Primeiro de Maio: dia histórico dos trabalhadores no mundo

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Conheça a história do Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora. No Brasil e no mundo, todos os anos, milhões de trabalhadores saem às ruas para defender seus direitos e a necessidade de se construir uma nova sociedade.

Felipe Annunziata | Redação


TRABALHADORES – No ano em que a imprensa operária no Brasil completa 165 anos, os trabalhadores se aproximam de mais um 1º de Maio histórico. Em 1858, trabalhadores das tipografias do Rio de Janeiro entraram em greve por melhores salários. Para tornar suas reivindicações conhecidas, eles passaram a publicar um periódico, que denunciava as péssimas condições de trabalho e os maus-tratos dos patrões.

Isso foi numa época em que o povo negro do Brasil vivia sob o jugo da escravidão. A classe operária nacional, ainda nascente, tinha que lutar junto com os escravizados pela liberdade e pelo salário. Na Europa e nos EUA não era diferente.

Foi em 1º de maio de 1886 que operários de Chicago, em greve pela jornada diária de 8 horas, foram brutalmente reprimidos pela polícia. Na ocasião, dezenas de trabalhadores foram mortos e feridos. Três anos depois, em um congresso internacional na França, foi instituído o 1º de Maio como o Dia dos Trabalhadores, em memória aos mártires de Chicago e em defesa das 8 horas diárias de trabalho.

Naquela época, trabalhadoras e trabalhadores eram submetidos a jornadas de 12, 14 ou 16 horas diárias. Crianças eram obrigadas a trabalhar em algumas indústrias já a partir de 6 ou 7 anos. As mulheres recebiam um salário muito menor que os homens e não havia qualquer tipo de direito quanto à maternidade. 

Da luta contra a escravidão à luta pelos direitos trabalhistas

No nosso país, esta situação era pior. Marcado pela exploração escravista, que até 1888 impunha um regime de superexploração, a pouca indústria que existia no país colocava condições absurdas de trabalho. Eram recorrentes casos de maus-tratos e falta de pagamento de salários.

Nesse período, os operários ex-escravizados e os filhos destes passaram a lutar também ao lado dos trabalhadores imigrantes, que chegavam ao Brasil para atender à demanda de mão de obra gerada pelo capitalismo nascente no país. Nas primeiras décadas do século 20, o governo passou a trazer italianos, portugueses, espanhóis e pessoas de outras nacionalidades. Este fluxo imigratório europeu tinha ainda o objetivo de “embranquecer” a população, pois o Brasil continuava a ser governado pelos descendentes dos donos de escravizados, que impuseram uma ideologia racista ao Estado e ao povo brasileiro.

Quando o 1º de Maio foi estabelecido como um dia internacional de luta, os trabalhadores brasileiros já tinham vencido a batalha de abolir a escravidão legal. Mas a escravidão assalariada continuava. A jornada de 8 horas foi tema das manifestações de 1º de Maio até a criação da CLT, em 1943.

Por uma sociedade sem exploração

No mundo, os trabalhadores também conquistaram mais direitos e, a cada 1º de Maio, novas pautas surgiam. Foi assim em várias partes, onde, após a conquista das 8 horas, a classe trabalhadora conquistou também direito à saúde e à educação públicas, à aposentadoria e às férias.

Outro fato foi fundamental para isso: a vitória da Revolução Socialista Russa de 1917. O socialismo na URSS e em várias partes do mundo possibilitou à classe trabalhadora alcançar padrões de vida nunca vistos antes.

Nos países socialistas o desemprego, o analfabetismo e a falta de moradia foram erradicados. Em alguns países, como a URSS, a jornada de trabalho foi reduzida para 7 horas diárias e uma segunda folga semanal foi instituída. Nestes locais, o 1º de Maio se tornou também um dia de comemoração.

A restauração capitalista dos anos 1980, no entanto, fez tudo isso acabar. O fim do socialismo nesses países acarretou um imenso retrocesso histórico e, então, a classe trabalhadora teve que recuperou o 1º de Maio como dia de luta por mais direitos.

Conquistas dos trabalhadores sob ameaça

Na segunda metade do século 20, o 1º de Maio se tornou símbolo das principais conquistas da classe trabalhadora brasileira. Desde que ele foi instituído, conquistamos o direito à jornada de 8 horas, à aposentadoria, férias e ao descanso semanal.

Mas tudo isso vem, ano a ano, sendo destruído pelos governos neoliberais e as elites bilionárias. Hoje a classe trabalhadora é submetida novamente a jornadas de 10 ou 12 horas para poder ganhar a mesma coisa que ganhava trabalhando 8 horas. São os casos de motoristas de aplicativo, professores, médicos e várias outras categorias.

Este é um dia histórico de unidade dos povos do mundo contra a exploração. Assim, a classe trabalhadora mundial se levanta ano após ano contra a exploração capitalista. Em 2023, a bandeira do 1º de Maio deve continuar sendo levantada pelos trabalhadores do mundo.

Matéria publicada na edição impressa nº 269 do Jornal A Verdade.