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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Família de assessor de ex-reitor aparece em Folhas Secretas da UERJ

Investigação de jornalistas do UOL vem revelando indícios de desvio de verba da universidade em benefício de grupos políticos. Além de assessores da família Bolsonaro e figuras políticas do interior, a família do coordenador da campanha do ex-reitor para deputado teria recebido R$443 mil. O total desviado ultrapassa o milhão de reais.

Acauã Pozino | Redação RJ


BRASILDesde agosto do ano passado, vêm sendo apurados por jornalistas investigativos uma série de indícios de desvios de verba da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) para bolsistas-fantasma e/ou emprego de pessoas ligadas a figuras políticas graúdas do estado. 

A primeira reportagem, por exemplo, apontava indícios de que um dos projetos de extensão da universidade teria sido usado para indicação de assessores do deputado Rodrigo Basselar (PL), hoje presidente da ALERJ. Um dos  beneficiados teria chegado a sacar R$30.000,00 em espécie através de ordens de pagamento expedidas pela própria universidade.

O caso é de proporções tão escandalosas que o próprio Banco Bradesco (banco pagador do estado do RJ), que não vê nenhum problema em extorquir juros e empréstimos altíssimos do povo pobre, questionou a UERJ a respeito do motivo da movimentação de tanto dinheiro vivo em tão pouco tempo.

Campanha do ex-reitor aparece no esquema

A última reportagem, publicada no dia 2 de junho, mostra que as folhas secretas de pagamento também destinaram o dinheiro do povo para a sogra e a esposa do coordenador da campanha do ex-reitor nas eleições de 2022, quando se candidatou a deputado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A sogra, que trabalha como repositora no sul fluminense, recebeu mensalmente a bagatela de R$37.000,00 durante boa parte de 2022. Sua esposa, por sua vez, teria recebido durante 9 meses um total de R$91.000,00.

O próprio coordenador também recebeu cerca de R$31.000,00 via folhas secretas. Tudo isso enquanto os estudantes da graduação esperam há mais de um ano pela efetivação de alguns auxílios alardeados pela gestão “Orgulho de ser UERJ”, os servidores seguem sem plano de carreira  e 18 dos 19 campi/unidades externas da universidade não contam com bandejão, nenhum tem creche e vários sofrem com problemas estruturais.

Quem é o ex-reitor?

Ricardo Lodi foi eleito como reitor em 2019, numa eleição de chapa única marcada pelo chamado à unidade da comunidade acadêmica a fim de proteger a UERJ das intervenções que vinham sendo realizadas a torto e a direito pelo governo do ex-capitão Jair Bolsonaro (PL). Ocupou o cargo de 2020 até março de 2022, quando, um dia depois de ter nomeado como chanceler da universidade o governador fascista Claudio Castro (PSC), renunciou ao cargo para se dedicar à sua candidatura a deputado. No pleito, ficou como segundo suplente do PT, sendo reintegrado à universidade em 2023 como assessor especial da reitoria.

Foi, durante a gestão, um dos principais articuladores junto ao governo para a criação do projeto ECO (Escola Criativa de Oportunidades),  pelo qual supostamente recebiam a sogra e a esposa de Samuel Santos, seu coordenador de campanha, além do próprio. A gestão de Lodi foi marcada por um pico de injeção de dinheiro do governo do estado, que não cumpre o piso salarial dos professores, em projetos da UERJ. O orçamento aprovado para 2023 foi de R$4 bilhões.

Generosidade na distribuição de recursos

As investigações mostram que, quem quer que gerenciasse as tais folhas secretas, adotou uma postura realmente democrática. Também pela ECO, o suplente de vereador mageense Professor Gerson recebia a mesma bolsa de R$12.000,00, tendo sido um grande responsável pela campanha de Lodi na baixada fluminense.

Também pelo projeto ECO, o ex-vereador de São Pedro d’Aldeia Ediel do Espetinho (PL)  chegou a receber R$94,1 mil entre janeiro e outubro de 2022. Também estão implicados um ex-diretor do Centro Acadêmico Luiz Carpenter (do curso de Direito da UERJ) contratado pela reitoria em 2021, além do criador do aplicativo Bolsonaro TV (Rogério Cupti), por onde o ex-presidente fascista divulgava mentiras, notícias falsas e apoiava atos golpistas durante seu mandato. Rogério também foi assessor tanto de Carlos Bolsonaro quanto do próprio Jair.

Postura da UERJ favorece os ricos e corruptos

Apesar de estar perto de completar 1 ano do início das reportagens, só em maio deste ano a UERJ abriu uma sindicância para investigar as folhas secretas. No entanto, nesta sindicância foram nomeados vários servidores cujos nomes aparecem como envolvidos nos esquemas de desvio de dinheiro.

Em suas notas, a universidade tem buscado afirmar a integridade de seus projetos e processos de seleção sem, no entanto, ter começado a investigar de fato o ocorrido. Quando cobrada no Conselho Universitário a respeito das denúncias, a postura da reitoria foi de cortar microfones dos conselheiros, negar pedidos de questões de ordem e até de esclarecimento.

Os trabalhadores e estudantes devem se mobilizar para denunciar e cobrar a universidade para que investigue como e por que o dinheiro do povo está indo parar na mão de fascistas e pessoas que não prestam na realidade nenhum serviço à universidade, punindo os responsáveis e afastando-os.  É preciso construir, na luta, uma verdadeira unidade em prol dos interesses do povo, contra a unidade na corrupção e no mau-uso do dinheiro público.

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