Sobre Enver Hoxha

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Conheça a história de vida de Enver Hoxha, dirigente comunista que lutou toda sua vida contra o capitalismo, o imperialismo e o revisionismo.

Igor Barradas | Redação RJ


HERÓIS DO POVO  – 39 anos se passaram desde a morte de Enver Hoxha. Em todo o mundo, os revolucionários criam e desenvolvem suas organizações marxista-leninistas com base em seus princípios de vida. Onde há comunistas em luta, o nome de Enver Hoxha surge como um guia para as atividades revolucionárias rumo à libertação dos trabalhadores. 

Na mesma medida, a burguesia, os capitalistas e os monopolistas de todo o mundo nutrem um ódio absoluto deste dirigente comunista, que foi responsável pela derrota do nazismo na Albânia e pela construção da ditadura do proletariado em um país que antes era dominado pelos senhores, pelo atraso. 

Como Hoxha esteve diretamente ligado à construção de um regime socialista em uma pátria anteriormente explorada, patriarcal e dominada por uma minoria de pessoas que não trabalhavam, é vítima de uma campanha furiosa de mentiras por parte dos exploradores.  Não é a toa: Enver foi líder da República Popular Socialista da Albânia, fundador do Partido do Trabalho da Albânia (PTA) e esteve a frente da luta antifascista de libertação nacional do povo albanês contra a ocupação nazifascista alemã e italiana.

Ele auxiliou a destruir o sistema capitalista na Albânia. Os trabalhadores conquistaram o poder político, aboliram a desigualdade social e implantaram um sistema de ditadura do proletariado. A burguesia precisava, dessa forma, tentar destruir a grande figura de Hoxha. 

Faremos um breve esboço biográfico de Enver Hoxha e desenharemos a importância de sua figura no confronto ideológico contra a burguesia e o revisionismo, buscando desmistificar a vida e a luta de uma das maiores lideranças revolucionárias que surgiram no último século.

Origens 

Enver Halil Hoxha nasceu na pequena cidade de Gjinokaster, no dia 3 de fevereiro de 1908.  Nessa cidade, concluiu o ensino fundamental. Depois foi estudar no ensino médio na cidade de Korçe e, mais tarde, prosseguiu os estudos universitários na França, na Faculdade de Filosofia. 

Ao tornar-se universitário, Hoxha escreveu para o jornal “L’Humanité”, importante periódico diário antifasicista francês. Elaborou matérias sobre a situação política de repressão na Albânia sob o nome clandestino de “Lulo Malësori”. Enquanto tentava permanecer na graduação, Hoxha enfrentava diversas dificuldades financeiras que o impediam de permanecer na universidade. Era um estudante pobre, assim como a grande maioria dos estudantes do mundo.

Devido a ausência de condições para permanecer na faculdade, foi obrigado a largar a graduação e começou a trabalhar no consulado da Albânia, na Bélgica. 

Em 1936, voltou ao seu país de origem, trabalhando como professor do Liceu de Korçe. Quando ele voltou, Zogu, um presidente fascista, estava no poder. O governo era totalmente defensor de Mussolini e do fascismo italiano. O Banco Nacional Albanês, por exemplo, tinha sua sede em Roma.

Hoxha foi demitido de seu emprego como professor após a invasão italiana fascista, recusando-se a entrar para o Partido Fascista Albanês. Após esse evento, abriu uma tabacaria em Tirana, que logo foi fechada pelo governo após se tornar um centro de reuniões dos comunistas na cidade.

Luta revolucionária

Enver lutou na guerra civil espanhola ao lado dos comunistas fazendo parte das “Brigadas Internacionais”. Participou, posteriormente, das manifestações e confrontos com o exército contra o regime do rei monarca Zog e contra a invasão italiana à Albânia, em 7 de abril de 1939. Ingressou no grupo comunista “Trabalho” e interveio ativamente na formação da Frente de Libertação Nacional, na qual atuou como primeiro comissário. 

Após a ocupação italiana no país, em abril de 1939, Enver foi enviado para a capital Tirana e, em pouco tempo, converteu-se em um importante dirigente do movimento marxista-leninista e da resistência antifascista.

Enver Hoxha como partisan em 1944. (Foto: Reprodução)

Partindo da premissa que a luta de classes não terminaria com a expulsão dos fascistas e de que os partidos comunistas são indispensáveis para organizar a revolução em cada um dos países, Enver Hoxha, junto com outros camaradas, fundou o Partido Comunista da Albânia (renomeado em 1948 como Partido do Trabalho da Albânia). Hoxha foi escolhido como um dos sete membros do Comitê Central provisório. 

Em 29 de novembro de 1944, a Albânia foi completamente libertada dos invasores fascistas. Após sua liberação, o povo realizou uma revolução socialista, liderada pelo PTA, tendo Enver Hoxha como principal dirigente do partido. Como é dito no livro Nosso Enver:

“Nesses anos difíceis, ele (Hoxha) liderou o recém-fundado Partido Comunista da Albânia (PKSH) com uma sabedoria única, assim como comandou o exército partisan com o talento de um grande estrategista para alcançar a dupla vitória histórica: a libertação do país e o estabelecimento do poder popular. Ele não conduziu a guerra a partir de escritórios e refúgios seguros, mas no meio do povo, à frente de todos os militantes, de batalha em batalha, na luta diária, usando o fuzil, a caneta e a dialética, tendo uma visão clara das coisas quando outros estavam cegos.”

Albânia Socialista

A Albânia era atrasada na época anterior à revolução. Com a tomada de poder pelo povo, Enver e o PTA estabeleceram o socialismo em uma luta tenaz contra a miséria, o desemprego, o analfabetismo, a escravização da mulher e o fanatismo religioso. Os revolucionários transformaram o país mais atrasado da Europa num país com economia planificada, sem monopólios, com igualdade de direitos do homem e da mulher.

O Estado proletário na Albânia combateu a propriedade privada dos meios da produção, dando um golpe no antigo Estado burguês e na exploração do homem pelo homem. A fome, portanto, deixou de existir na Albânia. 

Todos que trabalhavam comiam. Hoxha afirmou no 8º Congresso do PTA que isso ocorreu devido “à aplicação consequente do princípio marxista-leninista de contar com as próprias forças, a política orientada para a edificação de uma indústria moderna, apoiada na utilização das matérias-primas nacionais, e de uma agricultura capaz de garantir a alimentação do povo, a formação de um número suficiente de quadros técnicos e científicos, aptos a trabalhar em todos os sectores e a dirigi-los”.

A saúde pública também avançou muito. No texto Albânia: a terra onde floresce o socialismo – Exposição das vitórias alcançadas no 25º aniversário da revolução albanesa de 1944, é apresentado o expressivo crescimento da expectativa de vida do povo albanês. Em 1938, essa média era de 38 anos. Em 1960 e 1968, atingiu respectivamente 64 e 66 anos. 

Com a revolução socialista dirigida por Enver e o PTA, os comunistas estabeleceram o socialismo e acabaram com a miséria, o desemprego, o analfabetismo, a escravização da mulher e o fanatismo religioso.

A educação na Albânia socialista era libertadora. Buscava aperfeiçoar o conhecimento e a psicologia dos seres humanos de forma que combatesse os resquícios causados pela ideologia capitalista do tipo “pensar em si mesmo antes dos outros”. 

Em relação à educação na Albânia socialista, Hoxha apontou que:

“A educação do homem novo é uma das maiores conquistas do socialismo; é uma das garantias fundamentais do seu desenvolvimento ininterrupto. As tarefas históricas que defrontam o nosso Partido e o nosso povo para a edificação socialista do país e para fazer frente com êxito ao cerco e à pressão do mundo capitalista revisionista, exigem pessoas formadas e temperadas como revolucionários consequentes, dotadas em elevado grau de uma concepção do mundo e de uma ética marxista-leninistas, aptas a enfrentar a pressão das ideologias das classes exploradoras.”

Teórico e prático do comunismo

Hoxha estabeleceu a tarefa de criar, à frente do Partido do Trabalho da Albânia, uma sociedade sem exploração do homem pelo homem. Sabia, dessa forma, que sem conhecimento, estudo e otimismo revolucionário as coisas não marcham para frente. Como descreveu Ramiz Alia: 

“(Enver) conduziu a Albânia do arado de madeira à agricultura moderna, da forja primitiva à metalurgia, da lâmpada à óleo à eletrificação completa do país, do analfabetismo à universidade e à Academia de Ciências. Foi um empreendimento que, além de outras coisas, exigia conhecimento, coragem, determinação e persistência; exigia fé e convicção inabalável no futuro e um otimismo revolucionário.”

Portanto, para conquistar as vitórias necessárias, estudou profundamente a doutrina de libertação da classe trabalhadora. Foi um pensador perspicaz e um teórico brilhante, buscando sempre elevar a construção do Partido de vanguarda do proletariado e do socialismo. Em um discurso, falou sobre a importância da organização revolucionária baseada nos princípios teóricos da doutrina socialista:

“Os grandes educadores, Marx, Engels, Lênin e Stálin, ensinam-nos que na luta contra a burguesia, pelo triunfo da revolução proletária, a classe operária nada mais tem para opor à força da opressão e da exploração da ordem capitalista do que a força de sua organização de ferro e a sua consciência de classe. Mesmo depois da tomada do poder político, na obra de construção do socialismo e do comunismo, é graças sobretudo ao seu trabalho de organização e à sua ação revolucionária consciente que a classe operária consegue superar numerosos obstáculos e dificuldades.”

Hoxha escreveu numerosos textos sobre a organização partidária e o marxismo-leninismo, tais como Teoria e Prática da Revolução, As Massas Edificam o Socialismo, o Partido Fá-las Ganhar Consciência, A Democracia Proletária é a Democracia Verdadeira, A Luta Ideológica e a Educação do Homem Novo, Sobre o Significado Teórico e Prático da Organização, entre outros. Dizia sempre que a linha política e ideológica do proletariado deveria ser posta em prática a partir da teoria revolucionária. Somente dessa forma o Partido aceleraria e desenvolveria a consciência para a derrubada do velho mundo capitalista e pela substituição do novo mundo comunista.

Contra o revisionismo

Enver Hoxha também tomou para si a grandiosa tarefa de separar o joio do trigo no movimento comunista internacional. Ele travou uma batalha ideológica, política e teórica de forma incansável contra as diferentes formas de revisionismo e traição política. 

Hoxha denunciou teses que contrabandeavam a ideologia burguesa para o movimento operário, tais como o maoísmo, o trotskismo, o titoísmo, o revisionismo moderno e o social-imperialismo soviético. Por trás das concepções revisionistas, estava a burguesia à espreita. De um lado, os que queriam a revolução e o socialismo, do outro, os que buscavam atrasar o processo revolucionário.

Em 1960, desafiou Nikita Kruschev diante de dezenas de dirigentes comunistas do mundo inteiro. A partir do 20º Congresso do PCUS, em 1956, o revisionismo assaltou o poder na URSS e dirigiu uma onda de calúnias contra Stálin e o socialismo científico, alegando que agora o proletariado poderia chegar ao poder através de meios pacíficos. A respeito disso, Enver batalhou até o final de sua vida pela defesa do marxismo-leninismo e do legado de Stálin. 

Hoxha descreveu o maoísmo no livro O Imperialismo e a Revolução, dizendo que:

“O ‘pensamento Mao Tsé-Tung’ é um amálgama de concepções, onde ideias e teses tomadas de empréstimo do marxismo misturam-se com outros princípios filosóficos, idealistas, pragmáticos e revisionistas. Ele tem raízes na antiga filosofia chinesa e no passado político e ideológico da China, em sua prática estatal e militarista.” 

Por isso, Hoxha lutou contra teses revisionistas e ecléticas de Mao Tsé-Tung, no âmbito da dialética marxista, que faziam tratar as contradições entre o proletariado e a burguesia como contradições não antagônicas.

Refutou outras teorias estranhas ao marxismo, como a “Teoria dos Três Mundos” e a “A Nova Democracia”. A ideologia de Mao era semelhante à priorizada pelo revisionismo soviético: ambas iam contra a ditadura do proletariado e caminhavam para a colaboração de classes. Mao buscava a aliança do campesinato e do proletariado com a burguesia nacional e a pequena burguesia urbana.

Hoxha faleceu em 1985. Sempre foi um fiel defensor dos interesses do proletariado e do marxismo-leninismo. Seu exemplo inspira comunistas de todo o mundo a manterem alta a bandeira da revolução socialista e de um mundo novo, sem exploradores e explorados.