Levantamento aponta que 63% das abordagens policiais na cidade ocorrem com pessoas negras.
Redação Rio
RIO DE JANEIRO – Os jovens negros do Rio de Janeiro são os mais abordados pela polícia. É o que revela a pesquisa “Negro Trauma”, divulgada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), nesta terça-feira (15).
De acordo com o levantamento, 63% das pessoas abordadas pela polícia na cidade do Rio de Janeiro são negras. Também foi apontado que a violência policial nas abordagens aumentou nas últimas duas décadas.
As equipes entrevistaram os moradores em pontos de grande fluxo na capital. Do total de pessoas negras entrevistadas, um quinto já havia sido abordado pela polícia mais de dez vezes. O número de ameaças durante as abordagens também aumentou drasticamente, de 6,5% para 23%.
Um dos entrevistados, um jovem que trabalha como garçom e usa transporte público à noite, declarou para os pesquisadores: “Eu fico pensando, como será a minha vida? Eu vou aguentar ser parado pela polícia todos os dias?”.
Os dados reforçam que o Estado burguês serve para oprimir e explorar os negros. Em especial, a violência policial é utilizada como forma de dominação desde a época da escravidão. Segundo o estudo, 79% dos que tiveram suas casas invadidas pela polícia são negros.
PM-RJ aterroriza população preta e pobre
A Polícia Militar do Rio de Janeiro promove um veradeiro genocídio contra a população preta e pobre. Suas ações terroristas nas favelas são um fracasso e não garantem segurança pública a ninguém. Pelo contrário, massacram os moradores das periferias e são denunciadas pelas inúmeras violações dos Direitos Humanos.
A falta de confiança na Polícia Militar do Rio de Janeiro entre a população é tão alta que, entre os entrevistados pela pesquisa do CESeC, a PM ficou com uma nota 5,3 numa escala de 0 a 10. Entre as pessoas negras, 45% deram nota menor que 5.
Enquanto se mantiver a atual política de segurança pública vigente e as polícias continuarem sendo treinadas para combater um inimigo específico – o jovem, negro e morador da periferia – o genocído não terá fim.
É preciso desmilitarizar a polícia, promover a formação e a educação em Direitos Humanos, punir severamente as violações desses direitos, impedir que práticas herdadas da época da escravidão e da ditadura continuem sendo ensinadas nos quartéis e por fim à guerra às drogas que, em nome do combate ao tráfico, vitima nossa população e perpetua a lógica de violência e repressão existente em nosso país.