Os milhões de reais que financiam os grandes partidos, principalmente de direita, são investimentos feitos para que medidas interessantes aos ricos sejam aprovadas. Então, quem financiará a campanha da UP? O povo trabalhador, pois, como sabemos, a emancipação dos trabalhadores só poderá ser obra dos próprios trabalhadores.
Amanda Bispo – Pré-candidata à deputada estadual em São Paulo
SÃO PAULO – A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) enquanto um partido do povo trabalhador e pobre, comprometido com a luta revolucionária, enfrenta o desafio de participar de sua primeira eleição a nível nacional. Essa participação com certeza não contará com nenhum financiamento de empresários ou banqueiros, mas necessitará combater as fakenews e as mentiras do facismo, precisará de estrutura material: de transporte, alimentação, para alcançar quem concorda com o programa do poder popular. Então fica a pergunta, quem financiará a campanha da UP?
No capitalismo não há uma verdadeira democracia. A disputa eleitoral no Brasil é historicamente marcada pela desigualdade, as eleições de 2020 são um exemplo desta realidade e não será diferente nas eleições de 2022. As candidaturas que mais possuem investimentos financeiros são as que mais ocupam espaço entre os cargos elegíveis.
O PSDB foi o segundo partido que mais gastou com as eleições, somando R$254 milhões de investimento, segundo dados do TSE. Não à toa, foi este o partido que elegeu a prefeitura da maior metrópole da América Latina: o falecido Bruno Covas (PSDB) gastou mais de R$20 milhões para se eleger na cidade de São Paulo. No ABC paulista, o atual prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) gastou quase R$5 milhões nesta disputa eleitoral, estando entre os 10 mais gastões no Brasil.
Os milhões que financiam os grandes partidos, principalmente de direita, são investimentos feitos para que medidas interessantes aos ricos sejam aprovadas, como foi o caso da Reforma Trabalhista, que ao invés de aumentar as vagas de trabalho, apenas precarizou o trabalho e reduziu os salários. Este é o caso também da Reforma da Previdência, que tem feito o povo trabalhar até morrer.
Além disso, a burguesia brasileira controla os bancos, os comércios, as indústrias e os meios de comunicação e influenciam o resultado das eleições conforme é seu interesse. Prova disso é que há anos, por exemplo, impedem a realização de uma ampla Reforma Agrária e uma Reforma Urbana no país, mesmo estas sendo realizadas por países que conseguiram se desenvolver.
Uma trabalhadora ou um trabalhador que se proponha a disputar as eleições e defender um programa que, de verdade, será interessante para sua classe, não será financiado por essa burguesia.
Ela ou ele precisará primeiro enfrentar sua realidade, com um salário que não dura até o fim do mês, ainda mais com o aumento do custo de vida que vivemos hoje. Segundo, precisará convencer através de suas propostas cada conhecido e amigo sem contar com os milhões de investimento como nos partidos dos ricos.
Então, quem financiará a campanha da UP? A resposta é: o povo trabalhador, pois, como sabemos, a emancipação dos trabalhadores só poderá ser obra dos próprios trabalhadores.
Vivemos em um dos países mais ricos do mundo, porém, no Brasil, uma minoria dos ricos concentra mais riqueza que o restante da população. Só os 315 bilionários juntos tiveram uma renda de R$1,9 trilhão de reais em 2021, o que equivale a 40% de todo o orçamento da união.
Essa desigualdade só pode ser combatida com a organização da classe trabalhadora, que existe em um número muito superior que o número de capitalistas e, portanto, podem reunir uma força material maior do que eles.
A UP é o partido do povo trabalhador brasileiro, que com coragem e disposição defende um programa revolucionário para nossas cidades, nossos estados e nosso país. Em sua primeira participação eleitoral, em 2020, a Unidade Popular pelo Socialismo foi o partido que menos gastou no Brasil, no total foram gastos menos de R$382 mil.
Mesmo com tão poucos recursos, a UP conseguiu uma expressiva votação nas cidades onde disputou as eleições. Como é o caso da cidade de Mauá (SP), em que a companheira Gabriela Torres recebeu mais votos do que 5 dos 23 atuais vereadores da cidade. Em Patos (PB), Josivan Antero também não ocupa o cargo de vereador apenas devido ao coeficiente eleitoral, já que teve 1,5% dos votos da cidade. Essas são provas do potencial e da capacidade que tem nosso partido.
Este ano, a UP já lançou a pré-candidatura do companheiro Leonardo Péricles à presidência, que se mostrou muito bem recebida pelo povo em todo o país, já até pontuando em pesquisas. Ao mesmo tempo, nosso partido em diversos estados se prepara para lançar suas pré-candidaturas estaduais.
Para darmos conta do potencial e do desafio da nossa participação nestas eleições burguesas, sendo um partido que se propõe a transformar radicalmente a realidade do Brasil, precisamos nos preparar financeiramente para este momento. Precisaremos de milhões de panfletos, passagens, alimentação, bandeiras, caixas de som, camisetas, entre outros itens necessários para uma campanha que alcance milhões de corações.
Porém, o povo de nosso país não se convencerá sozinho que deve votar e muito menos que deve construir materialmente a campanha da UP nas eleições de 2022. É tarefa de cada militante consciente da Unidade Popular trabalhar individualmente e através de seu núcleo para realizar atividades de finanças e procurar apoios em doações para nossa campanha. De R$10,00 em R$10,00, de R$20,00 em R$20,00, de R$100, em R$100,00 construiremos nossa estrutura.
Este ano, mais uma vez, precisaremos realizar uma forte campanha contra as fakenews característica dos fascistas e vale lembrar que na eleição de Bolsonaro em 2018, a campanha do genocida foi investigada pelo TSE por disparo massivo de mensagens. Agora vivemos ainda debaixo da ameaça de um novo golpe militar por parte do fascista Bolsonaro e seus generais.
Crescer a campanha da UP é aumentar as lutas, o enfrentamento ao fascismo e o combate ao golpe. Por isso, precisamos nos dedicar à campanha de doação através do PIX ou através das vaquinhas, encontrando cada pessoa com esperança em um Brasil livre das explorações para realizar sua doação. Combateremos ainda os desperdícios, para que cada contribuição conquistada se transforme em passos à frente na luta.
Por fim, esta precisa ser uma tarefa coletiva, realizada com disciplina e dedicação por todos militantes e apoiadores da UP. Através deste trabalho poderemos demonstrar que é possível sim realizar política e disputar as eleições de uma forma completamente diferente de como os tradicionais partidos fazem.
Ganharemos assim, cada vez mais trabalhadoras e trabalhadores dispostos à luta e arrastaremos os milhões necessários para construção real do poder popular e do socialismo.