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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Correnteza defende uma USP construída pelo povo

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RETORNO PRESENCIAL – Pressão do movimento estudantil garantiu a realização da recepção presencial de calouros (Foto: Bianca Caroline/ Correnteza).

Movimento Correnteza organizou diversas atividades em defesa do retorno presencial e seguro que garantisse o direito dos(as) estudantes viverem a universidade em toda sua potencialidade.

Bianca Caroline – Estudante da USP

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SÃO PAULO – Resultado de um processo de construção de lutas consequentes pelo retorno presencial e seguro pautando a permanência estudantil, a volta presencial no ano de 2022 não estava garantida pela gestão da USP, e teve que ser conquistada pelas mobilizações estudantis.

Os dois últimos anos de ensino remoto marcaram profundamente a experiência universitária de várias gerações de estudantes. Esse  longo período de ensino à distância deixou muitos estudantes ainda mais próximos de uma realidade de desamparo e solidão, a qual, em grande parte, é responsável pelo adoecimento mental do corpo discente.

A melhor alternativa que muitos encontraram nesse tempo foi a de engajar-se no movimento estudantil como forma de mudar o perfil elitista e excludente da universidade, além de garantir que ela voltasse a ser ocupada presencialmente.

Na linha de frente dessa luta, o Movimento Correnteza convocou para no dia 16 de fevereiro uma plenária com o tema: “Por um retorno presencial das aulas na USP presencial e seguro!” que contou com a presença de mais de 50 estudantes de diversos cursos, incluindo muitos ingressantes. 

Durante essa vitoriosa plenária que debateu a situação dos nossos cursos e as condições para um retorno que esteja atrelado aos interesses dos estudantes pobres e trabalhadores, decidimos pela construção de um ato  – que ocorreu na semana seguinte – para pressionar a nossa universidade por permanência e segurança.

No dia 23, a manifestação contou com a adesão de dezenas de estudantes, centros acadêmicos, trabalhadores e até professores da universidade ao longo de seu trajeto que percorreu da portaria 1 até a reitoria.

PERMANÊNCIA – Estudantes produzem cartazes durante ato pela assistência e permanência estudantil na USP (Foto: Bianca Caroline/ Correnteza).

O ato contou com diversas falas em caráter de denúncia sobre o descaso da USP diante dos estudantes. Um exemplo disso é que, a menos de um mês do retorno, a universidade anunciou que não era certo que todos os estudantes voltariam a ocupar o espaço universitário de forma presencial, desconsiderando as dificuldades que se impõem aos estudantes em meio ao planejamento para o retorno e que se agravam diante do desamparo em que se encontram – devido à falta de auxílios – principalmente quem não mora na capital e não possue nem mesmo moradia garantida.

Outra questão apresentada como condição essencial para o retorno durante a manifestação do dia 23 foi a defesa de uma calourada presencial, capaz de ocupar e apresentar os espaços estudantis e entidades garantindo assim a politização desse momento tão caro de integração dos estudantes ao ambiente universitário por meio do contato com o espaço físico dos institutos e com o movimento estudantil, os coletivos e as instâncias de representação dos estudantes.

Numa correnteza de conquistas garantimos que na reunião da Congregação da ECA fosse confirmado o retorno presencial a partir de 14 de março nos respectivos departamentos da faculdade. Tal posição dentro da Congregação foi um efeito direto da pressão organizada de forma combativa e rebelde no ato pela permanência e retorno seguro.

No final de semana anterior à calourada, nós fizemos mais uma Reunião Geral em Defesa da Educação Pública planejando os nossos próximos passos para construir conjuntamente um retorno de forma plena na universidade começando a partir da garantia de uma calourada politizada, integradora e com mesas para discutir a permanência estudantil, o orçamento universitário, a participação popular nos rumos da nossa História, além de rodas de debate sobre conjuntura e leitura do nosso jornal.

Num ano tão crucial como 2022, abrimos no dia 14 de março a programação da nossa calourada por uma USP construída pelo povo com a mesa de abertura “22 e suas Revoluções: o povo escreve sua história”, organizada pelo Centro Acadêmico de História – Luiz Eduardo Merlino (CAHIS), da qual participaram os companheiros Queops Damaceno (coordenador nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), Gabriel Borges (militante do Movimento Correnteza e representante discente na Congregação da FFLCH) e Yani Gonzalez do Consulado de Cuba que falou sobre o centenário da União Soviética(1922-2022) e o seu legado de muita resistência e luta que nos serve de inspiração para a organização de nossa revolta rumo à construção de uma sociedade mais justa e de uma História escrita pelo povo. 

Além de atividades locais na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), na Escola de Comunicação e Artes (ECA),  na História (FFLCH) e no Instituto de Relações Internacionais (IRI), contamos com mais uma mesa: “Para onde vai o dinheiro da USP e por que não está indo para a permanência?”.

O evento contou com a participação da Diretora de Negros e Negras da UEE-SP, Sabrina Ferreira, com Gabriel Borges e Luiz Chacon (militante do núcleo de luta MLB USP) para debater o orçamento bilionário da universidade e o quanto custa ao bolso dos estudantes pobres, periféricos, pretos, mães e trabalhadores estudar e permanecer na USP convidando todos para discutir, organizar e aprofundar a luta pelo direito à cidade e pela permanência estudantil!

A calourada estendida foi marcada por intervenções na pró-aluno do vão do prédio da História e Geografia com a colagem de dezenas de cartazes e faixas produzidas pelo conjunto de estudantes!

Além das colagens, um Manifesto contendo as demandas estudantis foi fixado e ficou exposto nas demais pró-aluno da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, em conjunto com os CA’s de todos os cursos, de modo a realizar uma ampla denúncia do descaso da faculdade para com a permanência dos alunos ao retirar de forma totalmente antidemocrática e sem nenhum tipo de debate com o corpo estudantil o direito às cotas de impressão de texto.

Ainda na linha de muita combatividade e resistência, na semana seguinte à calourada concentramos as nossas energias em aprofundar a nossa relação com os estudantes fazendo passagens em sala nos mais diversos cursos dentro e fora da Cidade Universitária, de modo garantir o crescimento da nossa atuação dentro do movimento estudantil e um próximo período de revolta organizada nas diversas lutas que travaremos junto aos movimentos sociais pela construção conjunta de uma sociedade mais justa que tanto desejamos. 

Seguimos juntos na luta! As palavras convencem, o exemplo arrasta!

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