Desaparecimento e assassinato do pedreiro Amarildo de Souza completa 10 anos hoje (14). Política de morte das polícias do Rio continua tirando milhares de vidas todos os anos. Até as crianças são vítimas das ações policiais.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – 12 PMs condenados, 6 expulsos, ninguém preso e todos trabalhando na Polícia Militar do RJ. Este é o resultado, até agora, do chamado Caso Amarildo, ocorrido em 14 de julho de 2013 e que hoje (14) completa 10 anos.
Amarildo de Souza era pedreiro e morador da favela da Rocinha, na Zona Sul carioca, pai de 6 filhos e esposo de Elizabete de Souza, que até hoje luta por justiça para seu marido. O seu desaparecimento e assassinato ocorreu na sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha.
A investigação criminal concluiu que Amarildo foi espancado e torturado até a morte pelos policiais militares que depois desapareceram com seu corpo, que até hoje não foi encontrado.
O desaparecimento de Amarildo escancarou a realidade da violência de Estado no Rio de Janeiro. PMs pegaram sem nenhuma justificativa um morador e trabalhador e simplesmente o torturaram e assassinaram.
10 anos depois, a onda de assassinatos e desaparecimentos cometidos pelas polícias do RJ continua. Só no ano passado, 1.327 pessoas foram mortas por policiais, a maioria das pessoas sempre consideradas “suspeitas”, que é a forma da PM e da Polícia Civil conseguir escapar de qualquer investigação.
Até crianças são vítimas das ações policiais do Rio
O último caso ocorreu nesta quarta (12), quando o menino Djalma de Azevedo, de apenas 10 anos, foi morto por um tiro de fuzil, no município de Maricá, na Região Metropolitana. O menino estava a caminho da escola quando um suposto confronto em PMs e traficantes ocorreu, na comunidade Inoã.
A morte de crianças inclusive é uma constante nas ações policiais no RJ. Segundo a ONG Rio de Paz, em 2023, 1 criança é assassinada em operações policiais por mês. O menino Djalma é a 8ª criança assassinada neste ano.
Como reação a morte de Djalma, centenas de moradores e trabalhadores de Inoã foram às ruas protestar por justiça, repetindo o roteiro que vemos em todas as favelas e bairros de periferia do Rio de Janeiro. A polícia chega, assassina moradores e a comunidade se mobiliza para denunciar a situação e os governos ficam sem fazer nada.
O povo do Rio de Janeiro vem nestes anos todos, desde muito antes da morte de Amarildo, em 2013, mostrando enorme resistência às violações aos direitos cometidos pelas polícias. A luta do povo pobre do estado do RJ por verdade, justiça e dignidade nunca parou. A cada assassinato, a cada pessoa desaparecida, agredida pelas forças de “segurança” do Estado, o povo se levanta para denunciar.
Junto da pergunta que fazemos há 10 anos “Cadê o Amarildo?”, fazemos uma afirmação: justiça para Djalma Azevedo e todas as crianças, mulheres e homens assassinados pela política de morte do governo do Rio!