UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 6 de outubro de 2024

A atividade física e a qualidade de vida da classe trabalhadora

FALTA DE OPÇÃO – Bairros pobres sofrem com a falta de equipamentos para realização de atividades físicas (Foto: DiCampana/Foto Coletivo)

Enquanto a parte rica da população mantém suas condições físicas em clubes a população pobre sofre com a falta de equipamentos públicos e baixa qualidade de vida.

Luiz AlfredoUJR

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SÃO PAULO – Assim como quase tudo, na sociedade capitalista, o acesso ao esporte e ao exercício físico não é democratizado. Devido à falta de dinheiro, a enorme jornada de trabalho, à falta de informação sobre o assunto, a falta de moradia e a distância da periferia até o centro – onde se localizam os principais espaços de lazer e prática esportiva – as condições para manter uma rotina de exercício físico são cada vez piores para as trabalhadoras e trabalhadores do nosso país.

Segundo dados do IBGE, em 2015, 123 milhões de pessoas de 15 anos ou mais não praticaram esportes. Dessas, 38,2% relataram falta de tempo como principal fator. A falta de tempo foi mais declarada entre pessoas de 25 a 39 anos, chegando a 51,6%. E isso ocorre devido a rotina sobrecarregada da nossa classe, envolvendo trabalho, estudos e serviços domésticos.

E o que isso tem de prejudicial para o povo pobre e trabalhador do país? Tudo. Uma reflexão importante que devemos fazer é: a grande burguesia, os capitalistas e o estado burguês querem um povo com autoestima, autoconfiança, forte, resistente e saudável? Evidente que não. Quanto mais debilitados, doentes, cabisbaixos e incapazes nós estivermos, mais facilmente eles garantem sua dominação, seus privilégios e luxos sobre nós.

PRIVILÉGIO – Parte mais rica da população encontra toda a estrutura em clubes privados (Foto: Club Athletico Paulistano/Divulgação).

Diferentemente do que a grande mídia e a indústria fitness tentam nos convencer, o exercício físico numa sociedade que visa o bem-estar comum não deve ser visto como ferramenta para ganho de “beleza estética”, mas sim como meio de promoção de qualidade de vida, pois são inúmeros os benefícios da prática esportiva para a saúde, tanto como prevenção de enfermidades quanto como tratamento.

A prática de atividade física pode prevenir diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares; pode retardar, tratar e amenizar a osteoporose (perda de massa óssea) e a sarcopenia (perda de massa muscular); é importante para a reabilitação cardiovascular de cardiopatas, contribuindo para um envelhecimento saudável e mais independente

Além disso, contribui para a melhora da autoestima, autoconfiança e autoeficácia, fatores importantes para o controle do estresse e da ansiedade. Também é prescrito como tratamento para a depressão e tem se mostrado, em alguns casos, mais eficiente do que medicamentos.

Todos esses benefícios são mais do que suficientes para enquadrar o esporte e o exercício físico como política pública de prevenção e tratamento de doenças, sendo assim uma ferramenta de saúde pública e não fonte de lucro e exploração do trabalho e do consumo.

Com todos os obstáculos que nos são impostos, ainda assim devemos tentar diminuir esses prejuízos e alcançar alguns ganhos para nossa saúde e bem-estar.

A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requer gasto de energia. Sendo assim, atividades cotidianas que não possuam um plano de treinamento também são efetivas, dentro de seus limites, para o ganho e manutenção de saúde.

Se realmente não for possível praticar exercícios físicos mais planejados e complexos, devemos no mínimo garantir esses minutos de atividade física semanais e atender as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) que são: crianças e adolescentes (5 a 17 anos) devem realizar no mínimo 60 minutos de atividade física (de moderada a alta intensidade) por dia, já adultos e idosos devem praticar no mínimo de 150 a 300 minutos semanais (intensidade moderada).

Para alcançar esse objetivo, podemos iniciar mudando hábitos simples como andar mais a pé ou de bicicleta, subir mais escadas ao invés de utilizar o elevador e a escada rolante, fazer atividades e serviços domésticos dentro de nossas casas, ou seja, aumentar nossa atividade física cotidiana.

Reivindicar o esporte e o exercício físico como política de saúde pública é nosso dever, assim como incentivar nossos companheiros em nossos coletivos a praticar, conscientizar as massas também dessa importância e, se possível, promover através do poder popular condições para que nosso povo pratique. Desse modo, como desejava nosso imortal companheiro Marighella, desenvolveremos nossa resistência física.

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