Reitoria chama PM para reprimir estudantes na UNIRIO

747

Estudantes que lutavam pela reintegração de cotista à universidade foram recebidos pela Reitoria com autoritarismo no lugar de diálogo. Polícia Militar foi chamada para reprimir protesto.

Nina Musse e Allan Matheus
Rio de Janeiro


JUVENTUDE – A Reitoria golpista da UNIRIO continua perseguindo os estudantes da universidade. Dessa vez, até a Polícia Militar foi chamada para intimidar uma manifestação pacífica de alunos solidários à luta da cotista Amanda Gomes, estudante negra que há dois anos batalha para garantir que o sonho de entrar numa universidade federal seja garantido.

Por um erro de orientação, Amanda teve sua matrícula invalidada e, por isso, entrou na justiça para ser reintegrada. Após cursar o primeiro período, a própria Reitoria da UNIRIO recorreu da decisão judicial e cancelou sua matrícula novamente, já no meio da pandemia. 

Foram quase dois anos de muita luta para que o caso de Amanda fosse pautado no Conselho Superior da Universidade, o CONSUNI. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) acompanhou o caso desde o início, garantindo que o problema entrasse na pauta de reunião do Conselho e a demanda pela reintegração da estudante fosse aprovada pela maioria dos conselheiros. 

Porém, a Reitoria se recusa a admitir o erro cometido e reintegrar Amanda. Já se passaram quase quatro meses desde que a decisão foi tomada pelo CONSUNI, sem que a Reitoria tenha reativado sua matrícula. 

Em protesto, uma manifestação foi realizada no dia 10 de maio pelo DCE, entidades do movimento estudantil, alunos e pela Comissão Amanda Fica para cobrar resposta da gestão da Universidade sobre a situação.

Reitoria golpista intimida estudantes 

Na hora do ato, a Reitoria estava vazia, não por acaso. Essa atitude mostra a falta de debate dentro dessa UNIRIO. Os estudantes se encontraram com o único funcionário que estava ali presente (o diretor de Graduação que presidiu a sessão do CONSUNI que deliberou pela reintegração de Amanda) e foram recebidos, mais uma vez, com autoritarismo, ao invés de diálogo. Nesse momento, a PM foi chamada para reprimir os estudantes.

Com a chegada da polícia, quatro representantes dos manifestantes foram chamados pelo diretor de Graduação para uma reunião, porém com a condição de Amanda não participar. Um absurdo! 

Mesmo assim, a comissão de estudantes foi à tal reunião, sendo surpreendidos pela presença da Polícia Militar, que não só acompanhava de perto, mas de fato fazia parte da reunião. Chegou-se a dizer que os policiais haviam sido agredidos com chutes e ofendidos verbalmente e psicologicamente! Já os participantes da reunião sofreram ameaças de processo. 

Após a repercussão negativa de tamanha truculência, a Reitoria soltou uma nota de “repúdio” em suas redes sociais, incluindo um e-mail encaminhado para toda a comunidade acadêmica, distorcendo os fatos e se referindo à manifestação estudantil como um ato de vandalismo, acusando os estudantes e professores ali presentes de coação e agressão (pasmem!). 

Estudantes não se calarão!

Amanda continua sem matrícula, sem acesso a bolsas, ao restaurante universitário e ao passe livre universitário. 

Na última terça-feira (31/05), a máscara caiu de novo diante de centenas de estudantes e professores que viram com seus próprios olhos o nível de autoritarismo e de criminalização desta luta tão legítima e tão importante não apenas para Amanda, mas para todos os estudantes cotistas que são impedidos de entrar e permanecer na universidade. 

Casos como esse não são isolados. A burocratização e falta de transparência nos processos de seleção dos alunos cotistas para ingressarem na universidade são extremamente comuns e precisam ser denunciados para que esse espaço acadêmico possa ser verdadeiramente público e sirva às necessidades dos trabalhadores e de seus filhos e filhas.

 Passadas quatro semanas do ato, os estudantes foram novamente à Reitoria, com performances artísticas promovidas por alunos de Teatro. Ao chegar no prédio onde deveria estar o pessoal da Reitoria para receber os estudantes, encontramos o local não só vazio, como também trancado e deserto. Não havia ninguém, nem mesmo os servidores. A Reitoria  golpista da UNIRIO, além de covarde, segue sendo uma vergonha a nível nacional.

O movimento estudantil seguirá na luta pela reintegração de Amanda. Só descansaremos quando ela estiver devidamente matriculada na universidade! Amanda fica, Reitoria sai!