Reportagem de revista mostra conversas entre os coronéis Mauro Cid e Jean Lawand tramando ação golpista contra resultado eleitoral. No celular de cid foi encontrado arquivo também em que detalha plano para dar golpe de estado.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – O que aparenta ser um detalhamento do decreto golpista, encontrado em janeiro na casa do ex-ministro de Bolsonaro Anderson Torres, mostra como os fascistas pretendiam acabar com a democracia no Brasil. Prisão de ministros do TSE, nomeação de um interventor pelas Forças Armadas e a anulação do resultado eleitoral de 2022 são algumas das medidas que o governo Bolsonaro planejava em dezembro do ano passado.
A reportagem da Revista Veja mostra o documento de 3 páginas com o título “Forças Armadas como poder moderador”, onde o Alto Comando do Exército tomaria o poder com a nomeação de um interventor, a anulação das eleições a convocação de novas. O texto mostra como os fascistas tentaram organizar, de todas as formas que puderam, um golpe de estado no Brasil.
No aparelho de Mauro Cid aparecem também as conversas entre ele e o coronel Jean Lawand, subchefe do Estado Maior do Exército. Lawand, ao longo de dezembro do ano passado, pressiona Cid para que Bolsonaro desse a ordem para o golpe.
Em uma mensagem de áudio pelo Whatsapp a Mauro Cid, em 01 de dezembro de 2022, Lawand pressiona: “Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, cara. Convence ele [Bolsonaro] a fazer alguma coisa. Ele não pode recuar agora. Ele vai ser preso. O Presidente vai ser preso. E pior: na Papuda, cara.” Em resposta, Mauro Cid afirma que Bolsonaro não confia no Alto Comando do Exército para dar uma ordem de golpe. “Mas o PR [presidente] não poder dar uma ordem… Se ele não confia no ACE [Alto Comando do Exército]”.
No dia seguinte, as conversas entre Lawand e Cid fazem surgir um novo personagem na trama golpista: o general Edson Skora Rosty, subcomandante de Operações Terrestres do Exército. O general aparece numa mensagem de um amigo de Lawand que ele encaminhou a Mauro Cid em que o alto oficial afirma que “se o EB [Exército Brasileiro] receber a ordem, cumpre prontamente.”
Golpistas precisam ser presos
As mensagens encontradas no celular do ajudante de ordem de Bolsonaro mostram como o ex-presidente fascista está envolvido até a cabeça no plano de golpe de estado. Não é possível mais que a justiça ignore esta realidade.
Desde os atentados terroristas de dezembro, como a bomba no aeroporto de Brasília, até a invasão fascista de Brasília em 8/01, o plano do golpe vai se revelando. A ideia era criar uma interpretação golpista da Constituição para dar todo poder político aos militares.
A cada nova evidência, novo escândalo e nova prisão, fica difícil esconder o envolvimento de Bolsonaro e dos generais na tentativa de derrubar a democracia no Brasil. Assim como em 1964, os Alto Comando do Exército debatia abertamente como impedir que a vontade do povo nas eleições fosse cumprida. Bolsonaro, generais e coronéis golpistas precisam ser presos e punidos com todo o rigor.