Governador Cláudio Castro (PL) anunciou que o programa “Cidade Integrada” irá despejar 800 famílias do Jacarezinho.
Redação Rio
RIO DE JANEIRO – Cerca de 800 famílias moradoras da favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, devem ser removidas da comunidade no segundo semestre deste ano. O plano faz parte do “Cidade Integrada”, projeto que visa a ocupação militar das periferias cariocas.
De acordo com o governador Cláudio Castro (PL), o despejo das famílias é necessário para evitar proliferação de doenças na comunidade. “As pessoas não podem abrir a janela, que entram vetores de doenças”, disse.
Entretanto, o governador não explicou porque sua gestão não investiu até agora um centavo sequer em obras de saneamento na comunidade, prevenção de acidentes e construção de postos de saúde para evitar essas doenças.
Agora, ao anunciar obras de infraestrutura na favela, o governo informa aos moradores que parte deles terão que sair à força do local, deixando para trás anos de história e convivência em comunidade. Uma verdadeira higienização social.
STF proibiu despejos durante a pandemia
O despejo anunciado das 800 famílias, além de representar um ataque contra os moradores do Jacarezinho, é ilegal. Em dezembro do ano passado, o STF decretou o trancamento das ações de despejo durante a pandemia. Porém, a proibição de despejos e reintegrações de posse contra famílias vulneráveis durante a pandemia de covid-19 não está sendo cumprida.
O Jacarezinho não aguenta mais tanta violência e repressão. Nas redes sociais, os moradores denunciam a atuação da polícia na favela: “Quem é de fora não tem noção das coisas da favela. A violência do Estado começa muito antes do primeiro policial apontar a entrada. Ontem, às 17h, já tinha boato de ocupação no Jacarezinho e a cabeça do morador fica como? Monitorando grupos, coração apertado, avisando parentes”, disse uma moradora.
Hoje, quando os moradores da periferia são ameaçados pela pandemia, pela fome, a inflação e o desemprego, a resposta do Estado é invadir as comunidades pobres e expulsar centenas de famílias.