Estudante foi presa em ato contra o golpe em Florianópolis

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PM utilizou abordagem truculenta e disparou tiros de bala de borracha contra manifestantes. Nesta sexta (12), a estudante foi libertada após audiência de custódia.

Juliana Mendonça, Florianópolis


LUTA POPULAR – Na noite desta quinta (11), em Florianópolis, a PM decidiu reprimir o ato pacífico do dia do estudante, pela educação e contra o golpe fascista. Uma estudante de 23 anos do curso de filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina estava escrevendo nas paredes com um canetão quando foi encurralada pela polícia militar. 

Segundo relatos dos presentes, os policiais puxaram os cabelos da estudante e a encurralaram com a intenção de prendê-la imediatamente. Não havia nenhuma policial mulher presente e eles não tinham como saber que a jovem é maior de idade, ainda assim realizaram a revista de forma completamente ilegal. Os demais manifestantes iniciaram gritos de palavras-de-ordem pedindo a liberação da jovem, enquanto advogados, parlamentares e forças políticas negociavam com os policiais. 

Durante a negociação um homem descaracterizado não identificado puxou a jovem contra sua vontade, fato que agora está sendo utilizado contra a mesma como se fosse uma tentativa de fuga. Os policiais imediatamente dispararam tiros de bala de borracha contra os demais manifestantes, a menos de um metro de distância, e a cavalaria foi acionada.

Muitos manifestantes também relataram ter sido agredidos com cacetetes tanto durante a tentativa de dispersão quanto na retirada da cavalaria. 

Os policiais levaram a estudante presa e algemada, mesmo sem apresentar qualquer perigo. A manifestante foi levada até a penitenciária para passar a noite, onde continuou algemada, sem comida e sem água por pelo menos mais 4 horas.

Os policiais acusam a estudante de ter reagido com mordidas e afirmam a tentativa de fuga durante a negociação, coisa que nenhum dos vídeos ou das testemunhas oculares confirmam.

Solidariedade e luta pela libertação da estudante

Advogados, parlamentares, movimentos sociais, partidos, amigos, professores e demais apoiadores foram até a penitenciária para pressionar pelos direitos da jovem, realizando uma vigília que se iniciou por volta das 20h da noite do dia 11/08.

Após horas de encarceramento, a audiência de custódia aconteceu às 13h do dia de hoje (12/08). Com a grande pressão no local e nas redes, foi decidido pela liberação da estudante! Ela foi liberada por volta das 15h40 de hoje e foi recebida por amigos e manifestantes com festa e gritos de palavras de ordem contra a repressão policial.

Ditadura, violência e repressão: o projeto dos fascistas

Isso é uma demonstração do projeto do governador do estado de Santa Catarina, Carlos Moisés (Republicanos), e do atual presidente Jair Bolsonaro, que defendem a crescente militarização da segurança pública e a repressão das manifestações. 

Carlos Moisés orgulhosamente anuncia ser o governador que mais colocou dinheiro na segurança pública na história do estado de Santa Catarina, destinando para a área 343 milhões de reais, dos quais R$146 milhões foram apenas para a Polícia Militar (por volta de 42% dos recursos). Não é novidade alguma que a militarização da segurança representa uma grande ameaça para o povo pobre, trabalhador, estudante, negro e indígena. Não à toa o estado apresentou um aumento de 10% nos índices de letalidade no mesmo período. 

Esse é também o projeto de Bolsonaro, que tem defendido não só a polícia cada vez mais militarizada e violenta, como também faz ameaças explícitas à democracia. A prisão de manifestantes que vão às ruas defender os direitos do nosso povo foi uma prática constante no período da ditadura militar e agora é isso que os golpistas tentam trazer de volta.