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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Trabalhadores da França se revoltam contra imposição autoritária de Reforma da Previdência

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Greves, bloqueios de ferrovias e manifestações marcam semana na França em mobilização geral contra Reforma da Previdência imposta por Macron. Presidente francês e primeira ministra usaram manobra da constituição para atropelar parlamento e aprovar medida contra trabalhadores.

Felipe Annunziata | Redação Rio


INTERNACIONAL – Desde o início desta semana a França vem registrando centenas de greves e atos de rua contra a Reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron. As mobilizações, que incluem uma greve geral que envolve transportes e limpeza urbana. Em Paris, centenas de toneladas de lixo se acumulam e os trens e metrô não circulam.

Ontem (16), o governo Macron conseguiu um acordo de gabinete e aprovou a medida no Senado. O principal ponto de ataque aos trabalhadores na reforma é o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos. Além disso, o texto aprovado no Senado prevê mudanças no tempo de contribuição e remuneração dos futuros aposentados.

Assim como no Brasil em 2019, a classe trabalhadora francesa vem sofrendo as pressões dos bilionários para haver uma redução de direitos, principalmente na área de seguridade social. Na França há ainda o contexto em que cada vez mais a classe trabalhadora é composta por imigrantes, principalmente vindos das ex-colônias francesas na África e Caribe.

Governo francês aciona artigo autoritário da constituição para forçar a reforma

No entanto, apesar de ter passado no Senado, na Câmara de Deputados o governo Macron não tem maioria. A situação se agravou na tarde de ontem (16), onde ficou evidente que, devido à pressão das ruas, os deputados não aprovariam a proposta do governo.

Percebendo isso a primeira ministra da França, Élisabeth Borne, acionou artigo 49.3 da Constituição Francesa para aprovar a Reforma da Previdência sem precisar do aval do parlamento. A manobra autoritária foi apoiada pelo presidente francês Emmanuel Macron.

Ou seja, no país que a mídia burguesa vende como democrático e livre o presidente e a primeira ministra atropelam o legislativo quando percebem que não podem vencer. Pior, segundo pesquisas recentes, 70% da população é contra a reforma.  Contra o Parlamento e a população o governo francês quer forçar a medida que ataca os direitos de aposentadoria de milhões de pessoas.

Revolta nas ruas de Paris e outras cidades

O ato autoritário de Macron não passou sem resposta dos trabalhadores. Desde de ontem, as manifestações de ontem vem se intensificando não só na capital, Paris, como em outras cidades.

Hoje (17), pela manhã, centenas de pessoas bloqueavam uma ferrovia na cidade de Toulon, no Sul. Na noite de ontem, dezenas de milhares de pessoas ocuparam a Place de la Concorde, próxima a Assembleia Nacional. Os manifestantes pediam a retirada imediata da primeira ministra.

Diante da pressão dos sindicatos, o governo ordenou a polícia a reprimir os trabalhadores. No entanto, a medida causou apenas mais confrontos. Dezenas de carros incendiados e enfrentamentos entre policiais e manifestantes acontecem em vários pontos da capital.

A única saída possível para o impasse é o recuo completo do governo em relação à proposta. Na Câmara dos Deputados deve entrar ainda nesta semana um voto de censura a primeira ministra. Caso seja aprovada, além da Reforma da Previdência ser derrubada, orne perderá o cargo.

 

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