Preço do aluguel dispara no Rio e população sofre com despejos

346

Segundo o Índice QuintoAndar, o aumento foi de 2,16% em abril, comparado com março. Sem emprego e renda, a maioria da população vive sob risco constante de despejo.

Igor Barradas | Redação RJ


MORADIA Os custos com o pagamento do aluguel têm se tornado insustentáveis para a maioria das famílias do Rio de Janeiro. Em abril, 87% dos bairros da Zona Sul e 50% dos bairros da Zona Norte registraram aumento de preço no metro quadrado.

O indicador QuintoAndar apontou uma alta de 2,16% em comparação com março. A capital fluminense tem hoje um dos metros quadrados mais caros do Brasil: R$ 33,11. Este é o maior valor do metro quadrado desde que o índice foi lançado, em 2019.

Os apartamentos de dois e três dormitórios, por exemplo, tiveram um aumento expressivo em seus preços. Em comparação com março, aumentaram 2,85% e 1,23%, respectivamente.

Despejos

Consequência direta no aumento dos aluguéis, o número de despejos tem crescido no Rio de Janeiro. Entre os meses de março de 2020 e fevereiro de 2022, foram 5.560 famílias despejadas, e outras 3.463 famílias estão ameaçadas de despejos e remoções no Estado, segundo dados da Campanha Despejo Zero. 

Mas esse não é um problema apenas do Rio de Janeiro. Em todo Brasil, mais de 132 mil famílias estão sob risco de despejo. Nos últimos dois anos, desde o início da pandemia, houve um aumento de 602% no número de reintegrações de posse.

MLB já realizou 23 ocupações por moradia desde o início da pandemia (Foto: Willian Vieira)

Os dados expressam uma dura realidade. Enquanto os ricos lucram milhões por dia, a maioria da população é lançada à própria sorte, tendo que sobreviver com salários de fome, desemprego e com caríssimos preços de aluguel. 

A supervalorização da propriedade imobiliária urbana, sobretudo nos bairros centrais, é um fenômeno comum no capitalismo. O encarecimento desses bens também é influenciado pelos investimentos públicos destinados à melhoria da infraestrutura, construção de equipamentos e serviços. Por isso, é comum que áreas valorizadas sejam mais atendidas pelo poder público do que regiões mais afastadas e populares.

Também é comum vermos milhares de famílias sendo expulsas de suas casas e empurradas para a periferia e áreas de risco. 

Se o Estado representasse realmente os interesses populares deveria regular o uso do solo urbano nas regiões valorizadas a fim de garantir o interesse público e a socialização dos ganhos resultantes das melhorias naquele local.

Porém, os governos, muitos deles ligados a grandes construtoras e empresas do setor imobiliário, são coniventes com a existência de imóveis vazios à espera da valorização. Isso é o que chamamos de especulação imobiliária, ou seja, quando o dono deixa o imóvel abandonado ou subutilizado de propósito, aguardando sua valorização, para posteriormente vendê-lo ou alugá-lo por um valor mais elevado. 

Por isso, é fundamental a luta que vem sendo desenvolvida pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que já realizou 23 ocupações por moradia desde o início da pandemia. 

Para superar de uma vez por todas tal situação é preciso uma profunda reforma urbana que vá além do capitalismo, democratize as cidades e, como gosta de dizer o bravo frei Gilvander, livre da cruz do aluguel as famílias brasileiras.