16 de outubro marcou os 114 anos do nascimento do camarada Enver Hoxha, um líder teórico e prático de toda uma época da luta pela construção do socialismo.
Thales Caramante
MOGI DAS CRUZES (SP) — Enver Hoxha é o filho mais legítimo da classe trabalhadora albanesa, digno de grande orgulho; também foi um ardente internacionalista da causa pelo socialismo em todo o mundo, jamais se limitando às fronteiras da Albânia; foi um líder teórico e prático de toda uma época da luta pela construção do socialismo.
A Guerra de Libertação Nacional Antifascista
Em 1939, a Albânia foi ocupada pelas tropas de Benito Mussolini. Nas difíceis condições causadas pela ocupação fascista, a luta revolucionária exigia a compostura que apenas homens e mulheres da envergadura de Enver Hoxha detinham para fundar o Partido Comunista da Albânia (PKSH) na mais profunda clandestinidade. Como ele costumava dizer, todo o povo albanês ficou indignado com a invasão italiana e posteriormente hitlerista, mas apenas a classe trabalhadora poderia realmente libertar o país.
Foi com esse rigor teórico que Enver Hoxha liderou a criação do Partido Comunista, a vanguarda da revolução, e mais tarde criou a Frente Antifascista de Libertação Nacional (LANÇ), a organização de massas, o megafone, o instrumento para levar a cabo a construção prática da libertação nacional; organização essa que era um verdadeiro exército popular de todos aqueles e aquelas indignados e indignadas com o fascismo, com os agentes do imperialismo que queriam manter a Albânia um país atrasado e semifeudal, e com o capitalismo.
Foi com seu profundo conhecimento político-militar que Enver Hoxha foi indiscutivelmente o líder máximo da Guerra de Libertação Nacional Antifascista. Com essa demonstração de grande genialidade, o povo albanês foi capaz de expulsar o exército italiano em 1943 e depois o exército nazista alemão em 1944 e finalmente libertar a pátria sem nenhum tipo de ajuda material externa, apenas se baseando profundamente em suas próprias forças internas. Esse fato alimentou profundamente a política albanesa subsequente — confiar nas próprias forças, no próprio caminho, no próprio povo, mas sem jamais esquecer que sua luta nacional faz parte do grande contingente internacional pela construção do socialismo e do comunismo.
Socialismo na Albânia: Exemplo de Poder Popular
Após a liberação nacional da ocupação fascista, o povo albanês se encontrou em uma nova tarefa histórica: a construção do socialismo — nenhuma ponte, nenhuma infraestrutura foi deixada de pé pela besta nazista; toda estrada, toda fábrica, toda aldeia tinha sido completamente afetada ou destruída pela guerra. Mesmo nessas condições difíceis e duras, a palavra de ordem lançada pelo partido – agora chamado de Partido do Trabalho da Albânia (PTA) por recomendação do camarada Josef Stálin – por proposta do camarada Enver Hoxha foi “mais pão e mais cultura para o povo”.
Se algo é fato sobre Enver, é de que ele não tinha nenhuma ilusão quanto as possibilidades da construção do socialismo. Mesmo nas condições mais arbitrárias herdadas da ocupação fascista, Enver Hoxha sabia que era possível construir uma nova base de infraestrutura nacional e ligar esse trabalho com um amplo projeto de alfabetização popular, elevando o nível cultural e educacional de todo o povo albanês.
Essa palavra de ordem abriu portas para uma das mais belas fases da construção socialista na Albânia. O povo albanês, um povo milenar e historicamente subjugado sempre por potências estrangeiras, foi submetido às mais bárbaras condições de vida, uma delas era o analfabetismo, imposto propositadamente pelas classes dominantes. Essa condição levou o povo, em sua ampla maioria, a exercer uma tradição cultural estritamente oral e baseados em canções folclóricas – com a palavra de ordem “mais pão e cultura para o povo”, os albaneses, um povo originário, indígena, foi capaz de se encontrar com sua própria história, superando o modo puramente oral de cultura e introduzindo agora a escrita ao seu meio de vida. Desse modo, o povo erigiu grandes heróis nacionais da educação e da cultura popular, entre eles Ndrec Ndue Gjoka e Bardhok Biba, dois professores comunistas e revolucionários, heróis da cultura e da luta antifascista (ambos eram patronos da educação albanesa, homens da envergadura de Paulo Freire).
Logo após a revolução, cinquenta escolas podem ser abertas sem instalações, sem lápis, sem cadernos e, especialmente, sem professores? Sim, elas podem. Enver Hoxha entendeu mais que ninguém as palavras de Stálin: “Não há nenhuma fortaleza inimiga que o comunista não possa tomar”. Ndrec Ndue Gjoka, um camponês pobre, instalou as escolas em casas de fazendeiros, ele mesmo recolheu os cadernos e lápis onde pôde, e o principal, os professores, organizou cursos pedagógicos e buscou ampliar ainda mais a formação do povo albanês.
Somados à luta pela educação e cultura, o povo albanês simultaneamente cimentou as bases da construção econômica do socialismo. Introduzindo pela Reforma Agrária em 1946, buscou a profunda coletivização do campo, construindo fazendas coletivas e estatais; a introdução da indústria pesada e de base, das linhas férreas, a superar o atraso econômico com a abertura de fábricas de processamento de materiais minerais; metalúrgicas, indústrias químicas e têxteis – tudo com pesado financiamento estatal e colocando o povo para tomar as decisões, medida que trouxe o heroísmo no trabalho, onde o povo se sentia cada vez mais orgulhoso de construir o seu futuro; tudo, ainda, levando em conta as características nacionais.
Defensor dos Princípios Revolucionários Marxista-Leninistas
Enver Hoxha era uma mente inquieta, um inimigo voraz do dogmatismo e do esquerdismo, das concepções atrasadas e reacionárias, do patriarcado, do machismo, do racismo, do conservadorismo e da xenofobia. Ele sabia mesclar com grande precisão, encontrada em Bardo cérebros como Vladimir Lênin, a defesa dos princípios mais elevados do Marxismo-Leninismo com uma visão prática e realista da situação.
Era um inimigo também do revisionismo, do reformismo e de tudo que era mais atrasado no movimento proletário introduzido pela burguesia e pela pequena-burguesia. Dessa forma, Enver Hoxha foi perspicaz em manter a Albânia a salvo de seus inimigos e próximo ainda de seus amigos e aliados mais importantes.
Muitos podem conhecer Enver Hoxha por sua luta contra o titoísmo, contra o khrushchevismo, o maoísmo, o eurocomunismo e todas as vertentes estranhas ao Marxismo-Leninismo tanto de esquerda quanto de direita, e de fato, Enver Hoxha teve um papel central na sua época histórica em desmascarar todas as mais variadas concepções burguesas que tentavam atingir o movimento comunista internacional – mas, Enver Hoxha deve ser lembrado de fato não como homem taxativo, mas como um ardente internacionalista que buscou de todas as formas teóricas e práticas erguer o movimento comunista internacional de volta para a rota da qual jamais poderia ter abandonado: o caminho da revolução.
Dessa forma, o nome do camarada Enver passou por todo o mundo após o seu discurso pronunciado na Conferência dos 81 Partidos Comunistas e Operários em 1960, no qual deu um golpe violento nos planos obscuros de Nikita Khrushchev, discurso do qual rejeitou as teses do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e defendeu o Marxismo-Leninismo como nunca antes fora visto na história. Que coragem esse momento exigiu! Que heroísmo de todo um povo!
As palavras do camarada Enver atingiram milhões de comunistas por todo o mundo, sua figura foi elevada como um grande teórico e guia para um novo movimento que se reorganizava dos ataques sofridos pelo revisionismo e pelo imperialismo. Com isso, centenas de novos partidos revolucionários foram criados e uma nova onda de quadros da luta pela libertação nacional foi forjada no fogo da luta de classes pela independência e pelo socialismo. Enver Hoxha era visto então como um grande amigo e professor desses movimentos, como uma peça central no grande tabuleiro da luta internacionalista.
“Não há Morte Para Enver Hoxha”
Enver era um grande agitador político, estatista, professor, teórico, diplomata, político, escritor, linguista, cientista e, além disso, um grande e leal amigo e camarada de todos os trabalhadores e trabalhadoras do mundo – qualidades essas essencialmente raras de se encontrar em um único ser humano.
É sabido que Enver Hoxha, além de um grande teórico da libertação nacional do povo albanês, era um militante político firme e ativo, do qual provava suas verdades na prática, por isso era sempre visto liderando manifestações e lutas de rua, nas frentes de batalha da guerra, e entre camaradas, agitando e elevando a moral de todos e todas, elevando a confiança do povo no partido e na frente – qualidades que se forjam os militantes da Unidade Popular Pelo Socialismo (UP) em nosso país.
Essas qualidades se demostram pelo seu profundo amor pelo povo e pela classe trabalhadora. Não importa o que digam os reacionários fascistas que estão no poder hoje na Albânia, Enver foi e permanece ainda como uma figura central para o despertar nacional do povo albanês e como guia teórico e prático para os comunistas revolucionários de todo o mundo, inclusive do Brasil. Por isso, sempre é dito que não existe morte para Enver Hoxha, há apenas o seu nascimento, ele vive nas lutas de todos os trabalhadores do mundo pela independência nacional e pela construção do socialismo.
Os clássicos do Marxismo-Leninismo demostram que história não é construída por heróis, mas sim que os seres humanos que são capazes de encarar os desafios históricos são honrados com o título de heróis do povo. Tendo isso em mente, podemos dizer, sem a menor sombra de dúvidas, que Enver Hoxha foi um dos principais heróis de toda a história da humanidade!