Aumento de R$6,90 para R$7,70 impactará profundamente o bolso dos trabalhadores que utilizam o transporte aquaviário. Apesar disso, a empresa CCR diz que não tem mais interesse em gerir as Barcas.
Bayron Thadeus
NITERÓI (RJ) – A Agetransp aprovou na última segunda-feira (03) o reajuste no valor das passagens das Barcas no Rio de Janeiro. O valor representa um aumento de 11,67%, referente a variação da inflação projetada pelo IPCA entre os meses de fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021.
Com isso, milhares de trabalhadores fluminenses que utilizam esse transporte sofrerão com o aumento das passagens de R$6,90 para R$7,70. Esse reajuste será feito a partir do próximo dia 12 de fevereiro, dentre outras linhas, nas linhas Praça XV-Praça Araribóia.
Além disso, a linha Praça XV-Charitas o aumento será de 10,71%. Ou seja, passará dos atuais R$19 para R$21. Já a das linhas da Divisão Sul (Mangaratiba, Ilha Grande e Angra dos Reis), a tarifa passará dos atuais R$18,40 para R$20,50, configurando um reajuste de 11,667%.
Segundo a Agetransp, esse reajuste já era previsto no contrato de concessão com a CCR, empresa que opera o serviço das barcas no Rio de Janeiro.
Com isso, desde de 2015, quando a tarifa era de R$5, houve um aumento de R$2,70 no valor da passagem, um crescimento de 54% em 7 anos. Por outro lado, nos últimos três anos não houve reajuste real no salário mínimo, de maneira que mais esse aumento impactará profundamente o bolso do trabalhador fluminense.
Apesar de alegar um suposto prejuízo em 2021 de R$100 milhões com a operação das barcas em função da redução no número de passageiros durante a pandemia. A empresa esconde, por outro lado, que somente no terceiro trimestre do mesmo ano a CCR (propriedade da empreiteira Andrade Gutierrez) obteve um lucro líquido de R$183,9 milhões em suas operações no Brasil.
Número de linhas vêm sendo reduzidas
Em março de 2020 houve uma redução brutal no número de viagens realizadas. O intervalo das barcas subiu de 15 para 30 minutos nos intervalos nos horários de pico e para 1 hora onde antes era 30 minutos e em outros sequer foi retomado.
Vale dizer que a linha Praça XV-Charitas ficou desativada nesse período. O resultado foram barcas lotadas nos horários de pico durante a pandemia, colaborando para a proliferação do coronavírus. Somente no início de dezembro é que o funcionamento das barcas retornou ao que era antes da pandemia.
Em 2023 se encerra o contrato de concessão das Barcas e já há a promessa de uma nova licitação. Porém, mesmo com todas as regalias dadas pelo governo estadual, a CCR já sinalizou que não quer permanecer no comando desta.
Desde 1997, quando o transporte aquaviário adotou o modelo de concessão, é a terceira empresa que desiste do controle desse modal. Cada vez fica mais claro a falência desse modelo de administração do transporte público.
A situação das Barcas no Rio de Janeiro demonstra mais uma vez o resultado da lógica de mercado no transporte público: tarifas Altíssimas, horários limitados, lotação máxima nas viagens, meios de transporte sucateados ou velhos (a exemplo das barcas que fazem a linha Praça XV-Cocotá), etc. Assim, cumpre-se a máxima capitalista das perdas para os pobres e lucro para os ricos
Apenas quando a lógica de mercado for retirada da gestão dos transportes a partir da estatização das Barcas e a participação popular sobre sua gestão é que poderá haver redução nas passagens com aumento da qualidade. Dessa forma, haverá mais linhas e horários e acabará a farra das empresas de transporte no Rio de Janeiro.