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sábado, 23 de novembro de 2024

Greves se espalham pelo ABC Paulista

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Greve da Limpeza Urbana no ABC Paulista se soma à diversas outras categorias que paralisaram no último período. Foto: Reprodução

Nos últimos meses, greves e paralisações têm crescido na região do ABC Paulista, no Estado de São Paulo. São diferentes categorias como metalúrgicos, professores, servidores, trabalhadores da limpeza, terceirizados entre outros, que decidiram enfrentar, através da luta, os reflexos da desindustrialização, da precarização do trabalho, do desemprego e do aumento do custo de vida que afetam a região. 

Amanda Bispo e Isabella Alho


SÃO PAULO– As reivindicações passam pelo direito ao trabalho, auxílios de transporte e alimentação, direitos trabalhistas que foram negados, além do reajuste salarial. Esta última foi a reivindicação dos mais de 1.000 servidores públicos que se reuniram na cidade de Santo André, em março, realizando um grande ato pelo reajuste da inflação no salário. Uma nova mobilização já está marcada para abril. Sobre a mesma reivindicação, mais de 2.000 servidores do município de São Bernardo do Campo realizaram uma grande manifestação na manhã do dia 08 de abril  e seguem em estado de greve.

Servidores de São Bernardo do Campo realizaram grande paralisação marchando pelas ruas da cidade.

Na mesma cidade, os trabalhadores da limpeza urbana da SBA AMBIENTAL, serviço terceirizado, deflagram greve pela melhoria das condições de atendimento médico oferecida pela empresa. 

Foi contra a precarização do ensino e por melhores condições de salário que centenas de professores da rede estadual do ABC se somaram à paralisação vitoriosa em São Paulo contra os ataques de João Dória (PSDB). As greves crescem a solidariedade entre a classe trabalhadora, os grevistas se mostram exemplo de dedicação e fidelidade, para transformar a sua vida, de suas famílias e de seus colegas. Como foi o caso na cidade de Diadema, em que os professores de uma importante Escola Estadual paralisaram as atividades e, mesmo com perseguições realizadas pelos aliados ao governo, continuam em luta por direitos trabalhistas.

O fechamento de postos de trabalho tornou-se realidade na Região do ABC Paulista, assim como a luta pelo emprego. Em Ribeirão Pires, os trabalhadores demitidos da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) que não receberam seus pagamentos realizaram paralisação afetando linhas intermunicipais de todo do ABC.

Trabalhadores da Toyota pararam a produção contra o fechamento da unidade do ABC. Foto: Adonis Guerra

Mais recentemente, a Toyota anunciou o fechamento das portas depois de 60 anos de produção e os metalúrgicos aprovaram aviso de greve e estado permanente de mobilizações como relata Marcelo Pavão, trabalhador metalúrgico do ABC Paulista:

“Como reflexo da política de desindustrialização do país por parte do Governo Bolsonaro, a fábrica anunciou no dia 05 de abril o fechamento da planta e a transferência das operações para o interior, surpreendendo os 550 funcionários que não têm perspectiva de futuro na crise econômica em que vivemos, sem contar com os trabalhadores terceirizados e indiretos que serão impactados. Em assembleia, os trabalhadores declararam greve e mobilizaram na principal avenida da cidade um ato contra o desemprego e pela permanência da empresa no ABC.”

Além disso, a Mercedes-Benz, por falta de peças, colocou 5 mil funcionários em férias coletivas. O que indica uma situação geral nas fábricas do ABC paulista. Os cegonheiros da região também anunciaram greve em defesa da redução do preço da gasolina. Todas estas greves se somam às mobilizações nacionais como a greve dos servidores federais, dos trabalhadores do Banco Central e dos trabalhadores dos aplicativos. 

Com o aumento do preço das mercadorias, dos serviços e o reajuste do salário mínimo abaixo da inflação, os salários dos trabalhadores já não cobrem mais as contas necessárias para viver. Segundo o Dieese, para cobrir os gastos básicos, o salário mínimo no Brasil deveria ser R$6012,18, o que passa longe da realidade da maioria dos brasileiros.  As greves, portanto, são reflexo da realidade da vida difícil vivida debaixo do sistema capitalista aliado ao Governo fascista de Bolsonaro.

O Brasil voltou ao mapa da fome, o povo recebe salários miseráveis, trabalha muitas horas, sem segurança e em más condições; a educação está sucateada, assim como os serviços de saúde. Enquanto isso, os donos das montadoras, aplicativos, grandes empresários e banqueiros, assim como o Governo Bolsonaro e seus militares, não vivem essa crise, pelo contrário, estão cada vez mais ricos. O único trabalho deles é garantir que quem trabalha duro, pague a conta dos seus privilégios e luxos, nem que para isso o povo viva no inferno. 

O crescimento das greves no Brasil e no ABC paulista nos mostram como as teorias de Marx e Engels seguem extremamente atuais. A principal contradição da nossa sociedade segue sendo o capital e o trabalho, ou seja, a luta de classes. Para estes históricos cientistas sociais, as greves são um forte instrumento das trabalhadoras e trabalhadores para enfrentar a realidade que vivem. A luta por objetivos imediatos, como salário, condições de trabalho e direitos fortalecem a luta pelos objetivos finais da classe trabalhadora, o fim da sua exploração.

Hoje precisamos lutar pelo emprego, pelo reajuste salário, por nossos direitos, mas também por um programa político capaz de transformar profundamente a produção no país. Um programa que garanta trabalhos e salários dignos, qualidade de vida, que enfrente os grandes patrões, preserve a soberania nacional, invista em ciência e tecnologia e coloque o povo no centro. Este programa deve ser o programa do poder popular e do socialismo, como é o programa da Unidade Popular. 

Militantes do Movimento Luta de Classes (MLC) e da Unidade Popular (UP) realizam brigada do Jornal A Verdade na paralisação dos servidores de Santo André. Foto: Jornal A Verdade

Sendo assim, nós, militantes da Unidade Popular do ABC Paulista, devemos saudar todas as trabalhadoras e trabalhadores que tem sido exemplo na construção das greves e mais, devemos, como tarefa, acompanhar o máximo de greves surgidas nas nossas cidades, apoiar os trabalhadores, realizar brigadas do Jornal A Verdade entre estas categorias e apresentar nosso programa a todos aqueles e aquelas indignados com a situação do país

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