Proposta orçamentária do governo para 2023 não prevê nenhum corte no pagamento de juros, encargos e amortizações da dívida pública. Ao contrário, serão mais de R$ 2 trilhões destinados aos bancos e especuladores nacionais e internacionais, metade de todas as riquezas produzidas pelos trabalhadores brasileiros.
Heron Barroso | Redação Rio
BRASIL – Para atender à ganância dos banqueiros e do Centrão e alimentar a corrupção que rola solta no governo, a proposta de lei orçamentária para 2023, enviada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso Nacional, prevê uma série de cortes nas áreas sociais.
O Ministério da Saúde, responsável pelo SUS, foi um dos mais atingidos. Serão 42% a menos para o custeio da área. Isso significa menos médicos, hospitais e postos de saúde. O financiamento do programa Farmácia Popular, por exemplo, sofrerá uma tesourada de 60%, levando ao fim da distribuição gratuita de pelo menos 13 tipos de remédios usados no tratamento da diabetes, hipertensão e asma. A coparticipação – quando o governo paga uma parte e o beneficiário a outra – também teve um corte de 60%. A lista de produtos afetados inclui fraldas geriátricas, medicamentos para osteoporose, rinite, Parkinson, glaucoma, dislipidemia e anticoncepcionais.
Essa medida é mais uma crueldade do ex-capitão contra o povo pobre. Não bastasse a maioria da população estar desempregada e não ter o que comer todos os dias, agora também ficará sem remédios para tratar doenças que exigem cuidado permanente. Bolsonaro, aliás, é contra cuidar da saúde dos brasileiros. Todos lembram que ele fez de tudo para impedir a compra de vacinas contra a covid-19 e atrasou por meses o início da vacinação, o que, segundo especialistas, possibilitou a morte de pelo menos 400 mil pessoas durante a pandemia.
Para a Educação, serão 8% a menos em relação a 2022. Os maiores cortes são na Educação Infantil (redução de 96%) e na Educação de Jovens e Adultos (menos 56%). A tesoura de Bolsonaro também cortou verbas dos programas de compra de livros didáticos, nos investimentos em infraestrutura e na compra de veículos de transporte escolar.
Em relação aos programas de construção de moradias para famílias de baixa renda, os valores previstos no orçamento para o ano que vem serão reduzidos em 91,5%. Dessa forma, sem dinheiro para novas moradias, o déficit habitacional brasileiro continuará aumentando. Hoje, segundo o MLB, mais de 8 milhões de famílias não têm como pagar aluguel, vivem de favor na casa de parentes, em barracos de papelão, áreas de risco, calçadas ou debaixo de pontes e viadutos. Nessa conta não está a família do presidente, que nos últimos anos comprou ao menos 51 imóveis por R$ 13,5 milhões, tudo pago em dinheiro vivo e de origem mais que suspeita.
Nem mesmo o Auxílio Brasil, reajustado por Bolsonaro para 600 reais às vésperas das eleiçoes, escapou dos cortes do ex-capitão. Na campanha, ele está prometendo manter o valor em 2023, mas segundo a proposta enviada ao Congresso, o orçamento do programa prevê um auxílio de apenas R$ 405 no ano que vem. O mesmo arrocho foi aplicado ao salário mínimo, cujo valor será de R$ 1.302,00, um reajuste menor que a inflação, e para a tabela do imposto de renda, que segue congelada, fazendo com que o trabalhador assalariado pague mais impostos.
Em resumo, o presidente que vive dizendo ser “grande defensor da família brasileira”, na verdade é inimigo da saúde do povo, da educação das crianças e contra milhões de famílias terem um teto para viver e dinheiro para comprar comida.
Um governo para os ricos
Por outro lado, a tesoura de Bolsonaro não funciona contra os banqueiros e seus compadres do Centrão. De fato, a proposta orçamentária para 2023 não prevê nenhum corte no pagamento de juros, encargos e amortizações da dívida pública. Ao contrário, serão mais de R$ 2 trilhões destinados aos bancos e especuladores nacionais e internacionais. Uma fortuna! Isso é metade do dinheiro dos impostos pagos pela população e das riquezas produzidas pelos trabalhadores brasileiros indo direto para o bolso da classe rica, a burguesia.
Quem também está rindo à toa são os corruptos deputados e senadores do Centrão, para os quais foram reservados R$ 19 bilhões no chamado “orçamento secreto”, esquema de corrupção institucionalizado por Bolsonaro em troca de apoio no Congresso Nacional.
Como vemos, esse governo é o céu para os ricos e o inferno para os trabalhadores e a maioria do povo. Como muito bem andam dizendo nas ruas, “Bolsonaro é tchutchuca para os poderosos e tigrão contra os pobres”.