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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Pobreza e violência: um retrato do Brasil com Bolsonaro

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É notório como a situação dos brasileiros se torna cada vez mais precária com as políticas liberais adotadas pelo desastroso governo de Jair Bolsonaro. O saldo de seus quase quatro anos de gestão é o aumento dos lucros das grandes empresas, falência dos pequenos comércios, aumento da violência contra mulheres, negros e pessoas da comunidade LGBT, desemprego e fome. 

Karina Rodrigues Albuquerque
Rio de Janeiro


OPINIÃO – O povo brasileiro sofre com o aumento do custo dos alimentos, item básico para sobrevivência de qualquer ser humano, enquanto os nossos salários continuam sem ter aumentos significativos.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em março, o valor da cesta básica aumentou em todas as capitais brasileiras. Destaca-se que o maior reajuste foi em São Paulo, onde a cesta apresentou o custo de R$761,19. Ainda segundo a pesquisa, entre março de 2021 e 2022, todas as capitais tiveram alta na cesta básica que variaram entre 11,99% e 29,44%. 

Enquanto isso, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, aponta que em março tivemos safra recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas, totalizando 258,9 milhões de toneladas de alimentos produzidos em apenas um mês. Apesar disso, cerca de 120 milhões de brasileiros não têm pleno acesso à alimentação e pelo menos 20 milhões estão em situação de fome.

Uma situação um tanto contraditória, pois, se temos safras recordes, por que os preços dos alimentos estão tão altos e o povo está passando fome? O discurso dos defensores do liberalismo econômico não prega justamente que o excedente de produção geraria uma baixa nos preços e, consequentemente, maior acesso às mercadorias? Porém, como vemos e sentimos no bolso, a realidade é outra: o liberalismo não se importa com as vidas, apenas com o lucro.

Mais: segundo boletim das negociações salariais de março de 2022, do Dieese, a variação real média dos salários em fevereiro foi de -0,98%, ou seja, uma redução salarial baseada nos dados de inflação. Podemos ver nos gráficos abaixo, elaborados pelo Dieese com informações do Ministério do Trabalho e Previdência, a discrepância entre os valores de reajustes de salários reais e o que seria de fato necessário. 

Violência e opressão

É possível ver como o desmonte das instituições, notoriamente das que no passado promoveram algum tipo de combate à exclusão da sociedade de camadas historicamente vulneráveis, trouxe consequências negativas para a maioria do povo. 

É o caso das mulheres, que sofrem violências sistemáticas por conta do machismo estrutural. Segundo dados do boletim Elas Vivem, da Rede de Observatórios de Segurança, comparado a 2020, em 2021 houve um aumento de 8% em relação aos casos registrados de feminicídio e violência contra a mulher. Importante destacar que a pesquisa é realizada com base em monitoramento de mídia dos estados, uma vez que os registros policiais são subnotificados.

O boletim também aponta que os casos de transfeminicídio são apagados, uma vez que o Estado se omite da proteção dos corpos de pessoas trans, pois a categoria de transfeminicídio sequer é reconhecida pelos governos. 

Atualmente, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) produz um dossiê anual sobre assassinato de pessoas trans no Brasil. Segundo o último levantamento, de 2008 para cá houve um aumento de 140% nos casos de assassinatos de pessoas trans no país. 

Dennis Pacheco, em artigo publicado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, relatou como grupos identitários masculinistas, que se constituem não como grupos pautados por direitos, mas contra movimentos (leia-se reacionários), de negação de direitos de mulheres e LGBT’s, constroem narrativas de que os homens estariam sendo oprimidos pelo redesenho das representações sociais de gênero e sexualidade.

Ora, não é exatamente essa a pauta principal do atual Governo Federal? Embora muitos insistam em dizer que as posturas adotadas por Bolsonaro são inofensivas, a realidade se impõe mostrando o quanto seu discurso, aliado com o desmonte das políticas públicas, acabam ensejando uma maior violência entre os grupos mais vulneráveis. Logo, não é coincidência o aumento de 270% de células neonazistas no Brasil nos últimos três anos, exatamente o tempo de governo do ex-capitão, como denunciou reportagem do Fantástico, em 16/01/22. Esse é exatamente o projeto de poder desse governo de caráter fascista. A exaltação dessa doutrina podre, que promove o ódio a tudo que não siga a heteronormatividade cisgênera branca, faz parte disso.

O atual governo também promove um verdadeiro genocídio da população negra, vítima quase que exclusiva da munição dos fuzis das forças policiais militares no Brasil, essa vergonhosa herança da ditadura. 

Segundo o relatório Pele-alvo: a cor da violência policial, da Rede de Observatórios de Segurança, mostra que nos estados pesquisados (o estado do Maranhão, governado por Flávio Dino, ex-PCdoB, se recusou a fornecer dados raciais de pessoas assassinadas pela polícia), em média, 87% dos mortos pela polícia são negros. Vemos claramente que trata-se de uma política de extermínio, cada vez mais incentivada pela administração Bolsonaro, que promove o armamento de parte da população (os que têm dinheiro para comprar armas) e incentiva operações violentas das já brutais polícias militares.

Portanto, é notório como a situação dos brasileiros se torna cada vez mais precária com as políticas liberais adotadas pelo desastroso governo de Jair Bolsonaro. O saldo de seus quase quatro anos de gestão é o aumento dos lucros das grandes empresas, falência dos pequenos comércios, aumento da violência contra mulheres, negros e pessoas da comunidade LGBT, desemprego e fome. 

Por mais que Bolsonaro, os militares e toda essa corja liberal insistam em seu fictício plano de progresso no país, a realidade se impõe e desmascara a política liberal que apenas aumenta a acumulação de capital para os ricos e joga os pobres cada vez mais à sua própria sorte, fazendo com que o Estado atue como um Robin Hood às avessas, tirando dos pobres para dar aos ricos.

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