Novamente a tarifa de ônibus em Florianópolis irá aumentar. Empresários aprovaram um aumento de 33% nas tarifas de ônibus, que atualmente são de R$4,50 no dinheiro e de R$4,38 no cartão.
Ingrid Marrese Lopes e Mansour Salum Husein, Florianópolis
BRASIL – Após uma estratégia turística oportunista de isentar os usuários de pagar pela passagem de ônibus nos finais de semana, a gestão do prefeito Topázio Neto (PSD) ataca a classe trabalhadora aprovando um aumento de 33% nas tarifas de ônibus, que atualmente são de R$4,50 no dinheiro e de R$4,38 no cartão. Em 2020 já havia sido anunciado um aumento de 4,78% na tarifa de ônibus e a partir do dia primeiro de janeiro de 2023, essas tarifas serão respectivamente de R$6,00 e R$4,98.
Essa decisão foi anunciada na terça-feira (27) pela prefeitura, sem nenhuma participação da população que vive na cidade e utiliza esse serviço. Os gestores afirmam que o aumento exorbitante foi baseado no acúmulo da inflação do diesel em 2022 e culpabilizam os trabalhadores das empresas de ônibus para validar seu argumento, utilizando do reajuste salarial de 15% da categoria que foi conquistado por meio de muita luta contra o Consórcio Fênix.
Essa mesma empresa atrasou pagamentos de salários e vale alimentação da categoria em plena pandemia. Além disso, investiu em cortes do quadro de funcionários, especialmente de cobradores, sobrecarregando motoristas que passaram a exercer ambas as funções. Além de tudo, houve a redução de rotas e horários das linhas de ônibus, resultando na aglomeração de passageiros, que em sua maioria são estudantes e trabalhadores.
O histórico da empresa e os contratos realizados pela prefeitura são antigos, como aponta um relatório técnico do TCE em auditoria realizada em 2019, identificando irregularidades em reajustes no valor da tarifa de 2015 a 2019. Além disso, o relatório contesta também a aquisição de mais 51 veículos comprados sem justificativa.
O que esse aumento impacta na vida do povo?
Uma pessoa que mora na Ilha da Magia, recebendo um salário mínimo de R$1,212,00, enfrenta a realidade dos dados que registram o segundo maior aumento de aluguel a nível nacional segundo a Fipe Zap (2021) e a segunda cesta básica mais cara do país, custando R$ 707,56 segundo pesquisa do Dieese (2022).
Abrangendo mais de perto o cotidiano da classe proletária, uma pessoa que mora na capital catarinense precisa se locomover para seu trabalho e local de estudo, entendendo que utilize o serviço terceirizado de ônibus 24 dias no mês (6 dias na semana), ida e volta, gastará no cartão mensalmente R$239,06 e no dinheiro R$288,00. Esse valor consome quase um quarto da renda do trabalhador que recebe um salário mínimo. Sobra, assim para arcar por exemplo, com sua moradia, uma média de R$250,00 reais. Não a toa, a pesquisa da Rede Penssan, relata que 2,1 milhões de pessoas estão passando por insegurança alimentar no estado em 2021 à 2022.
A título de comparação, segundo estudos feitos pelo Dieese em fevereiro de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$6.012,18, ou 4,96 vezes o mínimo de R$1.212,00. Enquanto no mesmo período do ano anterior, o valor do necessário para manutenção familiar era de R$5.375,05, ou 4,89 vezes o mínimo vigente na época, de R$1.100,00.
Logo, o trabalhador é obrigado a submeter-se a subempregos em trocas de salários de fome, de forma que não lhe garante segurança alimentar e moradia digna. Sobrevivendo à mercê da democracia burguesa composta por reformistas da social democracia, exercendo seus esforços para manutenção e melhoria das leis trabalhistas, e forças reacionárias de partidos fascistas e liberais que além de realizar o desmonte dos direitos trabalhistas atuam fortalecendo seus privilégios e a burguesia.
Diante deste reajuste absurdo, atuando contra todos que dependem do serviço público de transporte, a Unidade Popular (UP) apoia a luta do Movimento Passe Livre e a luta dos movimentos sociais, trabalhadores e estudantes. O embrião da luta foi em Florianópolis, durante o episódio da Revolta da Catraca em 2004, que lutou e continua lutando para frear o avanço do estado burguês contra o direito de ir e vir da nossa população.