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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Movimento Correnteza denuncia gestão desigual de verbas na UFRB

Lúcio Apoema, Salvador-BA.

O orçamento discricionário (destinado a manutenção das bolsas auxilio, reformas nos prédios) das universidades federais tem sofrido cortes desde 2014. Portanto, sabemos que a falta de estrutura nos campus é uma realidade desde antes da pandemia. Com os ataques, universidades ameaçaram fechar as portas. Em 2021, essa realidade se intensificou quando diante de um novo corte orçamentário, os estudantes ocuparam as ruas para lutar contra essas ameaças. Devido ao cenário da Covid-19, muitos passaram a defender que se mantivesse a logística de aulas remotas, por parte de alguns docentes.

A Universidade Federal do Reconcâvo da Bahia foi criada em 2005, por ser jovem, os cortes acabam por afetá-la mais. Afinal, não possui uma estrutura de bibliotecas, salas de aula, laboratórios, restaurantes universitários, residências tão consolidada. A exemplo, R.U só há o de Cruz das Almas, ainda assim, uso somente para os alunos que moram na residência. Contudo, há um boicote da reitoria em direção ao movimento estudantil, alguns discentes chegam a receber links para C.E.B’s somente dez minutos antes do inicio; não somos informados sobre quais são os gastos financeiros, tanto que não há uma auditoria desde 2020.

Na entrada da UFRB, é possivel identificar uma placa informando sobre a reforma que custou cerca de 210 mil reais.

No outdoor na frente do Quarteirão Leite Alves, há a informação de 200 mil reais gastos na reforma do local. Ao entrarmos, vemos que foram apagados todos os grafites, pixações feitos nos muros, ilustrando a falta de respeito dos administradores locais pela arte, movimentação estudantil. Tais decorações eram uma realidade sócio-histórica dos estudantes organizados, guardavam memórias de quem por ali passou e passava. Hoje, viraram muros brancos.

Há uma realidade assustadora, em relação a manutenção do local: computadores MacBook estragados devido a goteiras no teto, casa de cupim consumindo uma parte do telhado. A tecnologia, hoje destruída, contribuia para o destaque da faculdade em relação ao curso de Cinema e Audiovisual, além de ter custado na época, 4 milhões de reais para a montagem do Laboratório de Áudio e Vídeo. Ou seja, além dos cortes, há um mau uso do dinheiro, podemos falar até mesmo de desperdício. Demonstrando que devido a falta de ensino presencial, a faculdade fica ainda mais abandonada, já que não há alguém para fiscalizar o que o poder público faz.

Computadores MacBook quebraram por conta de goteiras no teto.

No combate a pandemia, banheiros utilizáveis para a lavagem das mãos são de extrema importância. Entretanto, um dos três que contam o CAHL, continua interditado. Também não há, até a visita do professor Xavier Vatin no dia 17/02/2022, dispositivos de álcool em gel e bebedouros do tipo sem contato. Fica ainda mais a pergunta: pra onde foram os 200 mil reais que estavam aqui?

Volta às aulas

O cursos de Bacharelado em Ciências Sociais não vai voltar as aulas no semestre que se inicia no dia 11 de abril. Uma das justificativas dadas é que as turmas devem se restringir a 17 alunos por sala. Alguns cursos divulgaram em seu planejamento, que serão ofertadas disciplinas com 40 alunos, a ser realizada de forma presencial. O ensino remoto prejudicou também a pesquisa e extensão nas universidades. Boa parte dos grupos de pesquisas pararam, e alguns dos que continuaram, estão apenas enquanto grupo de estudos.

Casas de cupim se formam no telhado da UFRB.

Há alguns prédios no domínio da UFRB em Cachoeira, e outros em São Félix, em reforma há mais de dez anos, e em seu canal, a universidade afirma ter entregue. Segundo os administradores, não há espaço o suficiente para abrigar duas turmas para cada matéria ministrada, uma das opções dadas pelo movimento estudantil, para evitar aglomeração. Além disso, relatam não ter necessidade de aulas presenciais nessa formação, por se tratar de estudo teórico e não prático. Realizando análise desfocada da totalidade, não percebendo ser na prática, o aprendizado da teoria, e faltando possibilidades de pesquisa acadêmica, pois, nem todas as pesquisas dão para serem feitas com a mesma qualidade de forma virtual.

Chegou a ser informado aos estudantes de Licenciatura que teriam quatro matérias presenciais ofertadas. Atualmente, se diz ter apenas duas: uma de Laboratório, outra de Estágio. Ora, se um dos argumentos para manter o remoto no bacharelado é ser apenas teoria, quais são para o mantimento na Licenciatura? Já que num estágio, é necessário ter contato com a escola e os alunos e os laboratórios são para desenvolvimento de pesquisas a serem utilizadas posteriormente na educação, necessitando de aula prática para tal.

Finalizo dizendo que, queremos sim não ter aglomeração nos corredores e em salas de aulas (sem ventilação em sua maioria), todavia, o aprendizado é essencial, e nesse cenário de aulas remotas, sem preparação didática alguma por parte dos professores para lidar com esse mundo virtual, estudantes passam sem saberem realizarem um bom resumo da grade cursada, sem ter reflexão mínima sobre as temáticas. É hora de voltarmos a luta, e para ela, é necessário também, estudar.

Boa parte dos ar condicionados estão danificados.

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