Merenda com larvas é servida aos estudantes secundaristas de Santo André

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LARVAS – Denúncia dos estudantes secundaristas revela falta de condições sanitárias básicas nas escolas públicas. (Foto: Reprodução/Viva ABC).

Estudantes encontraram larvas na merenda da Escola Estadual Celso Gama, em Santo André.

Gabriela Torres Martins

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Quão importante é a educação para a construção da sociedade? Para o governo do Estado de São Paulo a resposta a esse questionamento é: nenhuma. As escolas públicas estaduais sofrem com a falta de investimentos nos governos do PSDB há 28 anos.

Resultado desse descaso, estudantes da Escola Estadual Celso Gama – localizada na cidade de Santo André – sofrem com a falta de condições sanitárias básicas e receberam merenda com larvas no dia 21/02.

“Na hora de colocar a comida no prato, a gente viu larva na comida e foi conversar com a diretora” disse Ana Silva*, estudante da escola, para o Jornal A Verdade. “A diretora disse que era ‘uma larvinha ou outra’, que ‘não matava ninguém aquilo’. Aconteceu ontem e pode acontecer outras vezes até aquele lote acabar”, completou.

Mas esse descaso não é de hoje. Uma das principais representações do partido, Geraldo Alckmin, foi indiciado pelo desvio de verba pública destinada à merenda para as escolas estaduais enquanto era governador.

E tampouco esse descaso tende a acabar enquanto o estado for governado pelo PSDB. Por exemplo, o atual secretário de educação do governo Dória, Rossieli Soares, foi responsável por aprovar a Reforma do Ensino Médio enquanto era ministro do governo Temer. Agora, força a adoção do PEI (Programa de Ensino Integral) e fechamento do ensino noturno – propostas que excluem estudantes pobres que precisam trabalhar ou ajudar a família.

Nenhuma proposta de inclusão é pensada para os jovens que trabalham, que cuidam de familiares para que pai ou mãe possam trabalhar ou que não tiveram oportunidade de estudar na idade normal e agora querem retomar os estudos.

O projeto político do PSDB – tanto na prefeitura de Santo André, quanto no governo do estado paulista – é o mesmo do governo do fascista Bolsonaro: a elite pode comer peças de picanha mais caras que o atual salário mínimo enquanto aos estudantes secundaristas só resta merenda com larvas.

ORGANIZAÇÃO – Assembleia de estudantes do grêmio Edson Luís, filiado à ARES-ABC, em Mauá. (Foto: Reprodução).

Apesar dos ditos representantes populares não se preocuparem com os mais de 244 mil jovens que estão fora da escola, movimentos sociais de juventude pautam a realidade das próximas gerações na conjuntura, organizando lutas práticas: “Muitos estudantes são pobres e, dentro de casa, não tem comida, a verdade é que muitos vão pra escola só com o objetivo de fazer uma refeição e a escola não poder oferecer uma comida de qualidade, dar larva pros alunos comerem, é um descaso enorme com a vida desses jovens” diz Felipe Manfredini, diretor da ARES ABC (Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do ABC paulista).

Defendendo mais investimentos na educação pública, políticas de permanência para os estudantes pobres e o retorno presencial e seguro às escolas, a União da Juventude Rebelião – junto à ARES-ABC – tem organizado mobilizações importantes entre os secundaristas na região.

A UJR e outras entidades que constroem a oposição à atual gestão da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas convocam os estudantes para revelar mais denúncias, como o caso da Escola Celso Gama, e a se organizarem para lutar pela educação pública, gratuita e de qualidade.

* Nome alterado para preservar a identidade.