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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Trabalhadores da Toyota lutam contra fechamento da fábrica no ABC

ESTADO DE GREVE – Trabalhadores da Toyota se organizam contra fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (Foto: Reprodução/ Adonis Guerra/ SMABC).

Mesmo obtendo lucros enormes, empresa quer transferir fábrica para o interior para ganhar mais dinheiro, sem se preocupar com os trabalhadores.

Marcelo Pavão

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SÃO PAULO – Após obter lucro de US$ 6,85 bilhões apenas no terceiro trimestre de 2021, a direção da Toyota surpreendeu os 550 trabalhadores da unidade produtiva de São Bernardo do Campo ao anunciar, no dia 05 de abril, o fechamento da fábrica e a transferência das operações para o interior. A unidade foi a primeira a ser aberta fora do Japão, em 1962, e produziu 1,4 milhão de peças apenas no ano passado.

“É importante dizer que o movimento prevê manutenção de emprego, ou seja, será oferecida oportunidade a 100% dos colaboradores que hoje trabalham na operação do ABC paulista”, afirmou a montadora.

Contudo, a decisão da empresa ignora se os trabalhadores podem se mudar para o interior e sobreviver durante a pior crise econômica das últimas décadas, jogando-os à situação de desemprego.

“Minha esposa é professora, tem estabilidade, meus filhos já são adultos. Tenho minha casa aqui, para mim não seria viável ir para o interior. Vamos lutar, temos que ir para cima, não podemos abrir mão, vamos brigar até o final”, relatou José Cícero, trabalhador da Toyota há 25 anos, à Tribuna Metalúrgica.

Os trabalhadores aprovaram em assembleia o estado permanente de mobilização contra a decisão dos capitalistas declarando greve e realizando atos na principal avenida da cidade e em frente à portaria da fábrica.

No dia 11 de abril, após o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC conquistar através da Justiça do Trabalho uma mesa de negociação com a Toyota, os trabalhadores retornaram aos postos de trabalho.

A luta dos trabalhadores pela permanência da fábrica é mais do que justa. O sindicato deve lutar pelo direito ao trabalho digno e por respeito ao trabalhador. Porém, não se pode prescindir da denúncia do Governo Bolsonaro e da minoria de ricaços, donos das fábricas e das terras, como os verdadeiros culpados pelo desemprego e pela miséria do povo.

A verdade é que nada explica o descaso com os trabalhadores senão a insaciável busca dos capitalistas por aumentarem seus lucros a qualquer custo e nos fazerem pagar pela crise econômica que eles criaram.

A crise na indústria é culpa dos capitalistas e do governo Bolsonaro

Devemos lembrar que a décadas essas empresas recebem benefícios fiscais para se manterem no Brasil. Todos os governos capitalistas e todos os partidos que assumiram a presidência se renderam às pressões das montadoras. Mesmo assim, as empresas viraram as costas para os trabalhadores e levaram seus lucros embora do país.

A Ford fechou sua unidade industrial em São Bernardo do Campo e demitiu milhares de trabalhadores em 2019; já a Mangels transferiu sua sede para Minas Gerais em 2020, e agora, a Toyota anuncia seu fechamento e a Mercedes-Benz colocará 5 mil trabalhadores em férias coletivas em abril por falta de peças.

A desindustrialização da região do ABC Paulista, historicamente um polo operário do nosso país, é reflexo da política fascista do Governo Bolsonaro de ataques aos trabalhadores. Como representante da classe dos ricos, seu projeto econômico e político para o Brasil é de transformar o país em um fazendão que exporta commodities – produtos da agropecuária e nossos valiosos minérios – para a Europa e para os Estados Unidos, vendendo nossas riquezas a preços baixos.

Por isso, a cada ano, mais indústrias brasileiras fecham suas portas e mais empresas estatais são privatizadas. Quem paga o preço é sempre o povo. Produzimos comida, mas nosso povo passa fome; temos direito ao trabalho, mas não há geração de emprego; o Brasil é rico, mas o brasileiro é cada vez mais pobre.

Se nós, milhões de explorados e exploradas no Brasil, tomássemos as fábricas e cruzássemos os braços para dizer que somos nós que deveríamos ter o poder de decidir se as fábricas fecham ou não o que fariam os capitalistas, se esses dependem da nossa exploração para desfrutarem de seus lucros bilionários?

Qual deles sairiam de suas mansões luxuosas para sujar suas mãos e produzir cada caminhão e construir cada prédio do nosso país?

Essa é a missão histórica da classe trabalhadora: assumir o controle da produção e construir o socialismo, onde essa produção será revertida em qualidade de vida para o povo. Nada mais justo, pois são os trabalhadores que produzem todas as riquezas que hoje são apropriadas pelos donos das indústrias.

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