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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Coroação do Rei Charles III é celebração do imperialismo colonialista britânico

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Rei Charles III é coroado em Londres em cerimônia que exalta o imperialismo britânico. Monarca foi oficializado como chefe de estado de 14 países sem receber nenhum voto da população.

Felipe Annunziata | Redação Rio


INTERNACIONAL – O Rei Charles III foi coroado, neste sábado (06/05), na Abadia de Westminster, no Reino Unido. A cerimônia de tradições medievais coroou o rei e a rainha como chefes de estado de 14 países, sendo 13 ex-colônias britânicas. Além de rei, Charles também foi coroado chefe da Igreja Anglicana, a religião oficial do Reino Unido.

Enquanto havia a cerimônia, movimentos republicanos se manifestaram pela capital Londres. A polícia reprimiu fortemente os manifestantes, prendendo ao menos 6 pessoas. O governo conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak proibiu qualquer manifestação de descontentamento com a monarquia e a dinastia dos Windsor, família que governa o país desde o século XVIII.

Exaltação do passado colonial

Apesar do que a mídia burguesa internacional vem divulgando, a cerimônia não fez questão de reparar o passado colonial e escravocrata da família real. Joias roubadas da Índia e da África foram largamente exibidas e a demonstração da submissão dos países da atual Comunidade Britânica (Commonwealth) ao Reino Unido foi a mensagem que a monarquia tentou passar.

Charles III descende de uma longa linhagem de reis e rainhas que dominaram um vasto império colonial. O Império Britânico foi o 2º maior traficante de escravos da história, só ficando atrás do Brasil.

Foram os monarcas do Reino Unido que governaram o país durante os vários crimes cometidos pelo Estado Britânico contra os povos do mundo. Dezenas de milhões de mortos, supressão de religiões, línguas e histórias nacionais, imposição de fronteiras artificiais e articulação de dezenas de golpes de estado, junto com os EUA, são alguns dos crimes pelos quais a família de Charles e o Estado Britânico são responsáveis.

Nada disso foi questionado na cerimônia de hoje. Ao contrário, o governo e a mídia do país, com o apoio da imprensa das chamadas “democracias ocidentais”, transformaram o evento em uma peça de propaganda do sistema capitalista-imperialista.

Reino Unido vive sob regime monárquico antidemocrático

Ao contrário do que os grandes meios de comunicação, o Reino Unido não é uma democracia plena. Além de ninguém ter votado em Charles para ser rei, o país conta hoje com sistema parlamentarista onde o povo só elege uma das casas, a Câmara dos Comuns. A outra metade do Parlamento, a Câmara dos Lordes, é completamente nomeada pelo monarca de plantão e tem cargos vitalícios.

Também o país não conta com uma Constituição oficial, sendo regido na realidade por um conjunto de leis básicas. O Reino Unido vive sob um regime com uma religião oficial, o anglicanismo, onde o rei é o chefe da igreja. Apesar das outras religiões terem liberdade para existir, o Estado britânico não é considerado laico.

Em nome da manutenção da aristocracia burguesa no poder, o povo britânico (e dos demais países que Charles é chefe de estado) é quem paga a conta da monarquia. A cerimônia deste sábado custou 600 milhões de reais em recursos públicos. Charles também herdou uma fortuna de 1,8 bilhões de libras esterlinas (11,4 bilhões de reais) e não pagou 1 centavo de imposto por isso.

Juventude começa a questionar a manutenção da monarquia

Apesar de tudo isso, cada vez mais pessoas vem questionando a monarquia. Hoje, quase 40% dos jovens dos países que compõem o Reino Unido não tem mais interesse no regime monárquico e querem um chefe de estado eleito. Os dados são da pesquisa Ipsos.

Nos últimos anos, o movimento republicano vem conseguindo superar a propaganda e as barreiras midiáticas da dinastia de Windsor. No entanto, continuam muitas dificuldades. Com o apoio dos monopólios de mídia, a família real tenta passar a imagem de ícone pop e tenta apagar o passado e o presente de exploração e espoliação de povos no mundo.

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