Dados são de relatório das entidades Justiça Global e Terra de Direitos, divulgado no dia 14 de junho. No período foram registrados 169 assassinatos, dos quais um terço são indígenas. Politica fascista de Bolsonaro contribuiu para o acúmulo de casos.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – De acordo com a Justiça Global e Terra de Direitos, 1.171 pessoas foram violentadas por defenderem os direitos humanos entre 2019 e 2022. No relatório das duas entidades, constam assassinatos, agressões, perseguições, ameaças e outras formas de violência.
Entre os assassinatos chama a atenção a constatação de que, dos 169 assassinados, um terço são indígenas, mostrando o aumento da violência no campo contra os povos originários. Segundo o relatório também, a política do governo do fascista Bolsonaro de não demarcar terras indígenas, incentivar a mineração e o desmatamento ilegais contribuíram para os casos.
Outros dados que confirmam a análise é o fato da maioria dos assassinatos de indígenas estarem localizados nos estados da chamada Amazônia Legal, como Maranhão, Amazonas e Roraima.
Ameaças a militantes dos direitos humanos
O principal método dos criminosos que perseguem os militantes dos direitos humanos é a ameaça. O relatório da Terra de Direitos e da Justiça Global aponta que dos 1.171, quase metade são ocorrência de ameaças.
Esta é a forma que milicianos, traficantes, grupos paramilitares fascistas, grileiros, latifundiários e outros bandidos usam por ser mais difícil de causar uma repressão do Estado. A ameaça é um crime mais difícil de comprovar e que, em geral, coloca a vítima numa posição acuada quanto a decisão de denunciar.
Pará e Maranhão na frente
Dos 1.171 casos de violências, os dois estados que lideram são Pará (143) e Maranhão (131). O caso do Maranhão chama a atenção. Isto porque durante o governo Bolsonaro, o estado tinha como governador o atual ministro da Justiça Flávio Dino (PSB-MA).
Dino tem tido uma atuação muito destacada no ministério do novo governo Lula. Principalmente no que diz respeito às prisões dos bandos fascistas que atacaram Brasília em 8 de janeiro. No entanto, o atual ministro ainda não conseguiu explicar como que, durante seu mandato no Maranhão, não conseguiu dar fim aos mesmos bandos fascistas de grileiros e madereiros que assassinaram e atacaram indígenas, quilombolas e outros militantes dos diretos humanos.
O caso do Pará não é muito diferente. Hoje o estado é o centro econômico e logístico do chamado “arco do desmatamento”. Durante a maior parte do governo Bolsonaro foi o Pará quem liderou a lista de estados que mais desmatam.
Esse fato está diretamente ligado às violências aos defensores dos direitos humanos. Aqui também se destacam os ataques aos indígenas. O estado nortista é uma das principais unidades da federação com áreas indígenas demarcadas ou em processo de demarcação. Também é por lá que passam as principais rotas de exportação dos bandidos da mineração da do desmatamento ilegal.
É preciso enfrentar o fascismo para reverter o cenário
Os dados apresentados neste dia 14 mostram que o avanço da política fascista no Brasil possibilitou essas violências. Aqui, o fascismo tem no mineradores ilegais, nos madereiros e “empresários” do tal agronegócio uma de suas principais bases sociais.
São esses criminosos quem armam e financiam as milícias golpistas que atacaram Brasília e atuam espalhadas pelo interior do país. Não é a toa que eles vêem nos indígenas, quilombolas e lutadores dos direitos humanos um dos seus principais inimigos. Afinal, estas pessoas desafiam a política fascista de destruição do meio ambiente e das culturas locais que esses agentes do fascismo querem impor ao país.
Só com um enfrentamento direto aos interesses e as fontes de financiamento destes criminosos poderemos reverter este cenário. Enquanto as quadrilhas fascistas alojadas no campo e na cidade não forem reprimidas e desmanteladas toda e qualquer pessoa que defenda os direitos básicos do povo estará sob risco destas violências.