Carta: Organização e luta como único caminho para transformação da sociedade

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Como dizia o revolucionário Lenin, “O proletariado tem como única arma, na sua luta pelo poder, a organização”. Por isso, é urgente que nós continuemos a construir coletivamente este processo de mudança e não esperemos que ele aconteça sozinho.

Carta enviada por Gabriel Romão


Em tempos em que a mídia é controlada por capitalistas e impõe um discurso apartidário e moralista muitos acreditam que é possível elevar a consciência das pessoas de forma progressiva e que estes serão capazes, de forma natural, de alterar e melhorar a sociedade através de novas ideias.

Quem nunca ouviu que podemos mudar o Brasil com educação, por exemplo?

Essa ideologia, porém, é construída com o propósito de domesticar a classe dominada e acobertar a luta de classes que existe por trás das relações de produção capitalista que é a fonte geradora de todos os males da nossa sociedade. Por isso, cabe a nós desmascarar seu viés idealista.

Vejamos: se a quantidade de horas em sala de aula ou de diplomados do país realmente fosse a solução para todos os nossos problemas, quanto maior o grau de formação, mais emancipadas essas pessoas estariam e provavelmente menos exploração e desigualdade social teríamos.

Mas isso não é visto na prática, já que a classe dominante é quem cria e financia projetos de educação. Basta lembrar que os grandes conglomerados de ensino privado também obedecem à lógica do lucro e impõem a ideologia capitalista na estratégia de seus negócios, sem nunca, de fato, ter como objetivo, emancipar a nossa classe.

As últimas reformas do Ensino Médio são outro exemplo claro da precarização da qualidade da educação e da remoção de disciplinas essenciais ao desenvolvimento crítico de nossos jovens, tais como Sociologia, Filosofia, História e Geografia. Vale lembrar que tal reforma foi financiada por organizações capitalistas como o Banco Mundial e a UNICEF, conforme reportado no artigo “Reforma do Ensino Médio: o que está em jogo?” do Jornal A Verdade.

E é assim que, a cada dia, nossa classe é desmobilizada cada vez mais, sem poder ao menos conhecer a sua história e seus heróis.

Por outro lado, a nossa classe tem demonstrado grande capacidade de organização – a única arma que é realmente eficiente para enfrentar quem nos oprime e explora, e fazer avançar essa luta.

Como dizia o revolucionário Lenin, “O proletariado tem como única arma, na sua luta pelo poder, a organização”. Por isso, é urgente que nós continuemos a construir coletivamente este processo de mudança e não esperemos que ele aconteça sozinho.

As manifestações populares do “Fora Bolsonaro” são um exemplo prático do poder de organização da nossa classe e da sua capacidade de liderar a luta contra a opressão que vivemos, seja por parte do ex-governo Bolsonaro, seja das reformas liberais que acabaram com dezenas de direitos consolidados nas últimas décadas.

Da mesma forma, organizamos uma enorme resistência durante o período da ditadura, com diversos movimentos estudantis, sindicatos e grupos que lutaram incansavelmente pelo fim daquele regime de morte e exploração.

Foi somente através dessa luta organizada que conseguimos resistir.

Uma das organizações que foi fundada neste período foi o Partido Comunista Revolucionário em 1966, que mesmo tendo grande parte de seus dirigentes mortos e torturados, perseverou e continuou atuando como vanguarda na luta pela libertação da nossa classe.

A luta e o sacrifício de camaradas como Amaro Luiz de Carvalho, Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, até hoje inspiram milhares de jovens e trabalhadores a lutarem pelo socialismo e por uma sociedade mais justa.

É evidente a necessidade real e imediata de ação. A não punição dos fascistas do passado, cria e fortalece os fascistas do presente. É necessário que a classe trabalhadora exerça papel de vanguarda na reivindicação de um novo mundo, o que só pode ser atingido por meio da construção do poder popular e do socialismo.

Somente com a luta organizada pelo fim dos monopólios e consórcios capitalistas e dos meios de produção nos setores estratégicos do nosso país, como é o caso da educação, é que vamos acabar com as desigualdades regionais e sociais. Fora isso, ficaremos novamente presos no idealismo e individualismo que não nos levará a lugar algum.