que é  o Jornal A Verdade, uma imprensa feita por e para trabalhadores e, que, por isso, consegue dialogar diretamente com a realidade dos nossos alunos. Além disso, nós professores, temos aprendido muito. (…) E, Viva a Escola Nacional Eliana Silva!”

A Unidade Popular pelo Socialismo e os movimentos sociais buscam em todo país colocar o povo em movimento, nossa tática é conquistar as amplas massas da classe trabalhadora para a luta pela transformação do Brasil e isso só será possível em toda nação e em Vila Prudente com a formação de novas lutas e de novos quadros políticos.