Indústria 4.0 e Imperialismo: o que existe por trás da ilusão dos grandes avanços tecnológicos?

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“O imperialismo leva as contradições do capitalismo ao último termo, a limites extremos, além dos atuais, começa a revolução.” Ilustração: Felipe Lima

Ana Júlia Lopes


SÃO BERNARDO DO CAMPO – A derrocada do capitalismo é inevitável. O curso dialético da história aponta para o fim desse sistema de produção ultrapassado. As condições em que se encontra a concentração dos meios de produção e capital e o chamado “avanço tecnológico” proporcionado pelo que chamamos de Indústria 4.0 ou 4ª Revolução Tecnológica, escancaram a necessidade histórica de superarmos a forma de organização que temos hoje. Levando em consideração as consequências e contradições que se acirram a cada dia que passa e com as condições criadas pelo próprio capitalismo, chegou a hora de seu fim. 

Imperialismo

Caracterizado como “fase agonizante do capitalismo” em seu livro “Fundamentos do Leninismo”, Stalin ressalta que o curso do capitalismo aponta diretamente para a necessidade histórica de uma mudança radical na organização social. Já Lênin, em seu livro “O imperialismo: fase superior do capitalismo”, aponta as principais características da fase atual em que vivemos. Mas afinal, o que querem dizer os autores marxistas quando afirmam que as contradições chegam ao seu limite extremo? 

A produção social e acumulação privada – a principal contradição da produção capitalista – causa um efeito irreversível de crises cíclicas, que provocam desemprego em massa, impossibilitando a classe trabalhadora de consumir, agravando cada vez mais a situação econômica e aprofundando as desigualdades sociais e acumulação de capital nas mãos de cada vez menos pessoas. 

Mas não só, o capitalismo “avança” tecnologicamente com o objetivo de gastar cada vez menos com os trabalhadores que empregam e extrair cada vez mais mais-valia. Os capitalistas investem em maneiras de substituir a mão de carne e osso do trabalhador por mãos de ferros de robôs e com inteligência artificial. Afinal, os robôs não cansam, não fazem greve, não reclamam, não engravidam ou menstruam e não precisam de direitos trabalhistas. 

Parece distante, mas a Indústria 4.0 está “a todo vapor”, imprimindo cidades em impressoras 3D, substituindo diagnósticos médicos manuais por sistemas de escâner corporal que identificam um tumor em questão de segundos e automatizando cada vez mais as máquinas para que não seja necessário pessoas fazendo movimentos repetitivos o tempo todo durante o processo produtivo. 

Parece que estamos falando no paraíso. Mas lhe pergunto: quais serão os rumos do trabalho na sociedade capitalista? Quantos postos de trabalho se extinguiram e quantos mais serão extintos? Qual tem sido o preço pago pela classe trabalhadora por tanto “avanço”? 

Dados de uma pesquisa realizada pela UnB (Universidade de Brasília), projetam que, até 2026, 54% dos empregos formais serão substituídos por softwares e robôs, um equivalente a 30 milhões de postos de trabalho que deixarão de existir. Basta olharmos ao nosso redor. Hoje, no Brasil, temos mais de 14,3 milhões de pessoas desempregadas. Quão grande será esse número em 2026? É fato que a fome e a miséria têm sido mais presentes na vida dos brasileiros e brasileiras, assim como é fato que do outro lado temos uma série de tecnologias que, se usadas ao interesse comum, resolveriam esses problemas. 

Tamanho desenvolvimento tecnológico não deveria ser algo para se preocupar, já que, deveriam significar trabalhos realizados com menos intensidade e com menos riscos à saúde, redução da carga horária de trabalho para as trabalhadoras e trabalhadores, aumento da produção, entre tantas coisas. No entanto, nenhum desses avanços é pensado com o objetivo de melhorar as condições do trabalho e sim para que haja mais lucro para os próprios capitalistas. 

Dessa forma, na prática vemos o imperialismo criar o exército de pessoas que irá derrubá-lo, já que sem postos de trabalho para serem ocupados o povo não tem uma alternativa a não ser a luta, principalmente pela sobrevivência. 

Tem sido evidente que a revolução tecnológica serve ao aumento do lucro, da desigualdade e subjugação do nosso povo. Sabemos que não deveria ser assim. É necessário nos apropriarmos daquilo que é nosso, pensarmos em tecnologias para melhorar a vida do povo. Paraíso seria viver num sistema em que a automação e inteligência artificial significassem boas mudanças, mais tempo para o povo se dedicar a arte, a cultura, a pesquisa e a ciência, e não, como vemos hoje, um aumento da miséria. E para isso se concretizar precisamos construir essa sociedade, nos organizar, estudar, e lutar todos os dias para que nossos filhos possam viver no socialismo.