Entre os meses de outubro e novembro, foram denunciados três casos de manifestações de extrema-direita em campi de diferentes universidades públicas paulistas: IF, UNIFESP e UFABC.
Redação São Paulo com colaboração de Yago Lopes, Lucas Simião e Marcelo Pavão
SÃO PAULO – No dia 18 de outubro, o campus de Pirituba do Instituto Federal foi palco de manifestações de extrema direita: neonazistas picharam símbolos de supremacia branca por cima dos desenhos dos muros da instituição, principalmente aqueles que representavam a diversidade de gênero, a liberdade religiosa, o antirracismo e o antifascismo.
Nos murais que representavam pessoas negras, marcaram seus rostos com spray, assim como fizeram nas representações de bandeiras LGBT e de estrelas de Davi, símbolo do judaísmo.
No final daquele mês, a UNIFESP também foi alvo de pichações de uma suástica e da palavra “nazi” num banheiro da EFLCH (Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e da frase “DCE lixo” numa parede, em ataque à entidade estudantil.
Em novembro, na UFABC, um aluno se sentiu no direito de vestir um moletom estampado com um sol negro, símbolo neonazista. Mas neste caso, foi imediatamente identificado, denunciado e repelido pelos estudantes, que fizeram o indivíduo ser levado à delegacia pela reitoria.
Ataques são parte de movimento antidemocrático
Após a derrota eleitoral do candidato fascista Jair Bolsonaro, seus ferrenhos apoiadores organizaram atos antidemocráticos, arruaças e bloqueios de rodovias para pedir uma intervenção militar e a instauração de uma ditadura no nosso país.
Alegando suposta fraude nas urnas e na tentativa de promover o caos social, os fascistas derrotados pela vontade popular e financiados por rios de dinheiro de grandes empresários, tentaram inflamar a população com as mentiras mais reacionárias, golpistas e absurdas contra as instituições democráticas e seus opositores políticos.
Estiveram presentes nesses atos antidemocráticos, além da apologia à ditadura militar, simbologias e saudações nazistas, utilizadas durante os últimos anos por Bolsonaro e membros do seu governo – lembremos da simpatia do líder da Ku Klux Klan e da neta do ministro de Hitler por Bolsonaro e do episódio em que o ex-secretário de cultura Roberto Alvim copiou um discurso do nazista Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler.
Essa criminosa apologia, contudo, não se limitou às arruaças golpistas. São várias as denúncias de manifestações nazistas, fascistas e preconceituosas antes e após as eleições em diversas universidades públicas, em escolas públicas e privadas e em shows de artistas progressistas.
Como já foi noticiado pela redação do jornal A Verdade recentemente, cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul já foram palcos de manifestações com método marcadamente fascista.
Numa quarta-feira de novembro, durante um protesto golpista em São Miguel do Oeste (SC), bolsonaristas realizaram gesto em apologia ao nazismo com seus braços estendidos enquanto cantavam o hino nacional, num gesto muito semelhante ao sieg heil hitlerista.
Na cidade de Casca (RS), numa assustadora semelhança com o que aconteceu contra os comerciantes judeus na Alemanha nazista, comerciantes reacionários propuseram pelo WhatsApp e Telegram a marcação dos comércios e residências daqueles que votaram no presidente eleito, Lula, com a estrela símbolo do PT.
A mensagem dizia o seguinte: “Atenção, petista, coloquem [sic] esse adesivo na porta do seu negócio. Mostre que você tem orgulho de quem elegeu”. Outra mensagem enunciava: “A partir de hoje, vejam onde vocês vão gastar seu dinheiro. Vamos comprar e usar serviços somente de quem pensa como você”.
Os casos em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e nos campi de São Paulo são alguns exemplos de um fenômeno maior: os fascistas estão desesperados diante da vitória eleitoral da oposição e do crescimento da popularidade da esquerda radical e, por isso, estão dedicados a mostrar sua simbologia nefasta.
Venceremos!
Apologia ao nazifascismo é crime previsto na constituição de 1989, no entanto ele não será erradicado pelas vias institucionais, as quais, em tempos de crise, dão legalidade aos ataques da extrema-direita. É necessário continuar nas ruas mesmo após a derrota do bolsonarismo nas urnas para que os fascistas voltem a ter medo e para construir o socialismo.
Fascistas como Bolsonaro se aproveitaram da impunidade de ontem e de hoje para fazer crescer uma ideologia que atenta contra a vida da maioria do povo, que foi jogado à fome e à morte durante os últimos quatro anos.
A educação teve seu orçamento asfixiado e em mais de 20 universidades e institutos federais foram nomeados reitores interventores para que a corja de Bolsonaro colocasse em prática o projeto de desmonte da educação e dos direitos conquistados pela juventude.
Contudo, o povo nunca deixou de resistir e o movimento estudantil consequente nunca deixou de ir às ruas em denúncia ao governo fascista. No segundo turno, os fascistas sofreram um duro golpe ao serem derrotados nas urnas, e agora, os ratos estão saindo do esgoto para defender o pior terrorismo que a humanidade já viu.
É tarefa de todos que entendem os horrores que o nazismo e a ditadura militar fascista cometeram contra os trabalhadores do Brasil e do mundo se organizar e esmagar qualquer expressão dessa ideologia nefasta.
Através da organização venceremos o fascismo também nas ruas, nas universidades, escolas e locais de trabalho. Varreremos Bolsonaro e os fascistas para a lata de lixo da história, na luta por uma sociedade justa, livre da opressão e da exploração que os capitalistas pretendem aprofundar com mais uma ditadura contra nosso povo!
Façamos como os estudantes combativos do IF, da UNIFESP e da UFABC, denunciemos e lutemos contra quaisquer manifestações da extrema-direita, que quer que os filhos da classe trabalhadora estejam longe das universidades e incapazes de construir uma educação que seja pública, gratuita e de qualidade.
Nazistas e fascistas não passarão!