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quinta-feira, 18 de abril de 2024

300 trabalhadores da Praia da Redinha sofrem ameaça de despejo pela prefeitura de Natal

Com a implementação do novo Plano Diretor, mais de 300 pessoas podem perder o emprego na orla de Natal. Quiosqueiros da capital potiguar estão sendo despejados para dar lugar a empreendimentos de ricos bilionários.

Kivia Moreira e Julio Lira | Natal


TRABALHADOR UNIDO –  No dia 24 de fevereiro, os quiosqueiros da Redinha, na orla de Natal, organizados pelo coletivo Ginga e Tapioca, juntamente com o Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio (CRDHMD), realizaram um ato simbólico de protesto contra a retirada dos estabelecimentos locais. Essa expulsão, de acordo com os organizadores, não foi conversada ou negociada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb).

A situação dos quiosqueiros começou a piorar no final de 2021. A Câmara de Vereadores, nessa época, aprovou o novo Plano Diretor da capital potiguar. Esse plano foi orquestrado pelos grandes empresários, ricos da cidade, com alvará do prefeito reacionário da cidade, Álvaro Dias, e de diversos vereadores de direita que estão ocupando a Câmara Municipal da cidade.

Um dos projetos aprovados pelo Plano foi a verticalização das orlas de Natal. Na prática, pode resultar na derrubada de diversas casas, quiosques e lojas populares das praias da cidade, a exemplo da praia de Redinha, praia do Meio e Areia Preta, a fim de substituí-las por grandes restaurantes, prédios e hotéis.

Após a aprovação do novo Plano Diretor, os trabalhadores e trabalhadoras da cidade de Natal estão sendo prejudicados pelas ameaças de despejo, pondo em risco sua renda e moradia. Esta é a realidade dos trabalhadores e trabalhadoras dos quiosques da Praia da Redinha, localizada na zona norte de Natal.

300 pessoas podem perder seu ganha pão

Segundo o advogado do CRDHMD, Pedro Levi, cerca de 20 quiosques serão prejudicados com as ações da prefeitura da cidade, afetando, no total, 300 pessoas que dependem financeiramente desses estabelecimentos. Na prática, tal despejo possui interesse político, já que, com a verticalização das orlas aprovada pelo novo Plano Diretor, novos comércios e pontos turísticos serão formados, mas sem que os trabalhadores consigam frequentar esses espaços.

Sob os gritos “queremos trabalhar”, Elenise da Silva, trabalhadora da praia da Redinha há mais de 20 anos, relata que no “ano passado, meu quiosque pegou fogo, perdi tudo. Amigos e familiares me ajudaram a construir de novo, doando dinheiro, material. Mas a prefeitura não me ajudou, não me forneceu materiais para reconstruir o que eu tinha perdido. Por causa disso, acho errado tirar nossos quiosques. Querem tirar a gente daqui para construir restaurantes, hotéis chiques. Aí o pai de família não vai mais conseguir levar seus filhos à praia, porque não vai ter dinheiro para pagar comida cara.” No fim, ela diz “É nossa forma de sobreviver, a gente vai fazer o que se sairmos daqui?”

Por isso, no ato, foi reforçado que deverão haver mais mobilizações para impedir a expulsão dos 300 trabalhadores e trabalhadoras da praia da Redinha que a prefeitura de Natal e os ricos da cidade planejam fazer. 

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