Profissionais da educação do DF realizam greve em defesa da valorização profissional. 35 mil trabalhadores se mobilizam pela aplicação do piso nacional do magistério na capital federal.
Samara Mineiro | Brasília
TRABALHADORES UNIDOS – No dia 26 de abril, a categoria de professoras(es) e orientadoras(es) educacionais do Distrito Federal decidiu entrar em greve. Em uma assembleia lotada, convocada pelo Sinpro-DF, os professores gritaram, do início ao fim, “GREVE JÁ!”. E é assim que a categoria, formada por mais de 35 mil trabalhadores, vem demonstrando grande disposição de luta.
Precarização da educação
Após oito anos de congelamento salarial, a realidade dos professores da capital do país é desesperadora. Professoras(es) e orientadoras(es) educacionais estão superendividadas(os) porque seus salários não estão sendo capazes de suprir necessidades básicas, como moradia, alimentação, transporte e lazer.
Além disso, temos hoje nas escolas uma realidade que preocupa a categoria: a maioria dos professores está trabalhando em regime de contratação temporária. O último concurso público realizado não é capaz de suprir a vacância de professoras(es) que estão se aposentando e nem a demanda da população, que está aumentando.
As salas de aula estão superlotadas, com casos em que há 45 estudantes por turma. Isso inviabiliza um ensino de qualidade e não permite que haja, de fato, uma inclusão dos estudantes com necessidades educacionais especiais nas turmas regulares.
Os servidores da educação também vêm recebendo um vencimento abaixo do piso nacional da educação, que é R$ 4.420,55. Atualmente, um professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal inicia a carreira com um vencimento no valor de R$ 4.228,56.
A luta da categoria de educação é pela reestruturação do Plano de Carreira do Magistério, que envolve diversos pontos, incluindo a incorporação ao vencimento da Gratificação de Atividade Pedagógica (Gaped) e de outras gratificações, diminuição dos padrões da carreira e cumprimento da meta 17 do Plano Distrital de Educação (PDE), que trata da isonomia da carreira magistério com outras carreiras de nível superior do DF (atualmente, de 29 carreiras, o salário dos professores é o quarto menor).
Governador não quer negociar
O governador Ibaneis Rocha (MDB), que esteve alinhado ao governo fascista de Jair Bolsonaro durante todos os anos deste, afirmou que iria radicalizar com a categoria caso ela entrasse em greve. O governador, que foi cúmplice dos atos golpistas do dia 08 de janeiro, mostrou-se bastante eficaz em agir contra os trabalhadores.
Mesmo diante das ameaças, a categoria se manteve forte e decidida em manter a greve que se iniciou no dia 04 de maio. Com uma assembleia cheia, os professores decidiram, nesse dia, pela manutenção da greve e pelo início do calendário de lutas.
A professora aposentada Doralice Lima expõe os motivos do movimento: “O governo apresentou uma proposta de reajuste de 18%. Se nós já estamos com quase 60% do salário defasado, 6% anual não vai fazer diferença alguma. Nós queremos também a reestruturação do plano de carreira. Os ativos, aposentados e contratos temporários são professores e todos temos direito de ter um salário digno”.
Ibaneis sancionou um reajuste aos servidores públicos do DF de 18% dividido em três anos, ou seja, 6% ao ano. Na prática, isso significa cerca de R$ 200 de reajuste no salário dos profissionais da educação e um aumento real de 1,25% no final dos três anos, descontada a inflação. Já para os cargos indicados por Ibaneis e para ele próprio, proporcionou um reajuste de 25%, que significa R$ 5.000 a mais, todos os meses, no salário do governador e de sua cúpula.
Matéria publicada na edição impressa nº271 do Jornal A Verdade.